domingo, 30 de dezembro de 2012

Capítulo 36 - O parto e a ideia de Harry



Harry on.
Eu estava segurando Adele, junto com Barry e Steven. Taylor estivera a um canto, mas agora estava sentada também do lado de Adele, tentando dar apoio moral. Key estava sentado em frente a ela, e já fizera os preparativos para que ela tivesse o bebê.
Key havia mandado que todos nós tirássemos – se estivéssemos usando, é claro – casacos. Barry, Steven, Pitbull, MinHo e Onew deram seus casacos a ele, que colocou espalhados sobre o chão embaixo de Adele. Jonghyun estava à sua esquerda, segurando sua camisa nas mãos, pronta para dar a Key quando este a pedisse.
Adele guinchava de dor, e Taemin já cronometrara pelo menos um minuto e meio de intervalo entre as contrações.
Os homens não haviam chegado com a ajuda ainda, por mais que tivessem saído já há algum tempo. Eles até deveriam estar buscando ajuda, mas o lugar onde estávamos era tão cheio de corredores que parecia impossível não se perder. Era isso que deveria ter acontecido.
De repente, um barulho inesperado. Um som de alarme irrompeu no ambiente, muito alto. Parecia entrar em nossos ouvidos e fazem a cabeça girar.
Os guardas que estavam a nossa volta se assustaram com o barulho, e depois de um momento de confusão, todos, sem exceção, saíram rumo ao corredor, nos deixando sozinhos.
Era óbvio que aqueles dois não voltariam, pelo menos não agora.
Comecei a entrar em estado de pânico. Estávamos sozinhos, sabe-se lá porque um alarme estava soando, Adele estava prestes a dar à luz e estávamos presos!
Se pelo menos houvesse alguma maneira de sair dali!
Era o momento mais oportuno, pois não havia guarda nenhum por ali e, mesmo que o vidro não fosse tão grosso, não era possível quebra-lo com força.
Forcei a mente tentando me lembrar de alguma coisa que pudesse ser útil, mas um grito de Adele juntamente com o som terrivelmente alto e irritante daquele alarme quase estouraram meus tímpanos e eu me distraí, desejando que não houvesse tanto barulho.
Barulho...
Barulho!
Isso era o que precisávamos! Um barulho muito, muito, muito alto!
Eu me lembrei de um momento passado, quando eu era apenas um aluno estudando aquelas chatices de física... O professor dissera que sons muito fortes a certa frequência podiam fazer trincarem vidros, inclusive vidros mais grossos. Porém, tinham de ser atingidas frequências altíssimas e elas tinham de ser mantidas por algum tempo.
Aquele pensamento me levou a uma ideia. Havia um alarme muito forte ecoando por nossos ouvidos. E haviam onze cantores, incluindo eu mesmo, naquela sala.
Se conseguíssemos formar um som forte, a certa frequência, e mantê-lo com nossas vozes, unido ao alarme, poderíamos, talvez, nos libertar daquela sala, quebrando os vidros dela.
Porém, havia três coisas atrapalhando. Primeira, o tempo em que o alarme continuaria tocando. Ele poderia parar a qualquer momento; segunda, nada garantia que nós conseguiríamos atingir e manter a tal frequência, e nem que ela seria capaz de quebrar aquele vidro; terceira: um parto ia acontecer ali.
Mas, como a esperança é a última que morre, resolvi colocar meu plano em prática.
Adele ia ter o bebê a qualquer segundo, e ela e Taylor treinavam respirações. Rapidamente, comecei a falar para arrastarmos Adele para o centro da sala. Todos me olharam espantados, então contei minha ideia.
Nenhum deles pareceu se convencer de que aquilo daria certo, mas eu insisti, até que eles concordaram. Movemos Adele para o centro da sala. Depois, fiz com que Onew, MinHo e Pitbull tirassem os casacos de baixo de Adele e os segurassem à nossa volta, se cobrindo também, para que os pedaços de vidro não nos acertassem, caso se partissem.
– Como vamos saber a hora em que deveremos gritar e alcançar as notas mais altas que pudermos? – Perguntou Steven.
Pensei um pouco. Steven e Barry seriam os principais nas vozes, porque eram os que alcançavam os tons mais altos. Adele iria fazer falta, pois sua voz também tinha uma potência extraordinária.
Foi então que me surgiu uma nova ideia.
– Vamos fazer isso exatamente quando Adele começar a gritar mais. Exatamente quando o bebê estiver nascendo! – falei. O grito de dor de Adele seria uma contribuição muito valiosa à nossa frequência de vozes.
Todos olharam espantados para mim, mas eu não liguei. Em vez disso, ainda perguntei:
– Ninguém teria um microfone que funciona sem caixa de som, né? – Essa ideia já me ocorrera, mas pensei que não seria possível executá-la. Se tivéssemos um microfone, as chances de quebrarmos o vidro aumentariam. Mas se já seria difícil ter um microfone, inclusive um que devesse ser conectado a caixas de som, imagine um que funcionasse sem elas...
Mas, a sorte estava do meu lado naquele momento, e para minha surpresa...
– Eu tenho! – falou Taemin. – E tem até uma caixinha de som junto, olhe. – Ele tirou de um dos bolsos da calça um pequenino microfone e de outro uma pequena caixa de som. – Sempre os carrego comigo. Podem ser pequenos, mas nunca vi mais potentes!
Pensei em como eu amava a era da tecnologia. Tudo pequeno e potente. Aquilo seria a nossa salvação.
Rapidamente me ergui e peguei o microfone e, neste exato momento, Adele guinchou de dor, um grito mais alto e mais forte do que o anterior.
– O BEBÊ VAI NASCER! Todos apostos! – Berrou Key por cima do barulho do alarme, arregalando os olhos.
Corri até o lado de Adele, conectei o cabo da caixa de som movida à bateria no microfone e liguei a ambos.
Em seguida, Adele soltou um fortíssimo guincho de dor, e Key gritou:
– AGORA!!!
Todos começamos a gritar, alcançando nossos tons mais altos, exceto Key, que estava concentrado em pegar o bebê. A caixa de som era realmente potente, e o som era de deixar qualquer um surdo, mas continuamos a fazê-lo.
Em volta de mim, rachaduras começaram a se formar nos vidros.
Mantivemos o som, tentando aumentar cada vez mais os tons de nossas vozes. Ouvi os vidros trincarem ainda mais. Suas extensões estavam repletas das rachaduras, enormes, mas eles não quebravam por inteiro, o que estava me deixando muito nervoso.
Pensei ouvir Key, muito baixo, berrar:
– AGORA! EMPURRA!
Acho que eu estava certo.
Adele soltou um grito. Não, não podia ser chamado de grito. Foi o pior som que eu já escutara em toda a minha vida, uma mistura pior de um animal sendo morto e alguém sendo torturado ao mesmo tempo.
Aquilo se uniu a nossas vozes, que estavam ficando quase sem forças, e ao alarme.
E fez toda a diferença.
Misturado a um novo barulho de choro de bebê, os vidros emitiram mais um grande ruído de rachadura antes de se despedaçarem totalmente a nossa volta.

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