Eu on.
Fomos todos
arrastados por vários corredores em direção a tal sala de água. Quando chegamos
até ela, Tvailler abriu uma pesada porta de metal com uma janelinha de vidro na
altura de uma cabeça normal. Reparei que era vidro blindado. Ao lado da porta,
havia um painel eletrônico cheio de botões. Talvez aquela fosse mais uma
invenção de Eusébio. E eu não estava gostando nadinha.
Através da porta
aberta, pude ver o espaço. Era apenas mais uma sala, toda pintada de branco,
mas sem móvel algum. E a outra diferença era que o teto era totalmente
gradeado.
Tvailler me
empurrou com força e eu me estatelei no chão. Atrás de mim, ele fechou a porta
e trancou-a.
Corri até a
janelinha e vi Tvailler apertando uma série de botões.
Adele, Steven,
Barry, Taylor, Pitbull, os cinco sul-coreanos e Harry ainda estavam lá, presos
por outros grandalhões, me observando.
Fitei os olhos
de Harry, ainda com medo do que me aguardava. Ele retribuiu o olhar, mas era um
olhar estranho. Não consegui identificar os sentimentos presentes naqueles
olhos.
De repente,
Tvailler terminou de apertar os botões e eu ouvi um barulho.
Me virei e
olhei para cima. Havia um outro teto sobre o teto gradeado, que se dividiu em
dois.
De repente, lá
de cima, uma penca da água começou a cair e a preencher o espaço da sala, não
muito largo.
Paralisei-me
por um segundo ao entender o que iria acontecer: Eles iam me afogar! Aquela
sala iria encher até a borda e eu não teria escapatória. Morreria afogada.
Senti muito
mais do que medo e, desorientada, me virei novamente para a janelinha e grudei
meu rosto nela, desperada, já molhada e com água nos calcanhares.
Todos os
artistas estavam boquiabertos, e Adele e Barry choravam de tristeza e
descomsolo.
Puxa! Tínhamos
quase conseguido! Num momento estávamos na busca incerta por uma saída, mas
esperançosos, e agora estávamos mais uma vez diante do inevitável.
Olhei para
Harry e meu coração parou. Uma lágrima estava caindo de seus olhos. Ele estava
mais boquiaberto do que os outros.
De repente, um
movimento inesperado. Ele se desvencilhou do brutamontes que o segurava e
também colou seu rosto à janelinha, gritando e chorando alguma coisa que eu não
conseguia ouvir. Não tive reação a não ser gritar de tristeza, medo e desespero
quando o arrastaram para longe, junto com os outros.
Àquela altura
a água já alcançava meus joelhos e eu simplesmente me encostei na parede à
chorar.
Harry on.
Quando vi o
que ia acontecer a ela, não suportei. Seu rosto expressava, ao invés da
seriedade e intelectualidade normais, medo, aflição e desespero. E não era para
menos. Ela ia morrer. Afogada. E por minha causa.
Não aguentei.
Tinha de dizer a ela o que sentia de verdade. Era o mínimo que poderia fazer
por tê-la metido naquela enrascada. Não importavam as mágoas. Não importava
mais tentar fazer ciúme nela com a Taylor – de quem eu nunca gostara de
verdade. Era tarde demais para me redimir.
Dei uma forte cotovelada
na barriga do homem que me segurava e corri em direção à janelinha que
emoldurava o rosto dela.
– Me desculpe!
– Gritei. – Me desculpe por tudo! Eu... Eu te amo! – E comecei a chorar, porque
sabia que ela iria embora para sempre, e por que percebi que ela nem ao menos
conseguia ouvir minhas últimas – e mais importantes – palavras para ela. Eu
soube naquele momento que o sentimento de culpa me atormentaria para o resto da
vida.
Senti alguém
me puxando para longe. Para longe do rosto dela.
– Não! –
Gritei. – Não!!!
Mas já era
tarde demais.
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