domingo, 6 de janeiro de 2013

Capítulo 45 - A vilania é surpreendida



Harry on.
                Minha boca estava totalmente aberta e eu comecei a chorar de felicidade. Não que estar preso em um forte aperto, num lugar onde você não fazia ideia de onde ficava, sendo ameaçado de perder seu talento para sempre fosse algo bom... Mas a simples visão de alguém vivo que você ama e julgava estar morto até pouco tempo atrás enriquece de alegria qualquer coração.
                Eu queria gritar tudo para ela, mas não tinha palavras.
                Porém, minha felicidade não pôde durar muito tempo. Ela foi, logo, sendo substituída pelo medo, pelo receio, pela incerteza. Ela aparentemente conseguira fugir, mas agora que a tinham presa novamente, duvidei que não fossem mata-la pessoalmente.
                Dois guardas entraram apressados e interromperam a cena, porém:
                – Senhor! – Eusébio se virou para eles. – Os guardas da sala de câmeras estavam desacordados, e alguém simplesmente encharcou o painel de segurança, que está em curto, por isso não temos nenhuma visão das câmeras.
                Eusébio sorriu um sorriso demoníaco enquanto olhava dos guardas para ela. Quando lhe falou, sua voz era sarcástica e cortante como uma espada:
                – Deixe eu adivinhar... Você não teve nada a ver com isso, não é, princesinha?
                Ela não emitia um único som, mas engoliu em seco.
                – E você não teve nada a ver com a máquina não ter funcionado, certo? – O excêntrico raptor se aproximou dela ainda mais, em tom de ameaça. – Você é um grande problema para todos nós... Nem a sala de água conseguiu te deter, não é? Diga-me, como conseguiu abrir a tampa de metal que eu coloquei ali para evitar exatamente que algum espertinho tentasse fugir da morte?
                Ela não respondeu.
                – O gato comeu sua língua, meu bem? Vadia!
                Ele estava com o rosto muito próximo do dela. Subitamente, ela cuspiu nele.
                – Ah! Sua vagabunda! Que nojo! Que nojo! – Eusébio se afastou pulando agitadamente, como um garotinho mimado fazendo birra. – Você vai pagar! Esta é a última vez que prejudicou a mim! Brutus, sei que a inimizade entre vocês dois é forte, e confio em você, então... Pode fazer as honras...
                Brutus sorriu malignamente e começou a arrastá-la em direção à porta por onde havíamos entrado.
                – Não! PARE! – Minha voz saiu impulsiva e potente, como se eu não tivesse controle sobre ela. – VOCÊ NÃO VAI FAZER NADA COM ELA!
                – Ah, é? – Eusébio ergueu uma das sobrancelhas, com olhar inquisidor, um cínico meio sorriso em seus lábios. – E quem vai me impedir?
                – Nós vamos! – Duas vozes que eu nunca ouvira antes saíram do elevador, enquanto as portas deste se abriam, revelando duas mulheres com óculos escuros e roupas pretas.
                Todos olharam pasmados para aquelas duas figuras, e os guardas de Eusébio já estavam correndo atrás delas, quando o mestre fez um sinal com as mãos e eles pararam.
                – Vocês? – Ele parecia curioso, mas havia um tom de deboche em sua voz. – Quem são vocês?
                – Isso não lhe diz respeito. – Respondeu a mais alta.
                Eusébio fez uma careta.
                – E como duas garotas magrelas e indefesas como vocês pretendem derrotar a mim e a meu exército?! – Ele indagou.
                As duas mulheres olharam uma para a outra e sorriram, dessa vez as duas com ar de deboche.
                – Vilões... – Falou a mais baixa, que tinha traços orientais. – Nunca aprendem... – E dizendo isso, tiraram duas armas de cada um dos lados da calça e apontaram para os lados, se colocando em posição de batalha.
                Eusébio arregalou os olhos e berrou, ordenando que seus guardas avançassem. Estes também tinham armas, e estavam pegando-as, quando...
                ZUIP!
                ZUIP!
ZUIP!
As duas moças apertavam os gatilhos de suas armas a uma velocidade incrível. Porém, deles, não saíam bala alguma. Eram pequenos dardos, que, ao se enfincarem no corpo de seus alvos, tinha efeito imediato, e os brutamontes caíam no chão, desacordados.
Como, porém, eram muitos brutamontes para poucas armas, tiros começaram a ser disparados em várias direções, enquanto elas se locomoviam sagazes para vários lados, desviando das balas.
Eusébio e Robim correram ao elevador, quase sendo acertados por dois dardos, que bateram na porta que se fechou exatamente no momento certo.
Não sei o que foi – um dardo ou uma bala – que acertou o brutamontes que me segurava, mas eu automaticamente me joguei no chão e comecei a me arrastar por aquele caos. Segui para trás das máquinas de Eusébio. Quando cheguei lá, as duas moças, MinHo, Onew, Taemin, Jonghyun e Pitbull também estavam lá, se protegendo das balas.
As moças atiravam e recebiam tiros, se escondendo atrás do metal, e nos protegendo.
Aquele tiroteio parecia não acabar, e foi aí que notei uma coisa.
– Onde está ela?! – Espiei pela fresta entre as máquinas a tempo de vê-la sendo arrastada por Brutus para fora do salão.
– Não! – Eu estava saindo de trás da proteção quando uma das moças me segurou e não me deixou sair.
– Você não pode ir lá! – Era a magrela alta, e achei que seu aperto era um pouco forte demais para sua magreza.
– Eu preciso salvá-la!
– NÃO! VOCÊ VAI FICAR AQUI! – Disto isso, ela me jogou no chão a seu lado e, antes que eu tivesse alguma chance de sair, me algemou contra um cano que ligava todas as máquinas.
Fiquei muito nervoso. Brutus ia mata-la! Eu não poderia deixar!
Mas não tinha outra opção.
               
Eu on.
                Brutus me arrastou por vários corredores, me enforcando cada vez mais em seu aperto. A certo ponto, ele abriu uma porta e me jogou para dentro de uma sala, deixando-a aberta.
                Depois de respirar ofegantemente, olhei em volta. Não era uma sala muito grande, e parecia uma enfermaria. Havia uma maca em um cantinho e...
                Não houve tempo para que eu observasse mais o lugar. Brutus me segurou pelos cabelos e me jogou em cima da maca, me fazendo arrancar um grito de dor terrível. Achei até que meu couro cabeludo tivesse se desgrudado de minha cabeça.
                Já deitada, ele segurou meu pescoço, e foi apertando. Eu já estava cançada de quase morrer naquelas circunstâncias, mas algo me dizia que ele não iria me matar sufocada.
                Eu me debatia na maca, e ele, ainda segurando meu pescoço com uma das mãos, começou a mexer em alguns instrumentos em um balcão ao lado.
                Pelo canto do olho, vi equipamentos médicos cirúrgicos dos mais variados. Tinham pontudos, alguns com serras, agulhas, injeções, bisturis, entre outros...
                Ele escolheu a injeção. Com a mais fina das agulhas. Depois, se voltou para mim e soltou meu pescoço, mas apoiou a perna um meu tronco para que eu não fugisse, e pegou minha mão, percorrendo-a até chegar ao topo do dedo médio.
                Compreendi imediatamente o que ele iria fazer. Enfincaria a agulha pela minha unha, cada vez mais.
                Antigamente, especialmente durante a guerra fria, dizem que os métodos de tortura principais usados com os espiões inimigos capturados eram com as unhas. Arrancar as unha dos dedos ou enfincar alfinetes dentro delas fazia qualquer confessar o que quer que fosse.
                Ele ia fazer mais ou menos aquilo comigo. Com uma agulha.
                – Gosto de torturar minhas vítimas antes de mata-las... – Ele disse, sorrindo diabolicamente, preparando-se para enfiá-la fundo.
                Eu fechei os olhos, que já estavam marejados de lágrimas, esperando o pior. Mas, em vez disso...
                ZUIIIIMMMMM!
                Um barulho de choque foi captado por meus ouvidos, e pensei então que Brutus tivesse pego uma arma de choque para usar em mim. Mas não senti dor alguma, apenas o aperto de Brutus se soltando, e ouvi a injeção com a agulha caindo no chão.
                Abri os olhos e pude ver Brutus paralisado, caindo no chão logo em seguida, com um forte estrondo.
                À minha frente, Louis segurava uma arma de choque em posição de ataque, com o rosto alegre como o de um menino que acabou de ganhar o presente de Natal que sempre quisera.
                – YES! Eu adorei isso aqui! - Ele disse animado, pulando agitado.
                Chorando de felicidade, desci da maca, pulei Brutus e abracei Louis.
                – Pensei que estivesse morta! – Ele me disse.
                – Eu também pensei que estaria. – Respondi, molhando sua blusa com minhas lágrimas.

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