Harry on.
Eu estava
segurando Adele, junto com Barry e Steven. Taylor estivera a um canto, mas
agora estava sentada também do lado de Adele, tentando dar apoio moral. Key
estava sentado em frente a ela, e já fizera os preparativos para que ela
tivesse o bebê.
Key havia
mandado que todos nós tirássemos – se estivéssemos usando, é claro – casacos.
Barry, Steven, Pitbull, MinHo e Onew deram seus casacos a ele, que colocou
espalhados sobre o chão embaixo de Adele. Jonghyun estava à sua esquerda,
segurando sua camisa nas mãos, pronta para dar a Key quando este a pedisse.
Adele
guinchava de dor, e Taemin já cronometrara pelo menos um minuto e meio de
intervalo entre as contrações.
Os homens não
haviam chegado com a ajuda ainda, por mais que tivessem saído já há algum
tempo. Eles até deveriam estar buscando ajuda, mas o lugar onde estávamos era
tão cheio de corredores que parecia impossível não se perder. Era isso que
deveria ter acontecido.
De repente, um
barulho inesperado. Um som de alarme irrompeu no ambiente, muito alto. Parecia
entrar em nossos ouvidos e fazem a cabeça girar.
Os guardas que
estavam a nossa volta se assustaram com o barulho, e depois de um momento de
confusão, todos, sem exceção, saíram rumo ao corredor, nos deixando sozinhos.
Era óbvio que
aqueles dois não voltariam, pelo menos não agora.
Comecei a
entrar em estado de pânico. Estávamos sozinhos, sabe-se lá porque um alarme estava
soando, Adele estava prestes a dar à luz e estávamos presos!
Se pelo menos
houvesse alguma maneira de sair dali!
Era o momento
mais oportuno, pois não havia guarda nenhum por ali e, mesmo que o vidro não
fosse tão grosso, não era possível quebra-lo com força.
Forcei a mente
tentando me lembrar de alguma coisa que pudesse ser útil, mas um grito de Adele
juntamente com o som terrivelmente alto e irritante daquele alarme quase
estouraram meus tímpanos e eu me distraí, desejando que não houvesse tanto
barulho.
Barulho...
Barulho!
Isso era o que
precisávamos! Um barulho muito, muito, muito alto!
Eu me lembrei
de um momento passado, quando eu era apenas um aluno estudando aquelas chatices
de física... O professor dissera que sons muito fortes a certa frequência
podiam fazer trincarem vidros, inclusive vidros mais grossos. Porém, tinham de
ser atingidas frequências altíssimas e elas tinham de ser mantidas por algum
tempo.
Aquele
pensamento me levou a uma ideia. Havia um alarme muito forte ecoando por nossos
ouvidos. E haviam onze cantores, incluindo eu mesmo, naquela sala.
Se
conseguíssemos formar um som forte, a certa frequência, e mantê-lo com nossas
vozes, unido ao alarme, poderíamos, talvez, nos libertar daquela sala,
quebrando os vidros dela.
Porém, havia
três coisas atrapalhando. Primeira, o tempo em que o alarme continuaria
tocando. Ele poderia parar a qualquer momento; segunda, nada garantia que nós
conseguiríamos atingir e manter a tal frequência, e nem que ela seria capaz de
quebrar aquele vidro; terceira: um parto ia acontecer ali.
Mas, como a
esperança é a última que morre, resolvi colocar meu plano em prática.
Adele ia ter o
bebê a qualquer segundo, e ela e Taylor treinavam respirações. Rapidamente,
comecei a falar para arrastarmos Adele para o centro da sala. Todos me olharam
espantados, então contei minha ideia.
Nenhum deles
pareceu se convencer de que aquilo daria certo, mas eu insisti, até que eles
concordaram. Movemos Adele para o centro da sala. Depois, fiz com que Onew, MinHo
e Pitbull tirassem os casacos de baixo de Adele e os segurassem à nossa volta,
se cobrindo também, para que os pedaços de vidro não nos acertassem, caso se
partissem.
– Como vamos saber
a hora em que deveremos gritar e alcançar as notas mais altas que pudermos? –
Perguntou Steven.
Pensei um
pouco. Steven e Barry seriam os principais nas vozes, porque eram os que
alcançavam os tons mais altos. Adele iria fazer falta, pois sua voz também
tinha uma potência extraordinária.
Foi então que
me surgiu uma nova ideia.
– Vamos fazer
isso exatamente quando Adele começar a gritar mais. Exatamente quando o bebê
estiver nascendo! – falei. O grito de dor de Adele seria uma contribuição muito
valiosa à nossa frequência de vozes.
Todos olharam
espantados para mim, mas eu não liguei. Em vez disso, ainda perguntei:
– Ninguém
teria um microfone que funciona sem caixa de som, né? – Essa ideia já me
ocorrera, mas pensei que não seria possível executá-la. Se tivéssemos um
microfone, as chances de quebrarmos o vidro aumentariam. Mas se já seria
difícil ter um microfone, inclusive um que devesse ser conectado a caixas de som,
imagine um que funcionasse sem elas...
Mas, a sorte
estava do meu lado naquele momento, e para minha surpresa...
– Eu tenho! –
falou Taemin. – E tem até uma caixinha de som junto, olhe. – Ele tirou de um
dos bolsos da calça um pequenino microfone e de outro uma pequena caixa de som.
– Sempre os carrego comigo. Podem ser pequenos, mas nunca vi mais potentes!
Pensei em como
eu amava a era da tecnologia. Tudo pequeno e potente. Aquilo seria a nossa
salvação.
Rapidamente me
ergui e peguei o microfone e, neste exato momento, Adele guinchou de dor, um
grito mais alto e mais forte do que o anterior.
– O BEBÊ VAI
NASCER! Todos apostos! – Berrou Key por cima do barulho do alarme, arregalando
os olhos.
Corri até o lado
de Adele, conectei o cabo da caixa de som movida à bateria no microfone e
liguei a ambos.
Em seguida,
Adele soltou um fortíssimo guincho de dor, e Key gritou:
– AGORA!!!
Todos
começamos a gritar, alcançando nossos tons mais altos, exceto Key, que estava
concentrado em pegar o bebê. A caixa de som era realmente potente, e o som era
de deixar qualquer um surdo, mas continuamos a fazê-lo.
Em volta de
mim, rachaduras começaram a se formar nos vidros.
Mantivemos o
som, tentando aumentar cada vez mais os tons de nossas vozes. Ouvi os vidros trincarem
ainda mais. Suas extensões estavam repletas das rachaduras, enormes, mas eles
não quebravam por inteiro, o que estava me deixando muito nervoso.
Pensei ouvir
Key, muito baixo, berrar:
– AGORA!
EMPURRA!
Acho que eu
estava certo.
Adele soltou
um grito. Não, não podia ser chamado de grito. Foi o pior som que eu já
escutara em toda a minha vida, uma mistura pior de um animal sendo morto e
alguém sendo torturado ao mesmo tempo.
Aquilo se uniu
a nossas vozes, que estavam ficando quase sem forças, e ao alarme.
E fez toda a
diferença.
Misturado a um
novo barulho de choro de bebê, os vidros emitiram mais um grande ruído de
rachadura antes de se despedaçarem totalmente a nossa volta.
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