quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Capítulo 48 - Melhor ou pior?



Eu on.  
Acordei com a cabeça dolorida. Assim que meus olhos focalizaram com clareza o ambiente ao meu redor, percebi muito claramente onde estava. Era um quarto de hospital.
Com dificuldade – meu corpo parecia pesar uma tonelada – sentei-me na confortável cama onde estava. O quarto era bem grande, e tinha um calor interessantemente aconchegante que emanava dele, mesmo que eu sempre houvesse detestado hospitais.
Não havia ninguém na sala, então resolvi levantar da cama e explorar um pouco o ambiente.
Descobri o resto do meu corpo e sentei na lateral da cama, os pés ainda não alcançando o chão. Foi nesse instante que vi a faixa ao redor de minha perna. Ela estava um pouco suja de sangue, mas bem pouco. Lembrei-me quase instantaneamente dos últimos segundos que transcorreram por meus olhos antes que eu perdesse a consciência.
Brutus e Eusébio fazendo suas última tentativas para me matarem; Robim salvando a mim; Brutus me mostrando o dedo do meio; a explosão que quase engoliu o helicóptero onde estávamos...
De repente, me lembrei de todos no avião. Os artistas, aquela moça loira com óculos escuros, Robim, um brutamontes, Harry...
Harry!
Minha mente começou a funcionar a mil por hora. O que teria acontecido a Harry?! Teria sobrevivido?! Não, não suportaria a ideia dele ter morrido.
Pus os pés no chão para ir procurar informações sobre Harry, mas ao primeiro contato de sua superfície com o chão, me estatelei no mesmo.
Com calma, me sentei no chão e, me apoiando na cama, ergui meu corpo bem devagar. Soltei a borda da cama e dei pequenos e leves passos, minha perna tão mole que eu achava que ia cair no chão a todo segundo.
Quase chegando à porta, uma coisa chamou a minha atenção. Ao lado da porta havia um pequeno conjunto de sofás, e uma mesa de centro no meio entre eles. Ela estava repleta de presentes. Um criado-mudo ao lado da maca também continha vários deles, percebi pela primeira vez.
Caminhei no meu ritmo tartaruga até eles, e o primeiro que observei bem foi um lindíssimo ramalhete de rosas vermelhas e brancas. Tinha um cartão: Era de Liam.
Uma lembrança a você...
Fique bem logo,
Liam
Ah! Bem típico dele! Simples, bonito e fofo! Virei meus olhos para o outro. Era uma cesta repleta de brigadeiros de um lado, e de batatas de outro. Nem precisei ler o cartão para saber que vinham dos cumprimentos de Vovó Horan e seu “netinho” Niall.
Passei para o seguinte: Sapatos de grife. Zayn havia mandado, e aquela era uma prova
O primeiro presente do criado-mudo que vi também estava em uma cesta. Eram... Cenouras? Ah, só podia ser o Louis. Ah, e também tinha uma pelúcia de um pombo. É, definitivamente era do Louis.
E havia mais um ao lado do de Louis... Na verdade, era apenas um cartão. Abri-o.
Oi...
Eu espero que esteja melhor quando ler isto. Estou muito preocupado, mas disseram que você ia ficar bem... Quero vê-la logo.
Melhoras.
Seja lá quem fosse, não havia assinado o bilhete. Uma pena. Era gratificante saber que alguém se preocupava com você.
Ainda li cartões de meus pais e irmãs antes de sair girar finalmente a maçaneta da porta e sair para o corredor.
Logo no início da minha aventura, porém, uma enfermeira grande e gorda apareceu na minha frente e me impediu de continuar.
– Ei, moça! Espere bem aí! Você não pode sair. Seu caso é de emergência máxima. – Ela me disse.
– Mas eu estou bem! – Repliquei. Era verdade. Tirando as pernas bambas, eu estava ótima!
– Já se olhou no espelho, meu bem? – Ela disse, cínica, antes de me estender um espelho pequeno que estava no bolso de seu avental.
Quando vi meu rosto, quase desmaiei. Eu parecia eu mesma, mas tinha a palidez de uma morta. E estava muito mais magra do que eu gostaria. Levei um susto, e pela minha expressão, a enfermeira percebeu.
– Vamos lá para dentro! Você ainda tem muito que descansar!
– Senhora! Por favor, eu preciso saber onde estão meus amigos...
– Eu sei que eles virão visita-la em breve, assim que eu liberar as visitas.
– Você não compreende! É questão de vida ou morte! Eu NECESSITO com todas as minhas forças saber se Harry morreu...
– Quem?! Harry?! Ah, sim, ele morreu há pouco tempo, na UTI. Sinto muito querida! Agora vai! Entra logo aí!
Quando ela disse que Harry havia morrido, meu coração despencou. Eu paralisei, e sentia a enfermeira me empurrando, mas eu não saía do lugar. Estava entorpecida da cabeça aos pés, sem contar meu próprio cérebro. Meu sistema nervoso, porém, estava a mil, compensando a ineficiência do resto de meu organismo.
Eu comecei a chorar, a gritar, a espernear como uma garotinha mimada que tem medo de injeção. Não era possível que ele tivesse morrido! Não, não podia ser! Eu não poderia viver com aquilo! Não poderia viver sem Harry! Eu precisava vê-lo! Mas eu não poderia... Nunca mais! Porque Harry Styles estava morto.
E, naquele instante, por mais viva que eu estivesse, eu também estava morta.

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