Harry on.
Minha
boca estava totalmente aberta e eu comecei a chorar de felicidade. Não que
estar preso em um forte aperto, num lugar onde você não fazia ideia de onde
ficava, sendo ameaçado de perder seu talento para sempre fosse algo bom... Mas
a simples visão de alguém vivo que você ama e julgava estar morto até pouco
tempo atrás enriquece de alegria qualquer coração.
Eu
queria gritar tudo para ela, mas não tinha palavras.
Porém,
minha felicidade não pôde durar muito tempo. Ela foi, logo, sendo substituída
pelo medo, pelo receio, pela incerteza. Ela aparentemente conseguira fugir, mas
agora que a tinham presa novamente, duvidei que não fossem mata-la
pessoalmente.
Dois
guardas entraram apressados e interromperam a cena, porém:
–
Senhor! – Eusébio se virou para eles. – Os guardas da sala de câmeras estavam
desacordados, e alguém simplesmente encharcou o painel de segurança, que está
em curto, por isso não temos nenhuma visão das câmeras.
Eusébio
sorriu um sorriso demoníaco enquanto olhava dos guardas para ela. Quando lhe
falou, sua voz era sarcástica e cortante como uma espada:
–
Deixe eu adivinhar... Você não teve nada a ver com isso, não é, princesinha?
Ela
não emitia um único som, mas engoliu em seco.
–
E você não teve nada a ver com a máquina não ter funcionado, certo? – O
excêntrico raptor se aproximou dela ainda mais, em tom de ameaça. – Você é um
grande problema para todos nós... Nem a sala de água conseguiu te deter, não é?
Diga-me, como conseguiu abrir a tampa de metal que eu coloquei ali para evitar
exatamente que algum espertinho tentasse fugir da morte?
Ela
não respondeu.
–
O gato comeu sua língua, meu bem? Vadia!
Ele
estava com o rosto muito próximo do dela. Subitamente, ela cuspiu nele.
–
Ah! Sua vagabunda! Que nojo! Que nojo! – Eusébio se afastou pulando agitadamente,
como um garotinho mimado fazendo birra. – Você vai pagar! Esta é a última vez
que prejudicou a mim! Brutus, sei que a inimizade entre vocês dois é forte, e
confio em você, então... Pode fazer as honras...
Brutus
sorriu malignamente e começou a arrastá-la em direção à porta por onde havíamos
entrado.
–
Não! PARE! – Minha voz saiu impulsiva e potente, como se eu não tivesse
controle sobre ela. – VOCÊ NÃO VAI FAZER NADA COM ELA!
–
Ah, é? – Eusébio ergueu uma das sobrancelhas, com olhar inquisidor, um cínico
meio sorriso em seus lábios. – E quem vai me impedir?
–
Nós vamos! – Duas vozes que eu nunca ouvira antes saíram do elevador, enquanto
as portas deste se abriam, revelando duas mulheres com óculos escuros e roupas
pretas.
Todos
olharam pasmados para aquelas duas figuras, e os guardas de Eusébio já estavam
correndo atrás delas, quando o mestre fez um sinal com as mãos e eles pararam.
–
Vocês? – Ele parecia curioso, mas havia um tom de deboche em sua voz. – Quem
são vocês?
–
Isso não lhe diz respeito. – Respondeu a mais alta.
Eusébio
fez uma careta.
–
E como duas garotas magrelas e indefesas como vocês pretendem derrotar a mim e
a meu exército?! – Ele indagou.
As
duas mulheres olharam uma para a outra e sorriram, dessa vez as duas com ar de
deboche.
–
Vilões... – Falou a mais baixa, que tinha traços orientais. – Nunca aprendem...
– E dizendo isso, tiraram duas armas de cada um dos lados da calça e apontaram
para os lados, se colocando em posição de batalha.
Eusébio
arregalou os olhos e berrou, ordenando que seus guardas avançassem. Estes
também tinham armas, e estavam pegando-as, quando...
ZUIP!
ZUIP!
ZUIP!
As duas moças
apertavam os gatilhos de suas armas a uma velocidade incrível. Porém, deles,
não saíam bala alguma. Eram pequenos dardos, que, ao se enfincarem no corpo de seus
alvos, tinha efeito imediato, e os brutamontes caíam no chão, desacordados.
Como, porém,
eram muitos brutamontes para poucas armas, tiros começaram a ser disparados em
várias direções, enquanto elas se locomoviam sagazes para vários lados,
desviando das balas.
Eusébio e
Robim correram ao elevador, quase sendo acertados por dois dardos, que bateram
na porta que se fechou exatamente no momento certo.
Não sei o que
foi – um dardo ou uma bala – que acertou o brutamontes que me segurava, mas eu
automaticamente me joguei no chão e comecei a me arrastar por aquele caos.
Segui para trás das máquinas de Eusébio. Quando cheguei lá, as duas moças,
MinHo, Onew, Taemin, Jonghyun e Pitbull também estavam lá, se protegendo das
balas.
As moças
atiravam e recebiam tiros, se escondendo atrás do metal, e nos protegendo.
Aquele
tiroteio parecia não acabar, e foi aí que notei uma coisa.
– Onde está
ela?! – Espiei pela fresta entre as máquinas a tempo de vê-la sendo arrastada
por Brutus para fora do salão.
– Não! – Eu estava
saindo de trás da proteção quando uma das moças me segurou e não me deixou
sair.
– Você não
pode ir lá! – Era a magrela alta, e achei que seu aperto era um pouco forte
demais para sua magreza.
– Eu preciso
salvá-la!
– NÃO! VOCÊ
VAI FICAR AQUI! – Disto isso, ela me jogou no chão a seu lado e, antes que eu
tivesse alguma chance de sair, me algemou contra um cano que ligava todas as
máquinas.
Fiquei muito
nervoso. Brutus ia mata-la! Eu não poderia deixar!
Mas não tinha
outra opção.
Eu on.
Brutus
me arrastou por vários corredores, me enforcando cada vez mais em seu aperto. A
certo ponto, ele abriu uma porta e me jogou para dentro de uma sala, deixando-a
aberta.
Depois
de respirar ofegantemente, olhei em volta. Não era uma sala muito grande, e
parecia uma enfermaria. Havia uma maca em um cantinho e...
Não
houve tempo para que eu observasse mais o lugar. Brutus me segurou pelos
cabelos e me jogou em cima da maca, me fazendo arrancar um grito de dor
terrível. Achei até que meu couro cabeludo tivesse se desgrudado de minha
cabeça.
Já
deitada, ele segurou meu pescoço, e foi apertando. Eu já estava cançada de
quase morrer naquelas circunstâncias, mas algo me dizia que ele não iria me
matar sufocada.
Eu
me debatia na maca, e ele, ainda segurando meu pescoço com uma das mãos,
começou a mexer em alguns instrumentos em um balcão ao lado.
Pelo
canto do olho, vi equipamentos médicos cirúrgicos dos mais variados. Tinham
pontudos, alguns com serras, agulhas, injeções, bisturis, entre outros...
Ele
escolheu a injeção. Com a mais fina das agulhas. Depois, se voltou para mim e
soltou meu pescoço, mas apoiou a perna um meu tronco para que eu não fugisse, e
pegou minha mão, percorrendo-a até chegar ao topo do dedo médio.
Compreendi
imediatamente o que ele iria fazer. Enfincaria a agulha pela minha unha, cada
vez mais.
Antigamente,
especialmente durante a guerra fria, dizem que os métodos de tortura principais
usados com os espiões inimigos capturados eram com as unhas. Arrancar as unha
dos dedos ou enfincar alfinetes dentro delas fazia qualquer confessar o que
quer que fosse.
Ele
ia fazer mais ou menos aquilo comigo. Com uma agulha.
–
Gosto de torturar minhas vítimas antes de mata-las... – Ele disse, sorrindo diabolicamente,
preparando-se para enfiá-la fundo.
Eu
fechei os olhos, que já estavam marejados de lágrimas, esperando o pior. Mas,
em vez disso...
ZUIIIIMMMMM!
Um
barulho de choque foi captado por meus ouvidos, e pensei então que Brutus
tivesse pego uma arma de choque para usar em mim. Mas não senti dor alguma, apenas
o aperto de Brutus se soltando, e ouvi a injeção com a agulha caindo no chão.
Abri
os olhos e pude ver Brutus paralisado, caindo no chão logo em seguida, com um
forte estrondo.
À
minha frente, Louis segurava uma arma de choque em posição de ataque, com o
rosto alegre como o de um menino que acabou de ganhar o presente de Natal que
sempre quisera.
–
YES! Eu adorei isso aqui! - Ele disse animado, pulando agitado.
Chorando
de felicidade, desci da maca, pulei Brutus e abracei Louis.
–
Pensei que estivesse morta! – Ele me disse.
–
Eu também pensei que estaria. – Respondi, molhando sua blusa com minhas
lágrimas.
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