Narrador observador on.
Duas semanas
depois...
– Espera...
Explica de novo... Como foi que você chegou à sala das câmeras? – Perguntou
Liam, embasbacado.
– Eu pulei
dentro do elevador de comida, que dava bem nessa sala. – Respondeu a diplomata,
mais uma vez.
– Caraca! –
Era Niall.
– Acho que
aquele apelido que a gente deu pra você veio bem a calhar, não é Harry?! –
Exclamou Louis mordiscando um cupcake.
– Que apelido?
– ela perguntou.
– Ah, de “Dama
do Elevad”... – Louis não conseguiu terminar a frase, pois um bolinho de
chocolate foi parar bem no meio de sua cara.
– Louis, por
que não come esse bolinho que eu gentilmente passei para você! – Desviou a
conversa Harry, encarando-o malignamente. Louis emburrou, mas ficou quieto.
Eles estavam
em um pequeno Café, já de volta à Irlanda. Há uma semana a diplomata recebera
alta do hospital, e ela e o resto do One Direction voaram de volta para Dublin,
onde tudo começara.
A “Dama do
Elevador” passara a semana inteira dando entrevistas e respondendo à milhões de
perguntas sobre o sequestro, sem falar das formalidades que teve de resolver em
seu trabalho. Com os meninos da 1D não havia sido diferente. Depois de quase
uma semana de correria, eles combinaram de se encontrar para conversar, e lá
estavam eles.
Harry e a diplomata
não haviam se visto muito nos últimos dias, mas estavam sentados lado a lado, e
cada vez que olhavam um para o outro, falavam com o coração. Estavam
visivelmente apaixonados. Só havia um problema.
– Então você
vai mesmo ter que voltar para o Brasil? – Perguntou Harry com uma carinha
triste.
– Eu não sei
ainda. Preciso ver minha família, resolver algumas coisas lá... Mas ainda estou
decidindo... – respondeu a diplomata.
Realmente, ela
ainda estava decidindo. Comprara uma passagem para o Brasil, e deveria embarcar
no final da tarde daquele dia. Mas ela não queria voltar, e nem dissera nada a
respeito de sua passagem aos rapazes. Afinal, ela ainda não tinha certeza se a
usaria.
Harry passara
os últimos dias com aquela preocupação. Ele sabia que, mais cedo ou mais tarde,
a “Dama do Elevador” teria de voltar para seu país. Afinal, ela não morava em
Dublin e estava lá apenas a trabalho. Na verdade, ela inclusive já deveria ter
voltado, mas o governo brasileiro lhe dará mais alguns dias de tolerância para que
ela participasse das entrevistas internacionais.
Quando a
conheceu, Harry evidentemente gostara dela, mas não achou que fosse gostar
àquele ponto. Ele estava apaixonadíssimo, e a simples ideia de ela voltar para
seu país deixava-o com medo. Ela morava lá, e tinha trabalho, e a possibilidade
de que ela não pudesse voltar estava queimando Harry por dentro...
Mas ele não
deixava aquilo transparecer, obviamente.
Tirando essas
preocupações, o ambiente do Café estava incrivelmente acolhedor.
A certo
momento, Liam atendeu ao telefone:
– Alô? Oi
Eloisa!... Ah, tá, desculpa. Oi ELO!
Melhorou?... Jantar? Hoje? Às seis? Estamos todos convidados?! Ah, tudo bem, eu
aviso... Pra você também. Tchau.
Liam desligou
o telefone e informou a todos que Eloisa, a mocinha que outrora trabalhava com
as avós na cozinha da fortaleza de Eusébio, os convidara para jantar com ela
num restaurante próximo.
–- Hummmm... –
Arriscou provocativo Zayn – Elo, é?
Liam ficou
vermelho.
– Ela não
gosta que a chamem de Eloisa e...
– Para de tentar
disfarçar Liam, todo mundo percebeu o clima que tem rolado entre vocês... –
Continuou Zayn.
–
Hunf! Pelo menos não fui eu que fiquei dando em cima de uma agente secreta que
eu só conheço por “E”... – Replicou Liam a Zayn.
–
Ei! – Zayn parecia ofendido. – Golpe baixo!
Mas
era verdade. Zayn tentara conseguir o telefone da agente “E”. Infelizmente, ela
disse o que todos os homens têm medo:
“Você
é bonito, mas no momento eu tenho um compromisso com meu trabalho... Quem sabe
um dia, no futuro...” – E ela saiu sorrindo, deixando Zayn ainda mais
apaixonado, apesar de triste.
As
brincadeiras continuaram, em clima muito alegre. Chovia intensamente do lado de
fora, mas dentro estava tudo quentinho e aconchegante. A paz reinava e todos
estavam tranquilos.
Até uma voz
surgir por trás de Harry e da diplomata.
– Ora, ora,
ora... Quem eu encontrei aqui!
Harry se
enrijeceu todinho, o olhar se endurecendo. Os outros rapazes também ficaram
alertas, as expressões carrancudas.
–
O que você quer aqui, Parker? – Louis se ergueu da mesa em tom de ameaça.
Parker
sorriu debochadamente.
–
Não se preocupe, Louis Tomlinson... Eu não vim incomodar vocês... Só queria
saber como a garota estava...
Parker
se afastou dois passos e a diplomata se levantou lentamente, virando-se, em
seguida, para ele.
Ela,
apesar de tudo, não sorria.
–
Oh, minha querida! Vejo que você está muito melhor! Da última vez em que vi
você no hospital, estava tão pálida! Recebeu o meu bilhete?
–
Era seu... Aquele sem remetente? – Ela perguntou, e quando ele confirmou, ela
sorriu muito levemente. – Ah, obrigada pela preocupação.
–
Eu jamais deixaria de me preocupar com você... – Ele disse enquanto dava alguns
passos, se aproximando dela.
Porém,
antes que chegasse perto de mais, Harry se pôs de pé na frente da diplomata, e
segurou sua mão. Ela retribuiu o aperto, e Tom notou um brilho estranho passar
pela feição dela, como se ao simples toque de Harry, ela se sentisse mais
segura, mais viva.
Parker
parou e encarou Harry.
Harry
devolveu ferozmente o olhar.
Parker
então compreendeu que, o que quer que tivesse acontecido enquanto eles
estiveram sob custódia do sequestrador, aquilo os aproximara, de alguma forma.
Com
um olhar triste, Parker encarou Harry e depois a “Dama do Elevador”, se
demorando muito tempo nela, antes de continuar.
–
Tudo bem... Tudo bem... Eu perdi. Eu admito, eu perdi, Styles. Tem a glória e a
fama. E, quando quiser que eu faça o reconhecimento público, como combinamos, é
só dizer...
–
Como assim? Vocês combinaram o quê? Do que ele está falando Harry? – Perguntou,
confusa, a diplomata.
–
Não é nad... – Começou Harry, mas foi interrompido por Tom.
–
Ele não te contou, querida? Nós apostamos qual de nós dois seria o primeiro a conquistá-la.
O vencedor levava a fama, a glória e o reconhecimento público do outro de que
era superior.
O
rosto da diplomata esmaeceu. Pareceu desmoronar. Ela abriu a boca e olhou para
a sua mão, segura na de Harry.
–
Vocês... Apostaram? – A decepção em
seu rosto e em sua voz era muito mais do que evidente.
–
Tchauzinho... – Parker sorriu diabolicamente, virou as costas e foi embora.
Quando
ele saiu, Louis percebeu que todo o Café estivera assistindo ao “espetáculo”.
A
“Dama do Elevador” tornou a peguntar, mas dessa vez sua voz tinha raiva e um
pingo de impaciência.
–
Não, a gente não... – começou Harry.
–
NÃO MINTA PARA MIM, HARRY EDWARD STYLES! – Ela elevou a voz. – EU QUERO A VERDA
DE!
–
Olha, no início até foi uma aposta para ver qual de nós dois te conquistava
primeiro, mas depois isso tudo mud...
–
Então quer dizer que, esse tempo todo, aqueles presentes, as voltas pela
cidade, o jantar, o vestido, tudo foi para que você me ganhasse primeiro que
Parker?!
–
Não, não foi isso, é que...! – Harry começou a se desesperar.
–
Mas é claro! Por que eu ia me declarar pra você na noite em que fomos
sequestrados, no baile, onde Tom também estava! Irônico, não?!
–
O quê?! – e Harry perdeu o fio da meada, se esquecendo do que tentava explicar.
– Você ia se declarar pra mim e beijou o Parker? Você é maluca?
–
Sabe, eu não sei o que eu estou fazendo aqui com Harry Styles, o conquistador.
Como fui estúpida! Me preocupei tanto em não cair nos seus joguinhos e no
final, era tudo um deles! Eu realmente pensei que você gostava de mim,
principalmente depois do que passamos. Mas, para variar, sou mais uma ingênua
que não cedeu ao “charmoso” Harry! Quem garante que iria ficar insistindo em
mim se não houvesse uma aposta, um objetivo?! Eu era apenas o último brinquedo
da prateleira mais alta, que duas crianças disputam para ver quem é a primeira
que alcança e fica com ele, não é?
–
Pare de falar essas baboseiras! Você sabe que eu gosto de você! Eu... Eu tomei
um tiro por você!
–
Teria feito o mesmo por Taylor, que usou e largou no final como um lenço de
papel...
–
DÁ PRA PARAR DE SER IDIOTA E ME DEIXAR FALAR?
Depois
que Harry gritou isso, a diplomata deu um tapa em seu rosto e saiu correndo até
a porta do Café.
Harry
a correr pela chuva e alcançar um táxi.
No
Café, todos olhavam a cena.
Eu on.
Não
acreditei no que acabara de acontecer! Então eu havia sido apenas um jogo para
Harry. Como pude duvidar que fosse apenas um jogo?! Quer dizer, eu sabia
daquilo desde o início e me deixei levar!
Ele era bom. Ele era muito bom.
Eu
estava confusa. Por um lado, o sacrifício de Harry era algo especial, e não
tinha como saber se seria só comigo ou com qualquer outro a quem ele se
afeiçoasse mais, o que provaria que sua alma era nobre e livre de mentiras, mas
não que o motivo seria eu, especificamente.
Será que não faria o mesmo com Louis, Taylor, ou qualquer um dos presentes no
local, se estivessem na minha pele?! Que garantia eu tinha daquilo? E, além de
tudo, ele estava em débito comigo, porque por causa dele eu havia sido sequestrada também. Por outro, a aposta, um jogo
de galãs, uma disputa de “deuses”... Quem não garante que, mesmo depois de
sequestrado, Harry continuasse o jogo, e tivesse usado o sequestro como
artifício a seu favor... Era absurdo, desumano e improvável, mas que garantia
eu tinha de que aquilo não acontecera?
Eu
estava tão chateada por ter sido enganada e manipulada que, no táxi, comecei a
chorar.
Porém,
o que mais me dilacerava, era o fato de estar tolamente apaixonada por Harry,
ainda.
O
táxi me conduziu até o hotel onde eu conhecera Harry pela primeira vez, e onde
milhares de fotógrafos me esperavam. Disfarcei o rosto triste e, uma vez no
hotel, livre de câmeras, subi ao meu quarto e comecei a arrumar minhas malas.
Eu devo ter demorado uns dez minutos para juntar tudo e chamar o serviço de
hotel para descarregar minhas malas e mandar uma limusine vir me buscar. Foi
rápido, porque minhas coisas já estavam semi-arrumadas.
Eu
já havia decidido. Voltaria ao Brasil aquele final de tarde, e tentaria
esquecer Harry e todo o resto. Todas as fantasias, as felicidades... Tudo.
Quando
fui pagar a conta da recepção, informei à recepcionista:
–
Estou voltando para o Brasil hoje, senhora. – Na verdade não era uma senhora,
era uma mulher de uns vinte e cinco anos mascando chiclete, com o rosto oleoso
e cabelos igualmente oleosos, escuros na raiz e amarelo-canário no resto. Tinha
uma caneta na orelha esquerda. – Aqui está minha chave. – Entreguei a ela
aquela chave que parecia ter sido minha a vida inteira, onde estava escrito
“room 43”. – Se alguém vier me procurar aqui, informe que meu voo sai às 18:50
do aeroporto, ok?
–
Tá, às 15:50. – Ela repetiu, a voz esganiçada e irritantemente fina.
–
Não – eu falei de novo – às 18:30!
–
Ah, tá... – Ela balançou a cabeça em sinal de compreensão. – Pode deixar.
Depois
disso eu saí do hotel rumo à minha limusine pela porta dos fundos, para não ser
notada pelos fotógrafos.
Harry on.
Eu
a vi passando pela porta e entrar no táxi. Minha bochecha formigava pelo tapa,
e eu estava muito nervoso, irritado e chateado ao mesmo tempo.
Olhei
para os meninos na mesa.
–
Dá pra acreditar?! – Eu me sentei e coloquei o rosto entre as mãos. – Eu nunca
vou entender as mulheres. E como assim ela ia se declarar pra mim? Eu a vi
beijando o Parker naquela noite. Pensei que ela tivesse meio que começado a
gostar de mim depois que nós fomos sequestrados!
–
Hummm... Harry... Tem uma coisinha que me esqueci de dizer pra você sobre o
beijo entre ela e o Parker... – Louis falou timidamente.
Olhei
inquisidoramente para Louis.
–
Desembucha. – Falei.
Narrador observador on.
Harry
saiu correndo do Café e entrou no primeiro táxi que viu pela frente.
Harry on.
Meu
motorista errou o caminho para o hotel – onde eu imaginava que ela estava – e
ficamos presos no trânsito por mais de uma hora e meia.
Quando,
finalmente, chegamos ao hotel, corri para dentro, fugindo dos flashes, e parei
na recepção.
Uma
moça feia mascando chiclete me encarou.
–
Sim? – Ela perguntou.
–
Pode telefonar para o quarto 43?
–
Senhor, o quarto 43 está vazio.
–
O quê? Mas...
–
É o da diplomata, não é? Ela foi pegar um voo de volta para o Brasil.
–
O quê? E que horas parte o voo dela?
–
Hummmm... Ah, sim! O voo saía às 15:50.
Olhei
no relógio. Ele marcava 16:30.
Eu
me afastei do balcão, muito triste. Então, depois da nossa briga, ela resolveu
voltar para o Brasil. E eu nem ia ter chance de me desculpar com ela pelo lance
do Parker... Se Louis tivesse me contado que ele (o Parker) havia a agarrado e depois beijado! Talvez ela nem
tivesse ido embora. Talvez nós tivéssemos resolvido a questão...
Parei
de pensar de repente.
Minha
mente estava vazia.
E
meu coração, também.
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