sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Capítulo 20 - Encanadora


Eu on
                Entrei no aposento, que era um banheiro, e fechei a porta com força.
                Mas que idiota! Como ele podia pensar que eu não ligava para o que todos eles estavam passando, porque eu não era famosa? E que raio tinha atingido Harry? Por que ele estava tão nervoso?
Bufei, e me sentei no vaso sanitário Ele era enorme... Talvez tivesse sido feito para um brutamontes como Brutus e Tvailler.
Olhei minha perna. Ainda estava bem feio o ferimento, mas não era nada sério, só um raspão, e aos poucos a ferida parava de latejar.
Aquele era um desses momentos em que a pessoa precisa refletir, e era isso o que eu fazia. Nunca fui muito boa em refletir – mas precisava descobrir um jeito de sair dali.
Olhei ao redor. Não, nada de câmeras. Pelo menos um pouco de privacidade, em um lugar como um banheiro.
Desanimei. Não havia um único vestígio de ideia que pudesse colocar em prática, nem nada que ajudasse a qualquer um de nós sair dali. Estávamos perdidos... E Harry! Ai! Que ódio eu tinha dele naquele momento!
Levantei-me e, sem pensar, bati meu sapato com força no vaso. Um ruído oco se fez ouvir, e eu bati novamente para confirmar o som. Era sim, um ruído oco. Levantei a tampa da privada e dei descarga. O som prosseguiu normalmente até... Splash!
Som de água se espatifando em água. Dei descarga novamente e calculei mais ou menos a distância do cano em relação ao tempo que a água demorava a bater nela mesma, em algum esgoto que imaginava existir ali embaixo, bem próximo de mim.
Uns dois metros, foi o que calculei, aproximadamente. Pus os pensamentos em ordem: Se o esgoto passasse bem debaixo de nós , então não precisaria haver um cano  longo, ou nem mesmo um cano.
Ajoelhei e tirei a minha sandália, ou o que restara dela, e comecei a bater freneticamente na base da privada. Calcei-a novamente e, com os dois pés, pegava impulso na parede oposta e chutava com força a base. Um estampido estridente começou a ser ouvido, e pude senti-la descolando do chão. Porém, os parafusos das laterais a mantinham firmemente agarrada à superfície, ainda.
Eu precisava de uma chave de fenda, ou o mais parecido com ela. Olhei a pia – era simples, modelo clássico, com o registro de torneira típico cujas bordas formam quase o desenho de uma flor.
Aquilo deveria servir.
Custei a conseguir, mas arranquei-o da torneira. Usando o registro como chave de fenda, enganchei a parte côncava no parafuso e girei, com toda a minha força. Depois usei o meu pé para empurrar.
A princípio, nada se mexera. Porém, aos poucos, obtive resultado, e consegui desparafusar a base.
Apoiei-me mais uma vez na parede oposta e com um impulso fortíssimo chutei o vaso mal colocado.
Ele cedeu.
Um buraco circular de diâmetro mais ou menos 50 cm se tornou visível. Imediatamente, um cheiro horrível de dejetos, sujeira e podridão invadiu o ambiente.
Tampando o nariz, olhei dentro do buraco.
Eu estava certa. Era uma fossa.
Apesar do cheiro, não pude deixar de sorrir.

Harry on.
Quando ela bateu a porta, todos olharam para mim, irritados.
O primeiro a falar foi um dos coreanos:
– Olha, Sr. Styles, sei que está bravo, e não sei de seu passado com a moça, mas de uma coisa eu sei: Ela tem mais a temer aqui do que qualquer um de nós.
– Como assim?! – falei rispidamente e inconformado. – Ela não é famosa, não tem talento a ser roubado!!! Não ficará sem ofício!
– Exatamente, Sr. Styles – atreveu-se Pitbull. – Ela não perderá seu talento. Mas pode pagar com a vida, uma vez que ela é a única aqui que não tem nada a oferecer ao tal de Eusébio. Pobre chica.
Eu não havia pensado nisso. Senti que fora injusto por um momento... Realmente, ela não tinha nada a ver com aquilo, tinha sido atraída até lá por minha causa... Mas... Mas se ela não tivesse beijado o Parker nada daquilo teria acontecido!
Bufei e me sentei no sofá, cruzando os braços. Estava com raiva, estava confuso.
Taylor Swift recomeçou a chorar. Adele sentou a um canto e acariciou a barriga de grávida. Barry e Steven sentaram-se no outro lado do sofá. Pitbull recostou-se à porta. Os cinco sul-coreanos encostaram-se à parede e sentaram, abaixando a cabeça. Onew soltou:
– E o preço da fama é muito maior do que eu julgava.
Concordei mentalmente, e senti que todos os presentes concordavam também. Não podíamos fazer nada... E estávamos sendo vigiados...
Naquele momento, ouvi um ruído fraco no banheiro. Só podia ser ela. Que estava fazendo?
Ouvi uma descarga, seguida de uma pausa e, depois, outra descarga.
Pelo amor de Deus! Então ela havia realmente ido ao banheiro, não era nem para ficar longe de mim! Mas que falsa, frívola, ridícula!
Porém, sons estranhos começaram a ocorrer. Batidas fortes ecoaram lá de dentro, e o som de algo sendo arrancado de algum lugar.
A certo ponto, todos paramos e observamos a porta do banheiro. O que diabos ela estava fazendo ali dentro?
De repente, ela abriu a porta, fechou-a rapidamente e saiu como se nada tivesse acontecido.
Sentou-se calmamente, enquanto era observada por todos. E, falando baixo, quase não mexendo os lábios:
– Vão devagar, um por um, até o banheiro. Fechem a porta e fiquem lá um tempo, para disfarçar, e ignorem o cheiro.
– Por quê? Que cheiro? Você... Não tinha fósforo? – indagou Taemin.
– Não! – Ela falou, ríspida. – Só vá até lá, e você entenderá.
Pitbull foi o primeiro, curioso. Abriu, entrou, e fechou a porta.
– O que tem lá? – Indagou Steven.
– A nossa salvação. – Ela falou sorrindo.

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