Eu on.
O elevador
parou de repente, e ouvi vozes abafadas atrás da portinhola. Senti que alguém
se aproximava do elevadorzinho, e eu estava certa.
Uma rajada de
luz iluminou o compartimento onde eu me encontrava, e vi uma mão com uma panela
sendo erguida. A pessoa, quem quer que fosse, estava colocando uma panela no pequeno
elevador, e eu comecei a suar. Certamente seria descoberta agora.
Porém, uma voz
veio ríspida e mais distante da pessoa que ameaçava me encontrar, e ela nem
chegou a erguer o resto da portinhola, simplesmente jogando a panela para
dentro da pequena fresta que abrira e depois fechando-a de novo. A panela
acertou a minha perna, mas eu não emiti um ruído sequer.
A voz era de
Eusébio, e imaginei que o homem que colocava a panela teria se livrado logo
dela para prestar continência a seu mestre.
Harry on.
Quando nos
vimos livres dos vidros, ficamos aliviados. Mesmo com o cheiro de sangue agonizante
e o choro do bebê, eu me sentia mais calmo.
Automaticamente
me levantei e fui saindo pelo corredor pelo qual havíamos entrado.
– Aonde você
vai?! – Perguntou Pitbull.
– Vou vingar a
morte de alguém. – Eu não percebi ao princípio, mas lágrimas saíam dos meus
olhos, apesar de minha expressão ser tão dura e fria que seria impossível
alguém pensar que eu estava triste.
– Você não
pode ir sozinho! – Gritou Barry. – Vão te pegar e tudo terá sido em vão. Temos
que fugir! E temos que fugir AGORA!
– Como?! –
repliquei. – Não sabemos aonde ir! Não sabemos onde fica a saída! Não sabemos
se seremos pegos de novo?! Não esperam que os guardas sumam daqui para sempre,
não é? Ou vocês acham que esse alarme é por alguma coisa boa? Temos que sumir
daqui o mais rápido possível e encontrar a saída, mas não sabemos onde é a
saída!
Todos se calaram
e olharam para mim, com exceção de Key e Onew, que acudiam Adele como podiam.
– Temos que
nos esconder... – Falou Pitbull – Antes que eles voltem aqui, e achar uma
saída.
– Podemos
fazer o seguinte: – propôs MinHo, e a voz dele me irritava só de ouvir. – Vamos
sair daqui o mais rápido possível e encontrar um esconderijo para Taylor, Adele,
Barry, Steven e Key, pelo menos. Depois, nós, os mais jovens, eu, Harry...
-– Não me
inclua em seus planos! – Retruquei, nervoso por ele me incluir em suas ideias.
Eu não dava essa liberdade a ele.
– Será que dá
pra deixar esse ódio imbecil por mim de lado e ouvir a ideia que beneficia a
todos? – Ele falava bravo, e eu ia responder, mas Pitbull me deu um olhar “maligno
radúqui 5000” e eu fiquei quieto.
– Enfim, eu,
Pitbull, Onew, Jonghyun, Taemin e Harry
– por que ele pronunciou meu nome diferente?! Modo raiva on. – poderemos procurar por alguma saída enquanto o resto nos
espera em segurança. O que acham?
Tá. O plano
era bom, mas eu nunca admitiria isso para aquele coreano metido. Nem que eu
tinha gostado da roupa dele... ou que o cabelo dele era maneiro... ou que
invejava a determinação confiante que ele esbanjava... Mas, que era aquilo?!
Que pensamentos eram aqueles? Concentrei-me no objetivo.
– Ok. –
Pitbull respondeu por nós. – Nós topamos.
– Então vamos
fazer isso. – Falou animado MinHo.
– Mas...
Harry! – Falou Pitbull – Por favor, não se arrisque por ela. Não há mais volta
para ela, mas há para nós, mesmo que ela ainda seja pequena. Uma centelha de
esperança nos invade agora, e precisamos de você. Não vá vingá-la! Pense que,
se conseguirmos sair daqui, poderemos denunciar este homem, ele será preso, e
esta será a maior vingança que poderá efetuar.
Pensei nas
palavras dele, mas não consegui absorvê-las como deveria. Ele estava certo, ela
estava morta, não havia mais volta, por mais que meu coração parecesse ser
esmagado por uma manada de elefantes quando eu pensava nisso. Mas, por outro
lado, a raiva dominava cada veia de meu corpo, e o ódio, cada artéria. Eu era
pura adrenalina e vontade de vingança. Era o meu lado mau falando, eu sabia,
mas tudo aquilo que eu sentia era por amor...
– Promete? –
Pitbull pressionou.
Pensei e
pensei e pensei. Finalmente, depois do que pareceu uma eternidade, eu respondi.
– Prometo. –
Eles assentiram e começaram a erguer Adele.
Fui até ela
para ajuda-los. Coitada. Me perguntei como haviam cortado o cordão umbilical do
bebê, que estava enrolado na camisa de Jonghyun no colo de Key. Depois, vi
Taemin com uma coisa metálica no bolso, como um estilete. Não sei porque ele
carregava aquilo, ou porque carregava um microfone com uma caixa de som nos
bolsos, mas nem me importei – ele era beeeeem estranho. Mas havia sido sua esquisitice
que nos salvara até agora, e nos dera esperança.
Após erguermos
Adele, que estava meio fora de si, e começarmos a andar, segurando-a com
delicadeza, partimos pelo corredor, procurando um esconderijo.
“Prometo”.
Minhas últimas palavras vieram à cabeça. Eles haviam assentido e continuado sua
missão, achando que eu cumpriria totalmente o acordo. E, em parte, eles estavam
certos. Sabiam que os ajudaria e eu ajudaria, pois éramos um time agora.
O que eles não
sabiam, entretanto, era que, quando eu prometera, também cruzara os dedos atrás
das costas.
Narrador observador on.
Quando
Eusébio chegou até a sala dos alarmes de segurança, parecia que todo o
esquadrão de sua fortaleza estava lá. Era uma sala pequena cheia de câmeras,
por isso a maior parte do esquadrão estava do lado de fora dela, no corredor.
Era dela que alguém havia soado o alarme. Eusébio abriu caminho entre a multidão,
entrando na salinha. Perto do tamanho dos brutamontes, ele parecia um patinho
indefeso e fraco. No entanto, seu rosto demonstrava fúria e rispidez típicas de
um líder incomodado.
–
O que foi que aconteceu?! Quem soou este alarme e por quê? – A voz de Eusébio
era ríspida e cheia de irritação.
–
Fui eu, senhor. – Tvailler abriu passagem e ficou frente a frente com Eusébio.
Eusébio
encarou-o com olhar impaciente.
–
E por quê? – A voz dele se esganiçava no final.
–
Porque... a... moça... fugiu da sala de água... – Tvailler parecia estar até
com medo de falar.
–
O QUÊ! – Eusébio começou a ficar tão vermelho que parecia uma pimenta. – E COMO
DIABOS ELA FEZ ISSO?
–
Ela... fugiu... pela... tubulação...
–
COMO?!
–
Não sei. Não pusemos câmeras na sala de água.
O
excêntrico raptor estava possesso. Começou a bradar ordens e gritar e
espernear.
–
Chequem as câmeras de segurança! Procurem em todos os corredores! Ela já deve
estar longe da tubulação, mas quero que a procurem lá dentro! Espreitem em cada
abertura de ar! Vão, vão, vão!
Os
brutamontes começaram a se dispersar aos poucos. Porém, ainda havia uma
quantidade suficientemente grande deles na sala quando alguém notou.
–
Olhem, o que está acontecendo ali?
–
Ali onde? – Ralhou Eusébio.
–
A sala de vidro?! Cadê os prisioneiros? Aquilo ali é... Sangue?! – Outro
gritou, olhando para as câmeras.
–
E ONDE ESTÃO OS GUARDAS?! – Eusébo gritou histérico, e seu rosto era o rosto de
um louco.
–
Estamos aqui! – Responderam os guardas que estavam vigiando a sala de vidro
anteriormente.
–
E POR QUÊ? – Eusébio era um louco agora.
–
Viemos por causa do alarme e...
–
ATRÁS DELES!!! AGORA IMBECIS, INCOMPETENTES, IGNORANTES, DESCEREBRADOS, GUARDAS
DE MEIA TIJELA, TIJOLOS DE SEGUNDA MÃO! QUEM ERA O IMBECIL QUE ESTAVA AQUI DE
VIGIA?! RUFUS?! ESTÁ DEMITIDO!
– Eusébio agora já não era
vermelho como uma pimenta. Ele parecia ter a cor do demônio.
Outro
brutamontes gritou para os guardas que saíam:
–
Encontrei-os! Eles estão no corredor 5-B, ala Y.
Os
guardas que saíam gritaram um grande
obrigado antes de voarem pelos corredores atrás dos novos fugitivos.
Eusébio
saiu logo em seguida, bufando de raiva, deixando apenas dois guardas
monitorando e dando as coordenadas de onde estavam os prisioneiros para os
outros. O alarme já havia sido silenciado, mas a agitação e o barulho nos
corredores da fortaleza nunca haviam sido tantos.
Pelas
câmeras da sala de segurança, viam-se locais brancos apinhados de homens
grandalhões correndo... E, em um único corredor, um pequeno grupo que ia lento
e desesperado.
Eram
os predadores cercando as presas.
Começava
uma grande, maligna e injusta... Caçada.
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