Harry
guiou o carro rapidamente pelas ruas de Dublin, até que achou que já estava
seguro. Depois de uma meia hora rodando, ele parou o carro, saímos dele
rapidamente e entramos num pequeno jardim de uma casa. Harry foi até a porta e
bateu. Quem atendeu foi uma senhora de uns sessenta e cinco anos de idade, com
os olhos bem azuis, e recebeu Harry de braços abertos:
– Harry!
Querido, mas que surpresa! – Ela olhou para o lado e pareceu perceber a minha
presença. – Quem é sua amiga?
– Vovó Horan,
estamos fugindo dos paparazzi... Será que podemos entrar?
– Mas é claro!
Vamos rápido!
Entramos na
pequena e simples casinha de vovó Horan, a avó de Niall. Ela nos convidou para
almoçar.
– Será um
prazer ter vocês comigo hoje! Como está meu netinho Niall?
– Ah, vovó
Horan, eu até ligaria para ele, mas ele teve uma séria indigestão e passou mal
depois do café da manhã. Agora está dormindo um pouco.
Ela não ligou
muito para isso e arrumou a mesa. Eu não havia trocado nenhuma palavra com
Harry desde que ele me salvara, então, enquanto vovó Horan ía ao banheiro, tentei
agradecer.
– Er...
Obrigada... Harry. – Disse, encabulada.
– Não há de
quê! – Ele sorriu, puxando a cadeira da mesa do almoço para que eu me sentasse,
como um perfeito cavalheiro. Sorri em agradecimento, enquanto me sentava. Ele
se juntou a mim na mesa. – Você fica me devendo essa. – completou.
Nunca gostei
de dever nada a ninguém... Mas era justo.
– Me diz... –
Ele continuou. – Por que fugiu de mim hoje de manhã?
Meu rosto
começou a ficar vermelho, e eu não sabia o que responder a ele, quando mais um
milagre aconteceu: vovó Horan voltou do banheiro e interrompeu-nos, colocando
comida em nossos pratos e sentando-se também.
– Hummm!
Parece ótimo! – Disse Harry atacando um pedaço de frango. Mas antes que ele
pudesse chegar a sua boca, foi interrompido por um golpe fulminante de vovó
Horan.
– Não! – Ela
disse. – Não antes da oração, seu grosso! Está parecendo Niall, sempre atacando
furiosamente a comida!
Harry fez uma
carinha triste e não pude deixar de rir. Depois fizemos nossa oração e nos
pusemos a comer. O almoço, até certo ponto, foi recheado de perguntas sobre
Niall a Harry. Porém, depois, a curiosidade de vovó Horan passou para mim.
– Harry! Mais
uma namorada! Esta é a sexta que eu conheço!
Meu frango
entalou temporariamente na minha garganta e Harry ficou em choque.
– Não, vovó...
As outras eram todas... amigas...
– Nossa, você
tem muitas amigas, não? – Ela disse em tom curioso, arrumando os óculos no
nariz. – Mas você parece diferente das outras... Não sei... Tem um certo ar
mais humilde... E parece mais inteligente também!
Harry não
sabia onde enfiar a cara.
– Er...
Obrigada... Sra. Horan.
– Estou
curiosa a seu respeito. – Ela se levantou para servir a sobremesa, um delicioso
bolo de abacaxi que, segundo Harry, era sua especialidade. – Já sei! Vamos
brincar! Sempre faço isso quando os meninos estão com garotas! Não sei como fui
me esquecer... É a idade...
– Vovó Horan,
não precis... – Mas Harry não terminou a frase.
– Perguntas
Relâmpago! – Ela exclamou. – Idade?
– 20.
– Profissão?
– Diplomata.
– Tão nova?
– Pulei
algumas séries.
– Ah...
Inteligente... Sabia! Cor favorita?
– Azul.
– Animal
favorito?
– Cachorro.
– Alimento
favorito?
– Brigadeiro.
– Brigadeiro? –
ela ficou confusa.
– É. É um doce
típico do meu país. Sou brasileira.
– Ahhhmmmm!
– Quer a
receita?
– Claro!
Fomos até a
cozinha e eu verifiquei o estoque. Dava para fazer Brigadeiro. Harry nos
seguiu, e parecia curioso enquanto me via ensinar a simples receita a vovó
Horan e preparar a iguaria.
Quando
terminei, enrolei os brigadeiros em bolinhas e expliquei que, tradicionalmente,
púnhamos granulado, mas não havia na casa de vovó Horan. Então, eles
experimentaram.
A expressão de
Harry e vovó Horan foi de surpresa, depois de deleite.
– É
maravilhoso! – exclamaram.
Ficamos um bom
tempo apreciando o doce, enquanto conversávamos na sala. Rimos, contamos
histórias, conhecemo-nos muito bem.
Em certo
ponto, vovó Horan me mostrou suas costuras – ela era excelente costureira, além
de cozinheira – e perguntou se eu tinha algum hobbie. Respondi no ato: Adorava
desenhar.
Ela animou-se
e correu para seu quarto, desaparecendo dois segundos depois. Gelei
momentaneamente, assombrada em ter um momento a sós com Harry, mas, por sorte,
ela voltou tão rápido quanto desapareceu, deixando-nos sem oportunidade para
conversa, trazendo na mão um papel e um estojo.
Ela insistiu
para que eu desenhasse Harry, e assim comecei. Era estranho encarar Harry, pois
ele devolvia o olhar com muita intensidade. Comecei a desenhar suas belas feições,
e a cada retoque que dava na folha, percebia mais ainda como ele era bonito. Vovó
Horan continuou falando bastante enquanto isso, e Harry, em certo momento, leu
em seu twitter piadas de pontinhos que alguma fã viciada em pontos – por algum
motivo – ficava mandando para ele, e rimos muito.
Quando deveriam ser quase quatro horas da tarde, vovó Horan adormeceu no sofá, com a boca aberta e uma linha de baba escorrendo por seu queixo. Não pude deixar de rir. Era uma visão engraçada daquela senhora exótica, tagarela e alegre.
Quando deveriam ser quase quatro horas da tarde, vovó Horan adormeceu no sofá, com a boca aberta e uma linha de baba escorrendo por seu queixo. Não pude deixar de rir. Era uma visão engraçada daquela senhora exótica, tagarela e alegre.
Olhei para Harry, mas ele não ria, Em vez disso, seu sorriso típico que eu desenhara havia sumido, e ele olhava agora para mim com um riso misterioso e um olhar... indecifrável.
– Você fica
linda quando sorri. – Ele disse.
Fiquei vermelha,
incapaz de responder e olhar em seus olhos, abaixando-os para minha folha.
– Olhe para
mim. – Ele disse suavemente, porém firme, e eu não ousei desobedecer. – Por que
fugiu de mim esta manhã?
Então não
havia escapatória, eu teria de enfrentar meu medo.
– Eu... não...
queria que... houvesse... um escândalo... Você estava lá... Tom estava lá.
Minha carreira poderia vir água abaixo com isso, sabia! Estou sendo conhecida
como a Celeb’s Pirigueti, e não aguento mais isso, por que eu simplesmente não
tive caso com nenhum dos dois! Mas vocês me perseguem! Não me deixam em paz um
minuto sequer! – Coloquei tudo para fora, de uma vez.
– Mas você não
escolheria o Parker, não é? – Ele olhou esperançoso, seus olhos brilhando de
expectativa.
– Isso não é
relevante! Você não percebeu a gravidade de tudo o que acabei de lhe dizer? Não
sei como ainda não me telefonaram de meu país, pedindo que retornasse. Essa
pode ser minha última atuação internacionalmente, e você só se preocupa se eu
escolheria seu concorrente ao invés de você! Se gostam mesmo tanto assim de
mim, que parem de destruir meu futuro!
Ele pareceu
perceber a gravidade da situação, e abaixou os olhos, arrependido.
– Desculpe. –
Ele focalizou seus olhos verdes nos meus olhos escuros.
Não acreditei
nas palavras.
– Não vou mais
incomodar. Você tem razão. Não comentaram muito bem de você nas revistas
ultimamente, mas só agora percebi que você não teve culpa de nada. Nem saiu com
nenhum de nós... Quando entrarmos no hotel hoje, será como se nada jamais
tivesse ocorrido, assim está tudo bem?
Estava em
choque. De repente, Harry se tornara a pessoa mais compreensiva da face da
Terra. Não parecia haver resquícios de atuação em seus olhos, apenas um brilho
humilde, por isso, acho que fiz o que fiz em seguida.
– Obrigada. –
Senti lágrimas começarem a sair de meus olhos. – Nunca ninguém foi tão
compreensivo comigo antes.
– Não chore! –
Ele passou os dedos pelas minhas bochechas. – Eu gosto realmente de você. Nunca
tive a intenção de arruinar sua vida!
– Sabe, Harry,
acho que fui um pouco dura demais com você... Mas era isso que estava sentindo.
Um medo profundo.
– Eu entendo
perfeitamente. – Ele me abraçou dessa vez. – Não fique assim.
– Dadas as
circunstâncias, Harry, acho que poderíamos ser bons amigos, afinal. Hoje que
nos conhecemos devidamente, foi um dia tremendamente divertido! Eu adorei
passar a tarde com você.
– Eu compartilho
do mesmo sentimento. – Ele respondeu, sério, e ficou me olhando com aqueles
olhos verdes lindos! Ficamos assim, um encarando o outro por um tempo. Ele era
TÃO bonito! E aqueles olhos eram hipnotizantes! Foi assim, um pouco distraída
em Harry, que percebi que seu rosto estava chegando cada vez mais perto, e mais
perto. Congelada, estava incapaz de me mexer, de pensar direito. Por minha
cabeça passavam milhões de pensamentos, mas nenhum deles conseguia se fixar em
meu ponto de concentração. Parecia que uma névoa enrolava meu cérebro enquanto
eu fechava meus olhos e...
RONC!
O ronco de
vovó Horan me trouxe de volta à realidade. Sobressaltado, Harry se afastou com
um pulo, assim como eu, e um segundo foi suficiente para que meu foco de
concentração englobasse centenas dos pensamentos antes perdidos ao mesmo tempo.
O que eu estava fazendo? Iria ser mais uma a se entregar tão facilmente aos
encantos de Harry Styles? Como aquilo estava acontecendo? Como a situação
chegou àquilo? Como faria para sair dela? Deveria beijar Harry? Seria eu a nº 6
da lista de contatos de Harry? E por que vovó Horan não acordava? E quem teria
matado Lucila na novela? E por que Louis era viciado em cenoura? E como eu
sabia disso? O quê? O quê? O QUÊ?
Harry, ao
perceber que era apenas vovó Horan roncando no sofá, aprumou-se depois do susto
e continuou:
– Onde
estávamos? – disse, se aproximando novamente.
Não! Não seria
assim tão fácil conquistar a mim! E se
aquilo fosse apenas mais uma atuação do garanhão Styles?
Tentando
raciocinar o mais rápido possível, olhei a minha volta, enquanto Harry, já com
os olhos fechados, continuava a se aproximar. Eu precisava de mais um milagre.
........................
Harry on.
“Não acredito!
Eu estou quase a beijando! Minha nossa! Esse Parker já era! Hum! Eu tenho que comprar
cenouras pro Loui... Ei! Esse pensamento não é importante agora! Não quero
saber daquele traidor. Vamos voltar ao mundo real”.
Ajustei os
pensamentos e me concentrei no beijo. Estava sentindo a proximidade e...
“Nossa...
Lábios... Rançosos... Como... Papel!... Papel?!”
Abri meus
olhos e estava beijando uma folha de papel. Afastei-me rapidamente e olhei para
a garota que deveria estar beijando. Ela sorria um sorriso débil.
– Olha! – ela
disse. – Terminei o seu desenho!
Harry Styles por Elissa Sanitá Silva (a blogueira que vos fala)
Eu
parabenizei-a pelo excelente trabalho, que estava realmente muito bom, tentando
esconder minha frustração. Assim fiz até achar que os elogios já eram
suficientes.
Cheguei mais
perto e arrisquei passar meu braço ao redor de seu ombro. Porém, senti meu
corpo cair no chão estrondosamente quando ela se levantou rapidamente,
exclamando:
– Minha nossa!
Já está tarde! Precisamos ir logo! – Ela parecia enérgica, uma energia ansiosa
parecia emanar dela. Será que estava tentando me evitar de novo?
– É... Está tudo bem? – Arrisquei perguntar.
– Mas é claro,
por que não estaria?
– Você
parece... Evasiva. – Não podia deixar aquela oportunidade se esvair! Estava
tudo indo tão bem! O que dera errado?
– Eu? Evasiva?
Não! – Ela soltou uma gargalhada espalhafatosa e alta, que acabou acordando
vovó Horan.
– Ora,
crianças! – disse vovó Horan. – Eu cochilei?
Concordamos
com a cabeça.
– Um cochilo
de duas horas e meia, vovó. – falei.
– Sra. Horan,
foi um prazer conhece-la, mas Harry já estava me levando de volta ao hotel, não
é, Harry? – Ela sorriu.
– É... –
comecei a falar.
– Muito
obrigada por sua generosidade e hospitalidade! – Ela me cortou.
– Que é isso,
minha cara! Gostei muito de sua companhia! – Vovó Horan falou enquanto eu era
puxado de volta para a porta. – E de seu desenho! – falou pegando o desenho de
Harry no chão a seu lado.
Ela abriu a
porta, mas quase imediatamente fechou-a. Mil fotógrafos nos esperavam do lado
de fora, seguindo a pista de meu carro. Mas que droga! Eu o escondera depois do
almoço!
Não importava
como me acharam. Mas ela ficou tensa. Fiquei pensando em algo para erradicar
seu conflito, mas não precisei muito. Pois vovó Horan apareceu de repente
sacudindo algumas chaves no ar.
– Querem uma
carona do velho Gibby, meus amigos?
Vovó Horan...
.............
Louis on.
Pararam em
frente ao hotel. Uma moça loira jovem vestindo roupas antiquadas e seu
companheiro, um homem alto e careca, retirando bagagens de um carro velho e
cheio de riscos, dirigido por uma senhora de cabelos grisalhos presos num
coque. Acenaram em despedida. Quem seriam? Não importava. Estava ficando
preocupado com Harry. Não o vira desde nosso último encontro no banheiro.
Desci até a
recepção para ver se me distraia um pouco, mas, descendo a escadinha depois do
elevador, trombei com o senhor careca.
– Desculpe,
senho... – Falei, pegando sua bagagem que caíra e olhando em seus olhos. –
...r, Harry!
Harry tapou
minha boca com sua mão e me encarou
sério.
–
Shhhhhhhhhhhh! – Ele falou.
A moça loira
chegou em seguida, e não tive de medir esforços para reconhece-la.
– Mas que
diabos está acontecendo aqu...! – Harry tapou minha boca de novo e me empurrou
de volta ao elevador.
Quando
estavámos seguros de olhares, Harry tirou a careca falsa – que não caíra nem um
pouco bem para ele – e os óculos antiquados que estava usando.
– Como
deixaram você subir? – perguntei, curioso.
– Liguei
avisando que chegaria assim.
– Onde estava?
Mas ele não
respondeu. Em vez disso se virou para a “Dama do Elevador”.
– Eu não
aguento mais! Me responde: Por que você não me beijou? E por que está me
evitando?
Nossa! O que
eu perdera?
A moça pareceu
surpresa. Depois, seu rosto esbanjou confiança e determinação.
– Harry Edward
Styles! Se pensa que serei mais umazinha na sua lista, está enganado! Não nego
que talvez você tenha plantado algo dentro de mim, mas se quiser realmente que
a semente frutifique, terá de trabalhar muito antes da colheita! – Dito isso a
porta do elevador se abriu para o andar onde ela estava. Ela saiu, se virou
para Harry, jogou a peruca nele, parecendo com raiva, fez uma reverência, e
saiu batendo os pés.
Antes que
Harry pudesse reagir, a porta do elevador se fechou. Ele estava pasmo. Olhou
para mim e falou:
– Eu não
entendo as mulheres! Ela estava comigo em clima romântico, depois ficou com uma
agitação ansiosa e agora está com raiva, mesmo admitindo que haja uma
possibilidade de ela sentir algo por mim!
Minha nossa!
Aquilo era igualzinho à novela das sete.
– Harry, Harry, Harry... Ingênuo
Harry... Se você assistisse à novela das sete do planeta Glub Glub, que passa no canal Vaquildo, “Meu Sensível Coração de Gengibre”, saberia por que ela está assim.
– O quê? Meu
Sensív... Deixa pra lá. Por que ela está assim?
– Não vê? É
como Grabalhaldo e Adailda! Você tem tantas garotas a disposição e sai com
tantas delas que, mesmo que ela sinta algo por você, não quer se magoar se ela
for apenas mais uma da sua lista de encontros... Aquelas que você usa como
lencinho de papel: pega, usa e joga fora. Nenhuma mulher quer se sentir
descartável e, por ela ser inteligente, não vai permitir ser esse tipo de mulher!
Harry estava
pasmo novamente. A borca aberta e a testa franzida, olhando para mim como se eu
fosse um alien.
Chegamos à
cobertura. O elevador se abriu e Harry saiu, pisando duro no chão e bufando.
Depois deitou no sofá, gritou um grito abafado por uma almofada, choramingou, depois se
jogou no chão, olhou para mim com receio e falou:
– Hoje ele vai
armar um plano para conquista-la. – respondi.
– Que horas
são?
– Cinco para
as sete. Por quê?
– Vou... – ele
respirou fundo antes de falar, depois soltou tudo rápido demais, como se
estivesse irritado ou com vergonha... Ou com os dois. – Assistir ao capítulo de
hoje.
Depois ele
pegou o controle, ligou a TV, e começou a esperar que acabassem os comerciais,
com um bico enorme na cara.
“Nossa! Estava
errado. Isso é melhor que novela!”,
pensei, sorrindo, indo me juntar a ele no sofá.
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