sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Capítulo 39 - Começa a caçada



Eu on.
O elevador parou de repente, e ouvi vozes abafadas atrás da portinhola. Senti que alguém se aproximava do elevadorzinho, e eu estava certa.
Uma rajada de luz iluminou o compartimento onde eu me encontrava, e vi uma mão com uma panela sendo erguida. A pessoa, quem quer que fosse, estava colocando uma panela no pequeno elevador, e eu comecei a suar. Certamente seria descoberta agora.
Porém, uma voz veio ríspida e mais distante da pessoa que ameaçava me encontrar, e ela nem chegou a erguer o resto da portinhola, simplesmente jogando a panela para dentro da pequena fresta que abrira e depois fechando-a de novo. A panela acertou a minha perna, mas eu não emiti um ruído sequer.
A voz era de Eusébio, e imaginei que o homem que colocava a panela teria se livrado logo dela para prestar continência a seu mestre.



Harry on.
Quando nos vimos livres dos vidros, ficamos aliviados. Mesmo com o cheiro de sangue agonizante e o choro do bebê, eu me sentia mais calmo.
Automaticamente me levantei e fui saindo pelo corredor pelo qual havíamos entrado.
– Aonde você vai?! – Perguntou Pitbull.
– Vou vingar a morte de alguém. – Eu não percebi ao princípio, mas lágrimas saíam dos meus olhos, apesar de minha expressão ser tão dura e fria que seria impossível alguém pensar que eu estava triste.
– Você não pode ir sozinho! – Gritou Barry. – Vão te pegar e tudo terá sido em vão. Temos que fugir! E temos que fugir AGORA!
– Como?! – repliquei. – Não sabemos aonde ir! Não sabemos onde fica a saída! Não sabemos se seremos pegos de novo?! Não esperam que os guardas sumam daqui para sempre, não é? Ou vocês acham que esse alarme é por alguma coisa boa? Temos que sumir daqui o mais rápido possível e encontrar a saída, mas não sabemos onde é a saída!
Todos se calaram e olharam para mim, com exceção de Key e Onew, que acudiam Adele como podiam.
– Temos que nos esconder... – Falou Pitbull – Antes que eles voltem aqui, e achar uma saída.
– Podemos fazer o seguinte: – propôs MinHo, e a voz dele me irritava só de ouvir. – Vamos sair daqui o mais rápido possível e encontrar um esconderijo para Taylor, Adele, Barry, Steven e Key, pelo menos. Depois, nós, os mais jovens, eu, Harry...
-– Não me inclua em seus planos! – Retruquei, nervoso por ele me incluir em suas ideias. Eu não dava essa liberdade a ele.
– Será que dá pra deixar esse ódio imbecil por mim de lado e ouvir a ideia que beneficia a todos? – Ele falava bravo, e eu ia responder, mas Pitbull me deu um olhar “maligno radúqui 5000” e eu fiquei quieto.
– Enfim, eu, Pitbull, Onew, Jonghyun, Taemin e Harry – por que ele pronunciou meu nome diferente?! Modo raiva on. – poderemos procurar por alguma saída enquanto o resto nos espera em segurança. O que acham?
Tá. O plano era bom, mas eu nunca admitiria isso para aquele coreano metido. Nem que eu tinha gostado da roupa dele... ou que o cabelo dele era maneiro... ou que invejava a determinação confiante que ele esbanjava... Mas, que era aquilo?! Que pensamentos eram aqueles? Concentrei-me no objetivo.
– Ok. – Pitbull respondeu por nós. – Nós topamos.
– Então vamos fazer isso. – Falou animado MinHo.
– Mas... Harry! – Falou Pitbull – Por favor, não se arrisque por ela. Não há mais volta para ela, mas há para nós, mesmo que ela ainda seja pequena. Uma centelha de esperança nos invade agora, e precisamos de você. Não vá vingá-la! Pense que, se conseguirmos sair daqui, poderemos denunciar este homem, ele será preso, e esta será a maior vingança que poderá efetuar.
Pensei nas palavras dele, mas não consegui absorvê-las como deveria. Ele estava certo, ela estava morta, não havia mais volta, por mais que meu coração parecesse ser esmagado por uma manada de elefantes quando eu pensava nisso. Mas, por outro lado, a raiva dominava cada veia de meu corpo, e o ódio, cada artéria. Eu era pura adrenalina e vontade de vingança. Era o meu lado mau falando, eu sabia, mas tudo aquilo que eu sentia era por amor...
– Promete? – Pitbull pressionou.
Pensei e pensei e pensei. Finalmente, depois do que pareceu uma eternidade, eu respondi.
– Prometo. – Eles assentiram e começaram a erguer Adele.
Fui até ela para ajuda-los. Coitada. Me perguntei como haviam cortado o cordão umbilical do bebê, que estava enrolado na camisa de Jonghyun no colo de Key. Depois, vi Taemin com uma coisa metálica no bolso, como um estilete. Não sei porque ele carregava aquilo, ou porque carregava um microfone com uma caixa de som nos bolsos, mas nem me importei – ele era beeeeem estranho. Mas havia sido sua esquisitice que nos salvara até agora, e nos dera esperança.
Após erguermos Adele, que estava meio fora de si, e começarmos a andar, segurando-a com delicadeza, partimos pelo corredor, procurando um esconderijo.
“Prometo”. Minhas últimas palavras vieram à cabeça. Eles haviam assentido e continuado sua missão, achando que eu cumpriria totalmente o acordo. E, em parte, eles estavam certos. Sabiam que os ajudaria e eu ajudaria, pois éramos um time agora.
O que eles não sabiam, entretanto, era que, quando eu prometera, também cruzara os dedos atrás das costas.



Narrador observador on.
                Quando Eusébio chegou até a sala dos alarmes de segurança, parecia que todo o esquadrão de sua fortaleza estava lá. Era uma sala pequena cheia de câmeras, por isso a maior parte do esquadrão estava do lado de fora dela, no corredor. Era dela que alguém havia soado o alarme. Eusébio abriu caminho entre a multidão, entrando na salinha. Perto do tamanho dos brutamontes, ele parecia um patinho indefeso e fraco. No entanto, seu rosto demonstrava fúria e rispidez típicas de um líder incomodado.
                – O que foi que aconteceu?! Quem soou este alarme e por quê? – A voz de Eusébio era ríspida e cheia de irritação.
                – Fui eu, senhor. – Tvailler abriu passagem e ficou frente a frente com Eusébio.
                Eusébio encarou-o com olhar impaciente.
                – E por quê? – A voz dele se esganiçava no final.
                – Porque... a... moça... fugiu da sala de água... – Tvailler parecia estar até com medo de falar.
                – O QUÊ! – Eusébio começou a ficar tão vermelho que parecia uma pimenta. – E COMO DIABOS ELA FEZ ISSO?
                – Ela... fugiu... pela... tubulação...
                – COMO?!
                – Não sei. Não pusemos câmeras na sala de água.
                O excêntrico raptor estava possesso. Começou a bradar ordens e gritar e espernear.
                – Chequem as câmeras de segurança! Procurem em todos os corredores! Ela já deve estar longe da tubulação, mas quero que a procurem lá dentro! Espreitem em cada abertura de ar! Vão, vão, vão!
                Os brutamontes começaram a se dispersar aos poucos. Porém, ainda havia uma quantidade suficientemente grande deles na sala quando alguém notou.
                – Olhem, o que está acontecendo ali?
                – Ali onde? – Ralhou Eusébio.
                – A sala de vidro?! Cadê os prisioneiros? Aquilo ali é... Sangue?! – Outro gritou, olhando para as câmeras.
                – E ONDE ESTÃO OS GUARDAS?! – Eusébo gritou histérico, e seu rosto era o rosto de um louco.
                – Estamos aqui! – Responderam os guardas que estavam vigiando a sala de vidro anteriormente.
                – E POR QUÊ? – Eusébio era um louco agora.
                – Viemos por causa do alarme e...
                – ATRÁS DELES!!! AGORA IMBECIS, INCOMPETENTES, IGNORANTES, DESCEREBRADOS, GUARDAS DE MEIA TIJELA, TIJOLOS DE SEGUNDA MÃO! QUEM ERA O IMBECIL QUE ESTAVA AQUI DE VIGIA?! RUFUS?! ESTÁ DEMITIDO!
– Eusébio agora já não era vermelho como uma pimenta. Ele parecia ter a cor do demônio.
                Outro brutamontes gritou para os guardas que saíam:
                – Encontrei-os! Eles estão no corredor 5-B, ala Y.
                Os guardas que saíam gritaram um  grande obrigado antes de voarem pelos corredores atrás dos novos fugitivos.
                Eusébio saiu logo em seguida, bufando de raiva, deixando apenas dois guardas monitorando e dando as coordenadas de onde estavam os prisioneiros para os outros. O alarme já havia sido silenciado, mas a agitação e o barulho nos corredores da fortaleza nunca haviam sido tantos.
                Pelas câmeras da sala de segurança, viam-se locais brancos apinhados de homens grandalhões correndo... E, em um único corredor, um pequeno grupo que ia lento e desesperado.
                Eram os predadores cercando as presas.
                Começava uma grande, maligna e injusta... Caçada.

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