A carona com
Harry foi maravilhosa. Rimos e contamos piadas, principalmente sobre Parker.
Percebi que não chamava mais Parker de Tom... Estava realmente começando a
gostar cada vez menos dele.
Saí para
trabalhar, e minha tarde pareceu não acabar. Por mais que tentasse me
concentrar, só conseguia pensar em Harry.
Repreendi a
mim mesma. “Você deveria tomar mais cuidado, você sabe que ele pode estar
jogando com você.”
Mas Harry não
parecia estar jogando. Não mesmo. Fiquei pensando nisso muito tempo. Quando saí
do meu trabalho, meus pensamentos ainda pairavam sobre essa questão. Andava
calmamente pela rua quando de repente um conversível vermelho parou à minha
frente.
Era Harry.
Claro.
– E então, que
tal um passeio? – Ele abaixou levemente os óculos escuros que estava usando.
– Passeio,
para onde?
– Uma
surpresa...
Topar... Não
topar... Eis a questão. Mais uma vez me vi cercada por um dilema: Queria ir com
Harry, mas não queria ser mais uma garota a ser levada para um passeio...
Tentei ser
racional, mas... O que eu poderia perder? Ah, era só um passeiozinho, nada de
mais...
Entrei
no carro. Harry pisou no acelerador e disparamos rumo ao desconhecido das ruas
de Dublin.
Enquanto
íamos, mais uma vez conversamos e rimos muito. Harry então decidiu ligar o
rádio. “PLIC”. Tocava uma música
da Alexandra Stan:
Hey, sexy boy, set me free,
Don't be so shy, play with me,
My dïrty boy, can't you see
You are the one I need.
You make me this,
Bring me up,
Bring me down,
Playing sweet,
Make me move like a freak
(Mr.
Saxobeat)
Eu e Harry nos olhamos. Eu
deveria estar vermelha como um pimentão, e ele também estava assim. Meu dedo
foi até o rádio para mudar de música, porque aquele clima romântico era... um
pouco demais. Meu dedo esbarrou acidentalmente no dedo de Harry, que também
estava indo trocar a música. Olhamos um para o outro de novo... um... dois..
três segundos! Nossos rostos se desviaram ao mesmo tempo, acanhados, um olhando
para cada lado, ansiosos, e Harry apertou o botão.
“PLIC”.
Let’s play a love game, play a love game…
Olhamos
um para o outro novamente. Levei o dedo ao botão.
“PLIC”.
And can you feel the
love tonight (tonight)...
Harry
olhou para mim, sorrindo um sorriso envergonhado e irritado ao mesmo tempo.
“PLIC”.
Want you to make me
feel, like I'm the only girl in the world…
“PLIC”.
I, I love you like a love song baby…
“PLIC”.
Kiss me, k-k-kiss me, infect me with your
love and feel me with your poison…
Harry
abafou um grito de irritação antes de falar:
– Ah, já sei uma rádio que não
toca músicas de amor! – Ele apertou o botão novamente e:
Womanizer, woman-womanizer, you're a womanizer,
oh, womanizer, oh, you're a womanizer, baby…
– Tá de zoação, né? – Ele falou baixinho.
– O quê? – Falei só pra confirmar.
– Nada, nada... – Ele tentou mudar de assunto e desligou o rádio. –
Acho melhor desliga-lo... Essas músicas estão me dando... dor de cabeça.
A última música me fez lembrar
de que deveria tomar cuidado com Harry, porque ele era realmente um grande
mulherengo.
Ficamos caldos até chegarmos a
um restaurante: “Coeurs Frits”, Corações Fritos em francês.
– Surpresa!
– Uau! – Saímos do carro,
enquanto ele me dirigia gentilmente até o restaurante.
Harry já havia reservado uma
mesa para nós.
– Como sabia que eu viria? –
Questionei-o.
– Intuição... – Ele sorriu. Será
que ele sempre trazia as garotas àquele restaurante?
Nos sentamos e fizemos o pedido. Enquanto aguardávamos o pedido,
observei o ambiente. Era tudo tão chique, tão elegante. E... quem era aquela
pessoa ali na mesa encostada na parede? Era a Beyoncé?!
Quando dei por mim novamente, Harry me observava, o queixo apoiado numa
das mãos.
Ficamos assim, nos encarando por um bom tempo... Aqueles olhos que eu
não sabia se eram verdes ou azuis estavam me deixando maluca... Eles eram
hipnóticos... Não, não! Tinha de ficar presa à realidade! Mas era tão
difícil...
– Sabe... Ele começou... Fico muito nervoso quando estou perto de
você... – Olhei bem fundo em seus olhos, surpresa. Ele parecia estar sendo
sincero.
Comecei a ruborizar.
– Eu também fico... um pouco... – Parecia que tudo o que eu dissera
saíra da boca de outra pessoa. Eu estava tão perto, e me sentia tão longe dele.
– Você sempre fica vermelha quando eu falo essas coisas...
Senti-me ficar vermelha de novo. Ele riu. Depois mudamos um pouco de
assunto, assim que a comida chegou, passando desde elogios aos pratos até falar
de nossas famílias.
– Então você tem duas irmãs? – Ele perguntou curioso.
– Sim, uma delas é veterinária... A outra estava na Amazônia
protestando contra a devastação...
Aí passamos para a parte das histórias...
– E aí o Louis pediu umas cenouras... Mas nós compramos batatas e
pintamos com corante laranja, e dissemos pra ele que eram cenouras da Malásia,
as melhores que existiam, e ele comeu tudo! Disse que eram as melhores que ele
já comeu, e não sabe que está competindo com o Niall até hoje...
– Hahahaha! Hilário!
Depois da refeição, houve música. Harry fez questão de me levar para
dançar.
– Eu... Eu não sei dançar... – Falei, tímida.
– Não tem problema, eu também não sei. – Ele sorriu e me estendeu a
mão. Como eu não dei sinal de que iria me levantar, ele agarrou meu braço e me
puxou até a pista.
Depois de umas quatro músicas... e uns quarenta pisões no pé, eu virei
uma excelente dançarina.
Dançamos Party Rock, Hangover, What Makes you
Beautiful e Rolling in the deep. Eu jamais vira um restaurant chique
com pista de dança, muito menos um que tocasse essas músicas, mas...
Então o DJ resolveu tocar uma
música lenta. Harry pôs a mão na minha cintura, e começamos a dançar uma
espécie de valsa, ao som de When I look
at you.
Olhávamos nos olhos um do outro, e Harry tinha um sorriso suave nos
lábios. De novo os olhos dele brilhavam, enquanto as luzes diminuíam e se
acendiam flashes coloridos por toda parte.
Estava cada vez mais difícil focar nos meus pensamentos. Tentei
desesperadamente resgatar minha parte racional, mas ela já estava se esvaindo.
O rosto dele foi chegando muito perto, e meus olhos se fecharam.
When I look at you...You appear, just like a
dream to me…
Mas a música acabou e começou a tocar Judas, de Lady Gaga. Com isso, meu cérebro explodiu. Estava indo
tudo rápido demais! Mais uma vez fiquei assustada que aquilo fosse um jogo.
Afastei-me bruscamente antes que nossos lábios se tocassem, e saí
correndo do restaurante, frustrada, nervosa e confusa.
Harry pagou a conta correndo e, sem entender nada, correu até mim.
– O que foi?! Está tudo bem.
Balancei a cabeça:
– Sim... Não... Não sei! Por favor, vamos voltar para o hotel...
Ele concordou com um aceno de cabeça e entramos no carro. Ficamos
calados quase o caminho todo. No final do trajeto, ele resolveu cortar o
silêncio:
– Qual é o problema?
Eu não estava mais aguentando.
– Harry, como posso saber que você não vai me usar como um lenço de
papel?
Ele não pareceu ofendido com o que eu disse.
– Olhe, sei que meu status não me ajuda muito, mas, por favor, você tem
que acreditar em mim! Eu gosto MESMO de você!
Olhei para ele, tinha vontade de chorar, de tão nervosa. Chegamos ao
hotel. Ele parou no estacionamento e eu saí do carro correndo. Ele me seguiu.
Entrei no elevador.
– Espera! – Ele gritou, e conseguiu me alcançar.
Olhei para ele, enquanto ele dizia:
– Sei que está confusa, mas... Poderia ser minha acompanhante no baile
em homenagem ao aniversário do presidente amanhã?
Não sabia mesmo o que responder. Pensava furiosamente. O elevador
estava chegando a seu destino, e a expressão de Harry suplicava por uma
resposta.
Então, eu ouvi a música.
It’s a love story,
baby just say yes...
E encarei como um sinal.
– Sim.
Ele abriu um sorriso de orelha a orelha.
– Nos encontramos lá as oito, ok?
– Ok.
“Ok.”
“Ok.”
“Ok.”
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