sábado, 14 de julho de 2012

Capítulo 8 - Paixão


Os outros dois dias seguintes foram como aquele. Flashes, conferências e nenhum pretendente. Eu havia pedido café a almoço no quarto nos últimos dias, e nos jantares o 1D não estava presente, para minha sorte, porque estavam indo a eventos. Também não houve sinal nenhum de Tom.
Aquela manhã chequei minha agenda. Não tinha nada para eu fazer! Uau! Que maravilha! Aquele seria um dia de folga, e eu sabia exatamente o que fazer: sairia pelas ruas para conhecer um pouco a cidade. Mas sem seguranças, sem flashes, e sem acompanhantes.
Para isso precisaria de um disfarce. Bem, não um “disfarce”, mas uma roupa discreta que não permitisse minha identificação imediata, e que ao mesmo tempo fosse uma roupa de passeio.
Para isso escolhi um jeans básico, uma batinha simples, tênis, um óculos escuro – apesar de eu não gostar nem um pouco de óculos escuros – e um chapéu que envolveria meus cabelos presos em um rabo de cavalo baixo não muito bem arrumado.
Na decida até o restaurante, meu coração disparou: Os Directions estavam tomando café-da-manhã, todos juntos, numa mesa bem próxima.
Bem, tomei folego e segui em frente, fingindo que não estava nem um pouco nervosa. Se eu passasse por eles sem ser percebida, talvez conseguisse o mesmo com todos os outros.
Sentei-me numa mesa relativamente perto, de lado para eles, para também não dar muito na vista que estava tentando me isolar.
Pedi meu café e fiquei esperando nervosa, estralando os dedos da mão. Eles não pareceram me perceber. Ufa, ainda bem! Comi um pouco mais tranquila.
De repente, uma série de murmurinhos chamou minha atenção para a entrada do restaurante. Quando olhei, meu coração quase saiu pela boca: Tom Parker estava entrando no restaurante, claramente procurando alguma coisa... Ou melhor, alguém: EU!
Virei-me de costas e contraí os músculos, nervosa. Precisava sair dali, urgente, o clima estava ficando cada vez pior, e eu não aguentava mais ficar por lá.
Tom pareceu estar muito determinado a encontrar quem quer que fosse que estava procurando – suspeito principal, eu. Ele deveria ter subido a meu quarto e, como ninguém o atendera, perguntou se eu havia saído do hotel, mas eu não tinha saído, então estava olhando mesa por mesa, garota por garota que fosse mais ou menos da minha altura ou tivesse o cabelo parecido com o meu, disfarçando um pouquinho suas intenções enquanto distribuía autógrafos a elas.
Ele estava chegando à minha mesa. Eu estava entre a cruz e a espada: Se me levantasse e tentasse sair dali, ele me interceptaria no caminho, de qualquer jeito. Se ficasse ali, teria de “enfrentar” o mesmo desafio de ser reconhecida. Estava rezando por um milagre, quando ele aconteceu: Tom se deparou com a mesa dos Directions, e eles fizeram o favor de cruzar os braços, levantarem-se das cadeiras e interceptarem Tom, a cinco mesas de mim.

............
Louis on
Estávamos tomando um bom café da manhã quando ela adentrou o recinto. Reconheci a “Dama do Elevador” quase imediatamente, pois sempre fui um bom fisionomista, mas os outros rapazes pareceram nem perceber sua presença. Ela parecia atordoada e, quando percebi que ela notara nossa presença, percebi seu nervosismo ainda mais.
Apesar de saber que Harry estava apaixonadíssimo por ela, esperando vê-la pelo hotel como um louco, mas impedido por nós de perturbá-la em seu quarto, não ousei alertar Harry da presença dela.
Eu sabia que ela não queria ser perturbada nem mais interceptada, e que deveria estar realmente muito incomodada com as notícias a seu respeito. Ela deveria estar na capa como a representante de seu país a receber um prêmio importante no baile-conferência da ONU, mas em vez disso era matéria como: “A Sedução dos Ídolos”.
Deixei que ela disfarçasse enquanto tentava distrair Harry ao máximo para que ele não a visse.
Estava indo tudo bem até que eu o vi: Tom Parker.
– Ah, não... – comentei.
– O que foi Louis? – perguntou Harry.
– Olha só quem resolveu vir nos fazer companhia... – apontei com a cabeça para a entrada do restaurante, na direção de Tom Parker.
Todos nós enrijecemos os músculos, e a expressão de Harry era medonha.
Percebi que ele a estava procurando, olhei na direção dela, cinco mesas à frente, e percebi seus músculos ficando tensos por baixo da roupa.
Ela estava encrencada! Ele iria encontra-la, e se a achasse, Harry veria, e uma briga iria começar ali. Um escândalo! Não, por minha banda e pela pobre diplomata, eu não permitiria! Só por cima de minha cenoura!
Precisava distrair Tom para que ela pudesse sair do restaurante. E foi isso que eu fiz: Quando Tom se aproximou de nossa mesa, levantei em ar de desafio, e todos os outros, por bom-senso e apoio a mim, fizeram o mesmo.
– Ora, ora, se não são os rapazes do 1D, 1 Droga... Hahaha! – ele riu um riso curto e falso.
– Ora, ora! Se não é Thomas Parker, o trenzinho feliz! – indaguei.
Todos os meus amigos olharam para mim:
– Quê? Você assiste a “Thomas, o trenzinho”? – Perguntou Niall.
– Você sabe o nome do desenho, então, Niall? Não é meio velho pra assistir a Discovery Kids? – Replicou Tom, tentando sacanear Niall, que havia sacaneado a mim. Niall ficou vermelho.
– Ah, então você sabe que esse tal Thomas é um desenho que passa no Discovery Kids, né, Tom? – Intimou Zayn.
Dessa vez foi Tom que não sabia onde enfiar a cara. Zayn, por mais tímido que fosse, era o cara!
– Não importa! – Harry cortou. – O que quer aqui, Parker?
– O mesmo que você, Styles. E você sabe que vou conseguir primeiro.
– Ahã...
– Agora, faça um favor – disse Liam, o mais sensato – e saia daqui antes que cause alguma confusão... Não queremos um escândalo.
Tom sorriu.
– Não podem me proibir de entrar em um hotel.
– Mas podemos manda-lo ser levado embora, uma vez que estamos hospedados aqui e você é um incômodo. – Falou Harry.
– Pensei que não quisessem um escândalo, disse ele com um olhar cínico.
Chegáramos a um impasse. Todos começamos a encarar Tom, e ele encarou um por um, e se deteve em Harry.
A “Dama do Elevador” havia percebido a dica e estava se dirigindo até nós, mexendo no celular para tentar disfarçar.  Não, estávamos quase lá, tinha de haver um jeito! Estava pedindo por um milagre, quando ele aconteceu.
Uma adolescente de uns quinze anos apareceu timidamente ao lado de Tom.
– Desculpe, mas você é Tom Parker, não é? – Ela perguntou timidamente.
– Sou sim. – Ele respondeu.
– Poderia me dar um autógrafo? – Ela lhe estendeu um pôster do The Wanted e uma caneta.
– Mas é claro! – Ele disse abrindo um longo sorriso. – Estão vento, One Direction, estão pedindo autógrafos a mim!
Completei a frase em minha cabeça: “estão pedindo autógrafos a mim, e não a vocês.”
Para deleite de todos, Zayn mais uma vez surpreendeu com sua resposta imediata:
– Ela está pedindo um autógrafo pra você porque já tirou fotos conosco ontem.
Tom fechou a cara, pegou a caneta e começou a rabiscar furiosamente o pôster. Nesse momento, a “Dama do Elevador” passou por nós, bem ao lado de Harry, e respirei de alívio quando ele não a percebeu. O plano havia dado certo! EBA! Cenouras me mordam! Eu fora um gênio!
Mas talvez tenha comemorado rápido demais, e subjugado Harry também, pois meu amigo atiçou as narinas e sentiu um cheiro no ar:
– Eu conheço este perfume! – cheirou novamente. – Eu conheço! Era o mesmo que ela usava quando caiu, um El Sam legítimo! – Ele seguiu a direção do cheiro, e mais uma vez foi provado a mim que Harry realmente sabia o perfume que uma pessoa usava só de sentir o cheiro.
Fechei os olhos, decepcionado, quando ele gritou, ao ver a moça de costas que deixara o rastro de perfume. Estava... arrasado... por dentro.
– Ei, espere! – Harry disparou na direção dela, antes que Tom ou Liam, Zayn e Niall percebessem o que acontecia.
“Quase!”, pensei. Disparei na direção de Harry, e corri até alcança-lo, no momento em que ele abria a porta do banheiro feminino. Detive-o antes que ele entrasse:
– Você não pode entrar aí, Harry! – segurei-o nos braços, mas em questão de segundos ele se libertou.
– Me deixa Louis!
Ele abriu a porta, e eu segui. Para minha sorte, e desespero de Harry, porém, o banheiro estava vazio.
Uma escada estava ao lado de uma janela localizada a uns dois metros de altura. A janela estava aberta. Harry correu e subiu a escada até a janela. Olhou em volta, mas não a viu, pois desceu furioso da escada e me encarou:
– Por sua culpa, Louis! Por sua culpa, eu não a vi. – Olhando diretamente em seus olhos, percebi que havia lágrimas neles.



Fiquei de boca aberta enquanto ele passava por mim e saia do banheiro.
Uma senhora de uns setenta anos entrou em seguida, me olhou com uma cara esquisita, e me bateu com sua bolsa, me expulsando do banheiro feminino.
– Tarado! – ela gritou, enquanto eu cambaleava para fora do recinto entre bolsadas pesadas.
Livre das pancadas, olhei ao redor, e nem sinal de Harry.
Dessa vez, tinha de tirar o chapéu. Ainda espantado com a visão das lágrimas, pensei, em choque:
“Será Harry, que, dessa vez, você realmente foi fisgado?”

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