Capítulo
74 - Tragédia
A habilidade e
agilidade de Mulan eram inquestionáveis. A chinesa deu uma estocada que deixou
de acertar Harry por questão de centímetros. O pobre rapaz, atordoado, não
apenas estava em desespero devido à luta, como também por seu coração partido.
Ele não entendia o que estava acontecendo.
— Mulan! — Ele se exasperou. —Por favor, pare! — Havia
lágrimas nos olhos dele.
Mulan, por sua
vez, deu uma nova investida, que passou ainda mais perto de Harry do que a
anterior.
Por sorte, ele
se esquivara para o lado direito no segundo anterior.
O duende
parecia mais deliciado do que nunca, assistindo à batalha que se desenrolava
diante de seus olhos. De forma bastante psicopata, ele cantarolava uma
divertida canção enquanto os dois pombinhos batalhavam.
— Mulan! Por favor!
Você precisa vencer esse encantamento! Eu sei que você é mais forte do que
isso! — bradou Harry, abaixando-se enquanto a espada de Mulan ficava cravada em
uma árvore.
Os pensamentos
de Mulan estavam a mil. Ela não conseguia controlar o corpo, e sua mente
parecia também cada vez mais entorpecida.
Um momento
depois, ela olhava para um estranho. Um estranho que deveria ser eliminado.
A chinesa
retomou o ataque com força redobrada. Dessa vez, Harry pôde ver toda a raiva
irracional contida nos olhos escuros dela. Ele soube, então, que seu fim estava
próximo.
Mulan era a
espadachim mais excepcional com quem Harry já se deparara. Ele, por sua vez,
não passava de um mero aspirante a cavaleiro. Como parecia tolice, naquele
momento, pensar em guerrear para salvar donzelas e reinos de ameaças maléficas.
Uma burrice sem precedentes, em especial para alguém sem talento como ele.
Harry assistiu
amargurado a espada de Mulan acertar-lhe o ombro. O impacto foi monstruoso, e a
espada dele tombou ao chão, manchada pelo sangue do talho profundo aberto em
sua carne.
Ele pulou para
trás para fugir de um golpe certeiro que arrancaria seu pescoço, nada mais
fazendo do que adiar seu fim por apenas alguns segundos, uma vez que a dor de
bambear os pés o fizeram cair.
Ele olhou para
o primeiro amor que tivera em toda sua vida e fechou os olhos, aguardando pelo
golpe final.
Harry sentiu
um frio intenso que imaginou ser a morte o envolvendo. Ele esperou por qualquer
coisa que imaginasse ser sua chamada para o mundo dos mortos, como uma dor
lancinante, uma luz, sua vida passando diante dos seus olhos ou uma calma
desproporcional e inabalável.
Contudo,
apenas continuou sentindo a dor no ombro, o medo e desespero em seu âmago, e a
tristeza em seu coração.
E um frio de
congelar os ossos.
Harry abriu os
olhos e os arregalou imediatamente depois. Mulan estava diante dele, a espada
erguida no alto, congelada. Na realidade, o gelo descia pela espada d envolvia
os braços e pés de Mulan, que se debatia em desespero.
Ele olhou para
o alto a tempo de ver uma grande criatura descendo na direção da clareira,
carregando em seu lombo Jack Frost, Louis e Taylor. Harry já ouvira Liam
tagarelar sobre aquela criatura. Era um hipogrifo, do qual Frost lançara uma
magia que congelada Mulan em sua posição atual.
O duende,
furioso, inflamou-se de fúria.
— Não! — os
olhos dele flamejaram.
Rapidamente,
um raio saiu da mão dele, envolvendo a clareira em chamas azuis, antes que o
grifo pudesse pousar. A criatura foi obrigada a levantar vôo e se afastar, impedindo
a chegada da ajuda de Taylor, Louis e Frost.
Jack tentou
lançar alguns feixes de raio gelado, mas o fogo era tão quente que, ao se
aproximar, a magia se dissolvia.
O hipogrifo
viajou para o alto alguns metros, pousando um pouco além da clareira.
— É muito
quente. — declarou Jack ao pousar. — Não vamos conseguir atravessar.
— O que
podemos fazer? — indagou Taylor.
— Temos de
tentar atraí-lo para fora. O duende. Se conseguirmos distraí-Lo ou machucá-lo,
talvez o fogo se apague, e aí poderemos ajudar Harry! — Louis proferiu.
— E como
podemos fazer isso? — Taylor não conseguia pensar em nenhuma maneira de fazer
aquilo.
— Não há nada
que vocês possam fazer quanto ao poder dele. — uma voz desconhecida se elevou
por trás de todos.
Louis se virou
para encarar um outro duende, bastante diferente daquele que vira na clareira,
descendo por um... Arco-íris!
Como se não
bastasse aquela surpresa, logo atrás dele vinham Liam e Niall. Eles correram
até os amigos assim que pisaram no chão, depois de descer de uma nuvem fofa ao
fim das sete cores que compunham o arco.
— Louis!
Taylor! — exclamou Niall.
— O que está
acontecendo? — Liam perguntou. — Vimos vocês de cima do arco-íris. E Harry e
Mulan, por que estão lutando?! E quem é você? — perguntou o fazendeiro, dirigindo-se
a Jack Frost.
— Não temos
tempo para apresentações! — Louis disparou. — Você! — ele virou-se para o
duende que acompanhava Niall e Liam. — Você conhece aquela criatura na
clareira?!
— É claro que
sim! — o duende confirmou. — Mas não ouso proferir o nome dele! Se ele
descobrir que eu sei como ele se chama, estarei morto!
Louis olhou
para seus colegas, depois novamente para o duende.
— Você acha
que isso o deixaria furioso?! — perguntou o cavaleiro.
— Eu não acho,
eu tenho certeza!
Louis
estreitou os olhos.
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O fogo
rapidamente começou a derreter o gelo em torno da espada, braços e pés de
Mulan. O duende dia deliciado com o fim que se aproximava para Harry.
"Harry
Styles", ele se lembrou das palavras da adivinha, antes que ele a matasse
pelo ódio a sua previsão, e por ela ter adivinhado seu nome. "Diante desse
nome, você irá perecer. Será o seu fim, Rum..."
"pelstiltskin.",
uma outra voz pronunciou, muito mais perto de Rumple do que ele gostaria.
O duende virou
os olhos, tentando enxergar além do fogo. Era de lá que o som viera. As
labaredas, no entanto, estavam altas e densas demais para que ele visse alguma
coisa.
Rumple olhou
para Harry ferido ao chão, e para o gelo derretendo rapidamente ao redor de
Mulan. Certo de que o fogo manteria os dois ali, e de que Harry não tentaria
atacar a chinesa, o duende atravessou o fogo a fim de encontrar aquele que
pronunciara seu nome.
Harry, ferido,
a visão um pouco turva devido à dor do ferimento, reuniu todas as suas forças
para se erguer do chão.
Ele olhou ao
redor, para o fogo, mas não pretendia fugir.
– Mulan... –
ele se aproximou dela, delicadamente envolvendo as bochechas de Mulan com as
mãos.
O gelo em
torno dos braços dela ainda não derretera completamente. Mulan conseguia se
mexer, contudo, embora muito pouco. Ela desviou o olhar de Harry, lutando para
abaixar a espada na direção dele, sem sucesso.
– Mulan... –
os olhos dele se encharcaram. – Por favor... Você não pode se esquecer de mim.
Você não me odeia.
Ela ainda
continuava se mexendo, a raiva evidente em seu rosto. Ela fechou os olhos e
começou a forçar o corpo com mais intensidade. O gelo derretendo sobre a cabeça
dela começou a molhar o rosto de Harry.
– Olhe para
mim... – ele pediu delicadamente. Como ela não mudou de expressão, a voz dele
saiu desesperada. – Por favor, olhe para mim!
Mulan o
encarou, os olhos escuros exalando ódio.
O coração de
Harry quase ficou totalmente partido.
– Eu sei que
essa não é você. – ele falou, se prolongando. O terreno ficava cada vez mais
perigoso à medida que o calor escaldante ia derretendo o gelo. – É um feitiço.
E eu posso ser um grande idiota, mas se existe uma certeza que eu tenho nessa
vida, é que eu amo você, Mulan, e nada pode mudar isso. E eu sei, sei mesmo, que
bem lá no fundo, você... Você também me ama.
A expressão
dela pareceu vacilar por alguns poucos milésimos de segundos, tempo curto
demais para qualquer pessoa desinteressada reparar em uma hesitação. Harry, no
entanto, estava apaixonado.
E aquilo foi o
suficiente para ele ter certeza.
Dando um
sorriso que mesclava esperança e felicidade, Harry beijou Mulan, no exato
instante em que os braços dela conseguiram ter mobilidade novamente.
Uma grande
energia, tendo como epicentro o casal, se espalhou pelos lados, apagando o fogo
de Rumple e se estendendo quilômetros floresta adentro.
As pernas de
Mulan bambearam e ela caiu. Harry, colado junto dela, impediu-a de atingir o chão.
Quando eles se encararam, ele mostrou o sorriso mais bonito que Mulan jamais
vira.
– Seus
olhos... – ele falou. – Eles voltaram. – uma lágrima saiu dos olhos dele. –
Você voltou pra mim.
Os olhos de
Mulan também se encheram de lágrimas. Harry imaginou que ela fosse pedir
desculpas, ou perguntar se ele estava bem, ou mesmo se levantar e retornar para
a batalha, o que combinava bastante com a personalidade dela. No entanto, a
reação de Mulan pegou-o de surpresa:
– Eu te amo,
Harry. – ela disse, evidentemente emocionada.
Os dois se
abraçaram, e aquele breve segundo, para os amantes, pareceu durar uma
eternidade. Mais uma vez, a maior das magias brancas reinava sobre as trevas.
Uma vez
afastados, Mulan olhou calorosamente para Harry por apenas mais outro segundo
antes de desviar a atenção.
Ela estava de
volta, e não deixaria barato para a criatura que quase a fizera matar seu
verdadeiro amor.
As
sobrancelhas de Mulan se uniram enquanto ela se levantava, as mãos dadas com
Harry. Olhando ao redor, ela identificou, alguns metros à frente, uma espécie
de batalha acontecendo: Fogo e gelo se encontravam constantemente, e Louis,
Liam, Niall e Taylor corriam para todos os lados, escondendo-se atrás das
árvores.
Então os olhos
da chinesa identificaram a figura do duende.
E ela caminhou
naquela direção.
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Rumple
investiu outra vez mais contra os rapazes. Uma bola de fogo cortou o ar na
direção de Niall, que apenas não foi acertado devido à velocidade de Jack Frost
ao formar uma barreira gelada à frente do ferreiro.
Niall respirou
aliviado quando a bola atingiu a parede de gelo e, embora esta tivesse
derretido em seguida, ao menos também fizera com que a bola se desintegrasse.
Rumple estava
farto de Jack Frost. O astuto guardião movia-se rapidamente, montado em seu
grifo. Ele precisava se livrar daquele inconveniente, e depressa.
O maligno
duende saltou para os céus. Jack logo foi atrás dele, o grifo voando para além
das copas das árvores. Era a chance de detê-lo em um espaço mais aberto.
No alto,
contudo, ele não encontrou ninguém. Quando olhou para baixo, Jack enxergou o
duende sorrindo para ele. Em seguida, um vulto passou pela lateral de seu
rosto, fazendo um corte em sua bochecha esquerda.
Jack se virou
a tempo de ver uma série de galhos no formato do corpo de Rumpelstiltskin investirem
contra ele mais uma vez. Desprevenido, no entanto, ele não conseguiu desviar
totalmente a tempo, de forma que seu grifo foi atingido na asa esquerda e,
soltando um guincho de dor, começou a perder altitude.
Jack tentou se
soltar do grifo, mas um cipó enrolado em um dos galhos encantados enrolou-se
entre ele e o apoio da cela do hipogrifo, de forma que o guardião ficou
completamente preso.
Caindo
inevitavelmente, Jack construiu um escorregador de gelo para amenizar a
descida. Rumple, no entanto, que jogava bolas de fogo em Taylor, Louis e Liam,
não perdeu tempo e derreteu o escorregador enquanto Jack e o grifo ainda
estavam na metade do trajeto até o chão.
O resultado
foi que o grifo caiu sobre Jack, quebrando uma das pernas do guardião e
imobilizando-o.
O grito de
Frost eoou pelas florestas até as montanhas, onde Elsa enregelou ao escutá-lo.
Dentro da fortaleza, o eco também chegou aos ouvidos de Gandalf, que acordou
assustado.
Niall
correu até Jack, na tentativa de livrá-lo do peso do grifo desacordado. No meio
do caminho, contudo, ele tropeçou, os pés enroscados – não, segurados – por plantas.
Ele olhou na
direção de Rumpelstiltskin, que o olhava ferozmente, o sorriso maldoso.
O duende
preparou uma bola de fogo e jogou-a no ferreiro.
– NÃO! –
gritaram Liam e Louis em uníssono.
Niall tapou os
olhos com uma mão, a outra estendendo-se de forma inútil a fim de se proteger
do fogo que iminentemente o atingiria.
Ou talvez nem
tão iminentemente assim.
Um sopro
poderoso de uma força desconhecida varreu a floresta, apagando a bola de fogo
lançada por Rumple.
Tomado pela
fúria, ele ignorou a origem da força desconhecida e voltou a atacar Niall. No
entanto, a breve distração havia sido suficiente para que Louis pudesse chegar
até o amigo.
Com um golpe
de sua espada, ele desviou a bola para o lado. A lâmina da arma ardeu ao
contato do fogo, adquirindo um tom avermelhado.
Rumple rugiu,
fuzilando Louis com o olhar. A julgar pela expressão do rapaz, ele devia ser
uma espécie de líder. Talvez fosse melhor eliminá-lo primeiro.
Ele jogou mais
três bolas de fogo, todas desviadas rapidamente por Louis. Ele era ágil e
habilidoso, observou Rumple. Precisaria haver um ataque mais elaborado para
pegá-lo desprevenido.
Um barulho à
esquerda do duende chamou a atenção da criatura. Ele se virou rapidamente para
ver Taylor tentar abordá-lo num golpe surpresa. Com um leve movimento de sua
mão, o príncipe foi lançado pelos ares, parando ao bater em uma árvore metros à
frente.
À direita de Rumpelstiltskin,
Liam jogou pedrinhas na cabeça do duende que, irritado, fez com que uma grande
pedra se erguesse e começasse a perseguir o fazendeiro, que saiu correndo,
atordoado.
Rumple riu,
voltando-se para Louis enquanto este estava tentando cortar os cipós que
envolviam os pés de Niall.
– Esse é o
melhor que você e sua trupe de idiotas conseguem fazer? – ele gargalhava, a
expressão de um louco em deleite. – Idiotas! Eu não sei como vocês descobriram
o meu nome, mas eu vou acabar com essa brincadeira toda rapidinho! – ele exclamou,
preparando uma bola de fogo maior e mais quente que todas as outras. – Adeus,
meu jove...
Rumple não conseguiu
terminar a frase. Ele sentiu uma forte dor no peito e, ao olhar para baixo,
observou com espanto o pedaço de lâmina que atravessava seu corpo de um lado a
outro.
A lâmina foi
puxada, provocando uma dor lancinante dez vezes pior do que a anterior.
Rumpelstiltskin
levou a mão ao buraco em seu peito, virando-se lentamente para trás, os olhos
arregalados.
Primeiro ele
viu a espada encharcada com seu próprio sangue. Depois, ele viu sua agressora.
Mulan.
Atrás dela, a
aproximadamente dez metros de distância, Harry o observava, a pele vermelha
pelo calor a que ficara submetido. Os olhos do rapaz exalavam uma frieza que
jamais haviam transmitido anteriormente em toda sua vida.
Rumple, no
entanto, não se demorou muito em Harry, fixado seu olhar na chinesa que fora
responsável pelo golpe fatal.
– Não... – ele
balbuciou, seus joelhos dobrando-se e fazendo com que ele caísse no chão.
Nada estava
claro para Rumpelstiltskin. A profecia da vidente não poderia estar se
concretizando, poderia? Afinal, não fora Harry que acabara de golpeá-lo.
– Isso foi por
Harry. – disse Mulan, a expressão sombria.
Em um
movimento rápido, ela cortou a cabeça do maligno duende, a qual rolou para o
lado antes de o corpo de Rumple se estatelar no chão.
Ao tentar se
esquivar de seu destino, Rumpelstiltskin o escrevera de acordo com a profecia
da adivinha.
Trágico.