segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Capítulo 50 parte 1 - A última intromissão de Parker

Narrador observador on.
Duas semanas depois...
– Espera... Explica de novo... Como foi que você chegou à sala das câmeras? – Perguntou Liam, embasbacado.
– Eu pulei dentro do elevador de comida, que dava bem nessa sala. – Respondeu a diplomata, mais uma vez.
– Caraca! – Era Niall.
– Acho que aquele apelido que a gente deu pra você veio bem a calhar, não é Harry?! – Exclamou Louis mordiscando um cupcake.
– Que apelido? – ela perguntou.
– Ah, de “Dama do Elevad”... – Louis não conseguiu terminar a frase, pois um bolinho de chocolate foi parar bem no meio de sua cara.
– Louis, por que não come esse bolinho que eu gentilmente passei para você! – Desviou a conversa Harry, encarando-o malignamente. Louis emburrou, mas ficou quieto.
Eles estavam em um pequeno Café, já de volta à Irlanda. Há uma semana a diplomata recebera alta do hospital, e ela e o resto do One Direction voaram de volta para Dublin, onde tudo começara.
A “Dama do Elevador” passara a semana inteira dando entrevistas e respondendo à milhões de perguntas sobre o sequestro, sem falar das formalidades que teve de resolver em seu trabalho. Com os meninos da 1D não havia sido diferente. Depois de quase uma semana de correria, eles combinaram de se encontrar para conversar, e lá estavam eles.
Harry e a diplomata não haviam se visto muito nos últimos dias, mas estavam sentados lado a lado, e cada vez que olhavam um para o outro, falavam com o coração. Estavam visivelmente apaixonados. Só havia um problema.
– Então você vai mesmo ter que voltar para o Brasil? – Perguntou Harry com uma carinha triste.
– Eu não sei ainda. Preciso ver minha família, resolver algumas coisas lá... Mas ainda estou decidindo... – respondeu a diplomata.
Realmente, ela ainda estava decidindo. Comprara uma passagem para o Brasil, e deveria embarcar no final da tarde daquele dia. Mas ela não queria voltar, e nem dissera nada a respeito de sua passagem aos rapazes. Afinal, ela ainda não tinha certeza se a usaria.
Harry passara os últimos dias com aquela preocupação. Ele sabia que, mais cedo ou mais tarde, a “Dama do Elevador” teria de voltar para seu país. Afinal, ela não morava em Dublin e estava lá apenas a trabalho. Na verdade, ela inclusive já deveria ter voltado, mas o governo brasileiro lhe dará mais alguns dias de tolerância para que ela participasse das entrevistas internacionais.
Quando a conheceu, Harry evidentemente gostara dela, mas não achou que fosse gostar àquele ponto. Ele estava apaixonadíssimo, e a simples ideia de ela voltar para seu país deixava-o com medo. Ela morava lá, e tinha trabalho, e a possibilidade de que ela não pudesse voltar estava queimando Harry por dentro...
Mas ele não deixava aquilo transparecer, obviamente.
Tirando essas preocupações, o ambiente do Café estava incrivelmente acolhedor.
A certo momento, Liam atendeu ao telefone:
– Alô? Oi Eloisa!... Ah, tá, desculpa. Oi ELO! Melhorou?... Jantar? Hoje? Às seis? Estamos todos convidados?! Ah, tudo bem, eu aviso... Pra você também. Tchau.
Liam desligou o telefone e informou a todos que Eloisa, a mocinha que outrora trabalhava com as avós na cozinha da fortaleza de Eusébio, os convidara para jantar com ela num restaurante próximo.
–- Hummmm... – Arriscou provocativo Zayn – Elo, é?
Liam ficou vermelho.
– Ela não gosta que a chamem de Eloisa e...
– Para de tentar disfarçar Liam, todo mundo percebeu o clima que tem rolado entre vocês... – Continuou Zayn.
                – Hunf! Pelo menos não fui eu que fiquei dando em cima de uma agente secreta que eu só conheço por “E”... – Replicou Liam a Zayn.
                – Ei! – Zayn parecia ofendido. – Golpe baixo!
                Mas era verdade. Zayn tentara conseguir o telefone da agente “E”. Infelizmente, ela disse o que todos os homens têm medo:
                “Você é bonito, mas no momento eu tenho um compromisso com meu trabalho... Quem sabe um dia, no futuro...” – E ela saiu sorrindo, deixando Zayn ainda mais apaixonado, apesar de triste.
As brincadeiras continuaram, em clima muito alegre. Chovia intensamente do lado de fora, mas dentro estava tudo quentinho e aconchegante. A paz reinava e todos estavam tranquilos.
Até uma voz surgir por trás de Harry e da diplomata.
– Ora, ora, ora... Quem eu encontrei aqui!
Harry se enrijeceu todinho, o olhar se endurecendo. Os outros rapazes também ficaram alertas, as expressões carrancudas.
                – O que você quer aqui, Parker? – Louis se ergueu da mesa em tom de ameaça.
                Parker sorriu debochadamente.
                – Não se preocupe, Louis Tomlinson... Eu não vim incomodar vocês... Só queria saber como a garota estava...
                Parker se afastou dois passos e a diplomata se levantou lentamente, virando-se, em seguida, para ele.
                Ela, apesar de tudo, não sorria.
                – Oh, minha querida! Vejo que você está muito melhor! Da última vez em que vi você no hospital, estava tão pálida! Recebeu o meu bilhete?
                – Era seu... Aquele sem remetente? – Ela perguntou, e quando ele confirmou, ela sorriu muito levemente. – Ah, obrigada pela preocupação.
                – Eu jamais deixaria de me preocupar com você... – Ele disse enquanto dava alguns passos, se aproximando dela.
                Porém, antes que chegasse perto de mais, Harry se pôs de pé na frente da diplomata, e segurou sua mão. Ela retribuiu o aperto, e Tom notou um brilho estranho passar pela feição dela, como se ao simples toque de Harry, ela se sentisse mais segura, mais viva.
                Parker parou e encarou Harry.
                Harry devolveu ferozmente o olhar.
                Parker então compreendeu que, o que quer que tivesse acontecido enquanto eles estiveram sob custódia do sequestrador, aquilo os aproximara, de alguma forma.
                Com um olhar triste, Parker encarou Harry e depois a “Dama do Elevador”, se demorando muito tempo nela, antes de continuar.
                – Tudo bem... Tudo bem... Eu perdi. Eu admito, eu perdi, Styles. Tem a glória e a fama. E, quando quiser que eu faça o reconhecimento público, como combinamos, é só dizer...
                – Como assim? Vocês combinaram o quê? Do que ele está falando Harry? – Perguntou, confusa, a diplomata.
                – Não é nad... – Começou Harry, mas foi interrompido por Tom.
                – Ele não te contou, querida? Nós apostamos qual de nós dois seria o primeiro a conquistá-la. O vencedor levava a fama, a glória e o reconhecimento público do outro de que era superior.
                O rosto da diplomata esmaeceu. Pareceu desmoronar. Ela abriu a boca e olhou para a sua mão, segura na de Harry.
                – Vocês... Apostaram? – A decepção em seu rosto e em sua voz era muito mais do que evidente.
                – Tchauzinho... – Parker sorriu diabolicamente, virou as costas e foi embora.
                Quando ele saiu, Louis percebeu que todo o Café estivera assistindo ao “espetáculo”.
                A “Dama do Elevador” tornou a peguntar, mas dessa vez sua voz tinha raiva e um pingo de impaciência.
                – Não, a gente não... – começou Harry.
                – NÃO MINTA PARA MIM, HARRY EDWARD STYLES! – Ela elevou a voz. – EU QUERO A VERDA DE!
                – Olha, no início até foi uma aposta para ver qual de nós dois te conquistava primeiro, mas depois isso tudo mud...
                – Então quer dizer que, esse tempo todo, aqueles presentes, as voltas pela cidade, o jantar, o vestido, tudo foi para que você me ganhasse primeiro que Parker?!
                – Não, não foi isso, é que...! – Harry começou a se desesperar.
                – Mas é claro! Por que eu ia me declarar pra você na noite em que fomos sequestrados, no baile, onde Tom também estava! Irônico, não?!
                – O quê?! – e Harry perdeu o fio da meada, se esquecendo do que tentava explicar. – Você ia se declarar pra mim e beijou o Parker? Você é maluca?
                – Sabe, eu não sei o que eu estou fazendo aqui com Harry Styles, o conquistador. Como fui estúpida! Me preocupei tanto em não cair nos seus joguinhos e no final, era tudo um deles! Eu realmente pensei que você gostava de mim, principalmente depois do que passamos. Mas, para variar, sou mais uma ingênua que não cedeu ao “charmoso” Harry! Quem garante que iria ficar insistindo em mim se não houvesse uma aposta, um objetivo?! Eu era apenas o último brinquedo da prateleira mais alta, que duas crianças disputam para ver quem é a primeira que alcança e fica com ele, não é?
                – Pare de falar essas baboseiras! Você sabe que eu gosto de você! Eu... Eu tomei um tiro por você!
                – Teria feito o mesmo por Taylor, que usou e largou no final como um lenço de papel...
                – DÁ PRA PARAR DE SER IDIOTA E ME DEIXAR FALAR?
                Depois que Harry gritou isso, a diplomata deu um tapa em seu rosto e saiu correndo até a porta do Café.
                Harry a correr pela chuva e alcançar um táxi.
                No Café, todos olhavam a cena.

Eu on.
                Não acreditei no que acabara de acontecer! Então eu havia sido apenas um jogo para Harry. Como pude duvidar que fosse apenas um jogo?! Quer dizer, eu sabia daquilo desde o início e me deixei levar!  Ele era bom. Ele era muito bom.
                Eu estava confusa. Por um lado, o sacrifício de Harry era algo especial, e não tinha como saber se seria só comigo ou com qualquer outro a quem ele se afeiçoasse mais, o que provaria que sua alma era nobre e livre de mentiras, mas não que o motivo seria eu, especificamente. Será que não faria o mesmo com Louis, Taylor, ou qualquer um dos presentes no local, se estivessem na minha pele?! Que garantia eu tinha daquilo? E, além de tudo, ele estava em débito comigo, porque por causa dele eu havia sido sequestrada também. Por outro, a aposta, um jogo de galãs, uma disputa de “deuses”... Quem não garante que, mesmo depois de sequestrado, Harry continuasse o jogo, e tivesse usado o sequestro como artifício a seu favor... Era absurdo, desumano e improvável, mas que garantia eu tinha de que aquilo não acontecera?
                Eu estava tão chateada por ter sido enganada e manipulada que, no táxi, comecei a chorar.
                Porém, o que mais me dilacerava, era o fato de estar tolamente apaixonada por Harry, ainda.
                O táxi me conduziu até o hotel onde eu conhecera Harry pela primeira vez, e onde milhares de fotógrafos me esperavam. Disfarcei o rosto triste e, uma vez no hotel, livre de câmeras, subi ao meu quarto e comecei a arrumar minhas malas. Eu devo ter demorado uns dez minutos para juntar tudo e chamar o serviço de hotel para descarregar minhas malas e mandar uma limusine vir me buscar. Foi rápido, porque minhas coisas já estavam semi-arrumadas.
                Eu já havia decidido. Voltaria ao Brasil aquele final de tarde, e tentaria esquecer Harry e todo o resto. Todas as fantasias, as felicidades... Tudo.
                Quando fui pagar a conta da recepção, informei à recepcionista:
                – Estou voltando para o Brasil hoje, senhora. – Na verdade não era uma senhora, era uma mulher de uns vinte e cinco anos mascando chiclete, com o rosto oleoso e cabelos igualmente oleosos, escuros na raiz e amarelo-canário no resto. Tinha uma caneta na orelha esquerda. – Aqui está minha chave. – Entreguei a ela aquela chave que parecia ter sido minha a vida inteira, onde estava escrito “room 43”. – Se alguém vier me procurar aqui, informe que meu voo sai às 18:50 do aeroporto, ok?
                – Tá, às 15:50. – Ela repetiu, a voz esganiçada e irritantemente fina.
                – Não – eu falei de novo – às 18:30!
                – Ah, tá... – Ela balançou a cabeça em sinal de compreensão. – Pode deixar.
                Depois disso eu saí do hotel rumo à minha limusine pela porta dos fundos, para não ser notada pelos fotógrafos.

Harry on.
                Eu a vi passando pela porta e entrar no táxi. Minha bochecha formigava pelo tapa, e eu estava muito nervoso, irritado e chateado ao mesmo tempo.
                Olhei para os meninos na mesa.
                – Dá pra acreditar?! – Eu me sentei e coloquei o rosto entre as mãos. – Eu nunca vou entender as mulheres. E como assim ela ia se declarar pra mim? Eu a vi beijando o Parker naquela noite. Pensei que ela tivesse meio que começado a gostar de mim depois que nós fomos sequestrados!
                – Hummm... Harry... Tem uma coisinha que me esqueci de dizer pra você sobre o beijo entre ela e o Parker... – Louis falou timidamente.
                Olhei inquisidoramente para Louis.
                – Desembucha. – Falei.
               
Narrador observador on.
                Harry saiu correndo do Café e entrou no primeiro táxi que viu pela frente.

Harry on.
                Meu motorista errou o caminho para o hotel – onde eu imaginava que ela estava – e ficamos presos no trânsito por mais de uma hora e meia.
                Quando, finalmente, chegamos ao hotel, corri para dentro, fugindo dos flashes, e parei na recepção.
                Uma moça feia mascando chiclete me encarou.
                – Sim? – Ela perguntou.
                – Pode telefonar para o quarto 43?
                – Senhor, o quarto 43 está vazio.
                – O quê? Mas...
                – É o da diplomata, não é? Ela foi pegar um voo de volta para o Brasil.
                – O quê? E que horas parte o voo dela?
                – Hummmm... Ah, sim! O voo saía às 15:50.
                Olhei no relógio. Ele marcava 16:30.
                Eu me afastei do balcão, muito triste. Então, depois da nossa briga, ela resolveu voltar para o Brasil. E eu nem ia ter chance de me desculpar com ela pelo lance do Parker... Se Louis tivesse me contado que ele (o Parker) havia a agarrado e depois beijado! Talvez ela nem tivesse ido embora. Talvez nós tivéssemos resolvido a questão...
                Parei de pensar de repente.
                Minha mente estava vazia.
                E meu coração, também.

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