Capítulo 50 parte 2 - Amor

                Louis on.

                Chegamos – eu, Liam, Niall, Zayn e Harry – ao restaurante onde havíamos combinado de encontrar Eloisa para jantar. Suas avós estavam com ela.

                Logo nos sentamos, Liam obviamente ao lado dela.

                – Boa tarde! – Falei, entusiasmado, cumprimentando a todas.

                Elas também me saudaram. Zayn, Niall e Liam fizeram o mesmo. Harry permaneceu calado.

                Elas pareceram perceber o negativismo de Harry, mas nada disseram diante de sua cara de emburrado.

                – Bom, vamos pedir?! – Eloisa falou animada. Chamando um garçom. – O que vão querer rapazes?

                – Eu quero batatas! – Respondeu Niall no ato.

                – Frango a passarinho. – Disse Zayn.

                – Eu quero... O especial número 2. – Liam disse.

                – Bem, eu vou quererá especialidade da casa. – Falou Eloisa. Suas avós pediram logo em seguida.

                Analisei o cardápio e logo me decidi.

                – Eu vou querer... Olha, tem de tudo aqui neste restaurante hein! Eu vou querer feijoada!

                Neste momento, Harry derrubou suas talheres no chão e elevou a voz um pouquinho demais:

                – Não! Não! Não! Sem feijoada! Feijoada não! Sem isso! Louis, você é um mané!

                – Cara, dá pra parar?! Por que você não quer feijoada? – perguntei.

                – Não é óbvio Louis? – Falou Niall. – Ele não quer porque feijoada é um prato tipicamente brasileiro.

                Ahhhh... A ficha caiu para mim. Harry calou-se e cruzou os braços, encostando-se à cadeira.

                – Qual é o problema, Harry? – Perguntou Eloisa.

                Harry não respondeu. Apenas fez um bico como um menininho teimoso e olhou para o lado.

                Então respondi por ele.

                – Ela foi embora...

                – Eu sei. – Eloisa disse, para a surpresa de todos. – Ela me ligou avisando que estava partindo hoje e não iria vir aqui jantar com a gente.

                Todos nos calamos.

                Eloisa continuou:

                – Mas... É por isso que Harry está tão chateado?

                – É que... – comecei a sussurrar, inclinando minha cabeça para mais perto da de Eloisa. – Eles brigaram... Harry queria se desculpar, mas não vai ter outra chance. Agora ela foi embora pra sempre, com raiva dele, e ele tá chateado por ter levado um chute na bund...

                – Louis, eu estou te ouvindo muito bem. Até o seu sussurro é alto. – Falou Harry friamente. – E eu não levei chute na bunda, eu levei um tapa na cara.

                – Chame do que quiser... Ela te largou de qualquer jeito. – Harry me lançou um grande olhar de hostilidade depois que falei isso.

                – Ora seu... – Ele ia começar a me xingar, mas fomos interrompidos.

                – Rapazes! Por favor! – Era uma das avós de Eloisa.

                – Ah, desculpa, vovó. – Falamos os dois juntos.

                – Harry... – Era Eloisa.

                – Para, por favor, tá... Eu não quero ouvir. O voo dela partiu às 15:50, então não tem mais volta pra gente...

                – Hã?! Você disse 15:50? – As sobrancelhas de Eloisa se uniram.

                – É... – Confirmou Harry.

                – Não. Não foi esse horário. O voo dela está marcado para sair às 18:50! Ela me disse quando ligou.

                – O quê?! – Harry colocou-se alerta de repente.

                – É, ainda dá tempo de falar com ela Harry! Dizer o que precisa ser dito! Agora são 18:20. O aeroporto fica a meia hora daqui. Se o voo dela atrasar, o que costuma acontecer, você terá uma chance! – Eloisa continuou.

                Harry estava embasbacado, e uma nova energia vigorava na mesa. Aproveitei a deixa.

                – Então o que estamos fazendo aqui?! Vamos, Harry! Temos que impedir um voo! – Falei me levantando da mesa. Todos se levantaram também.

                Dentro de segundos já havíamos deixado o restaurante e estávamos indo rumo ao aeroporto. Eu dirigia furiosamente, o mais rápido que conseguia.

                – Você vai nos matar! Pare! – Gritavam as avós de Eloisa, e uma delas começou a me bater com uma bolsa.

                – Pare, vovó! – Era só o que eu dizia. – É uma emergência!

                Chegamos ao aeroporto exatamente às 18:52. Harry estava quase tendo um treco, e quando eu comecei a cantar Heart Attack para me distrair, ele me deu uma bofetada.

                Logo que estacionei Harry pulou do carro e correu para o interior do aeroporto. Eu o segui, deixando os outros tomando conta do carro.

                – Boa sorte! – Gritavam para Harry atrás de mim. A chuva caía forte, e eu já estava encharcado.

                O aeroporto era enorme, e Harry estava parado perto da porta, de costas para mim.

                Quando cheguei perto dele, seu olhar estava aflito.

                – Como vou acha-la aqui, Louis?! E se o voo dela já tiver partido?!

                – Essas coisas sempre atrasam, Harry! – Tentei acalmá-lo, olhando em volta e pensando no que fazer.

                Vi o painel de voos, ao mesmo tempo em que uma voz ecoou pelo ambiente:

                “ÚLTIMA CHAMADA PARA O VOO 29756. DESTINO: BRASIL.”

                Encontrei o número do voo no painel.

                – Harry, olha! É o único voo com destino para o Brasil! Só pode ser ele!

                – É, mas está prestes a sair! O que vamos fazer?!

                Cocei a minha barba imaginária de Dumbledore e fiz meu olhar pensante. Logo veio uma ideia à minha mente.

                – Já sei o que vamos fazer!

Eu on.

                Fomos conduzidos até o avião de guarda-chuva. Assim que entrei nele, logo me acomodei no confortável assento. Um homem bem gordo e meio careca cheirando a fritura e com uma mancha de óleo na camisa sentou-se ao meu lado, e aquilo só me fez sentir mais saudades de Harry.

                Eu estava muito chateada, mas talvez voltar para o Brasil fosse a melhor opção. Esquecer Harry para sempre e recomeçar a minha vida...

                Mas que estupidez! Como eu iria conseguir esquecer aquilo? Eu vivera uma aventura perigosa e inesquecível ao lado dele. Não se esquece duma coisa dessas... Mesmo que se queira.

                Como eu fora burra! Jamais deveria ter me envolvido com ele. Eu sabia que ele era problema desde o início, mas...

                Ah, eu já não sabia de mais nada.

                A voz de uma mulher ecoou no avião:

                “CINCO MINUTOS PARA DECOLAGEM. ÚLTIMA CHAMADA PARA EMBARQU...”

                A voz de repente parou, e se seguiram alguns sons muito estranhos:

                PLOFT!

                BLANK!

                IIIIIIRRRRRÁÁÁÁ!

                TOMA ISSO!

                ME DÁ!

                SEGURANÇA!

                RADÚQUI!

                TUM!

                OS passageiros estavam assustados. O que estaria acontecendo?! De repente, uma voz voltou a falar, mas não era a voz da mesma mulher. Era de alguém que eu jamais confundiria:

                “POR FAVOR, ESCUTE! DE VERDADE, ISTO É PARA VOCÊ.”

                Eu arfei de surpresa e expectativa. E então ele começou a cantar...

“You're so pretty when you cry, when you cry

Wasn't ready to hear you say goodbye

Now you're tearing me apart, tearing me apart

You're tearing me apart

You're so London your own style, your own style

And together we're so good so girl

Why are you tearing me apart, tearing me apart?

You're tearing me apart

Did I do something stupid? Yeah girl if I blew it

Just tell me what I did, let's work through it

There's gotta be some way to get you to want me like before

Cause no one never looks so good in a dress

And it hurts cuz'I know you won't be mine tonight

No one never makes me feel like you do

When you smile, baby tell me how to make it right

Now all my friends say it is really worth it

And this is a big true

So no one in the world could stop me

From not moving on, baby even if I wanted to

NOBODY COMPARES TO YOU!

(letra ligeiramente adaptada)

                Eu não acreditei no que ouvia. Harry estava... Se declarando pra mim? Num avião?

                Minha cabeça começou a girar, e eu não sabia o que fazer. O choque me paralisava, e eu só conseguia ouvir.

                “ME PERDOA E... AI, ME SOLTA! LOUIS, ELE ME PEGOU”

                “PRA FORA, OS DOIS, OU SERÃO PRESOS! QUER DIZER... PREPAREM-SE PARA DECOLAGEM.”

                Aquela frase ficou retumbando em minha cabeça.

                “PREPAREM-SE PARA DECOLAGEM.”

                “PREPAREM-SE PARA DECOLAGEM.”

                “PREPAREM-SE PARA DECOLAGEM.”

                Preparar-me para decolagem... Separar-me de Harry...

                Para sempre?

                – Hunf... Que maluco... – O gordo oleoso falou ao meu lado. – Pra que idiotinha esse mané resolveu vir cantar?

                Olhei para ele e me senti ofendida.

                – Ele não é um mané! – Eu disse. Depois, gritei para uma aeromoça. – Por favor, pare a decolagem! Por cinco minutos!

                “Eu preciso descer.”

Louis on.

Fomos jogados para fora do aeroporto.

– Nossa, que mal-educados! – Falei. – Não é Harry?! Harry? Não, Harry, volte aqui! Você não pode ir aí, é a pista de decolagem!

Mas minha gritaria não adiantou nada.

Harry já estava perto do avião.

Mas o avião já estava decolando.

Harry on.

– Não! Espera! Volta aqui! – Eu gritei para o avião, mas já era tarde demais.

Ele já alçara voo. O barulho era ensurdecedor, mas a angústia em meu peito doía mais do que meus ouvidos.

Parei, assistindo a imagem do aeroplano começar a ganhar distância, e ouvindo o barulho se dissipar.

– NÃO! – berrei muito alto. – NÃO!

Me joguei no chão e comecei a chorar. As lágrimas eram muitas, e se misturavam às gotas de chuva forte, que batia em mim como a tristeza que batia em meu peito.

Por quê? Por quê? Eu nunca fora um homem exemplar com as mulheres, mas aquela era a minha primeira chance de provar que eu podia mudar. Porque aquela garota era A GAROTA! Eu me apaixonara por ela, e estava disposto a largar tudo, a mudar por ela. E aí, a única mulher que eu realmente AMAVA de verdade estava indo embora. Seria um castigo, por usar as outras? Seria uma punição? Parecia que a chuva chamava meu nome.

“Harry”...

“Harry”...

– Harry!!! – Ou talvez algo mais físico que a chuva.

Levantei-me e me virei.

Ao longe, uma figura vestida com um comprido cardigan estava parada, olhando para mim. Tinha sido aquela figura que me chamara.

Ela.

Meu peito se encheu de felicidade e, apesar da chuva, um calor insuportável tomou conta de mim.

A chuva começou a diminuir, e ela foi se aproximando.

Eu também comecei a caminhar em sua direção.

Eu on.

                Harry estava caminhando a meu encontro também. Quando estávamos a uns cinco metros um do outro, paramos.

                Harry olhou mais intensamente para mim do que jamais me lembrava de ter visto alguém olhar. Seus olhos verdes estavam mais do que resplandecentes, e seu cabelo encharcado estava mais emaranhado do que nunca.

Ele não sorria, nem eu.

Ele então abriu a boca e começou a cantar novamente:

               

“Under the lights that night

You turned around, and you stole my heart

With just one look, when I saw you falling

I fell in love

It took a minute girl,

To steal my heart that night

With just one look, girl

Don't you know all life

I've been waiting for a girl like you to come around, around, around”

(letra ligeiramente adaptada)

Quando Harry terminou de cantar, fazendo alusão à primeira noite em que havíamos nos encontrado, eu sorri. Era um sorriso tão bom, de uma felicidade tão plena, que me fez sentir tão viva...

Harry também começou a sorrir, então.

E aí... Bem, corremos um para o outro, e eu agarrei o pescoço de Harry, dando um abraço super apertado, que ele retribuiu.

Depois, ele afastou um pouco nossos corpos, e olhou bem fundo dentro dos meus olhos, com um meio sorriso maravilhoso em seus lábios.

– Me desculpe. – Ele disse.

– Não. Eu é que devo desculpas. Fui uma idiota. Como pude duvidar de você, mesmo quando tomou um tiro por mim?!

– Não te culpo... – Ele riu. – Eu também duvidaria de mim.

Ri também, depois ficamos os dois sérios. Harry pegou uma mecha totalmente molhada dos meus cabelos, que cobria um pouco a minha boca, e afastou-a delicadamente para o lado.

E então... Um beijo aconteceu.

Sabe aquelas cenas de filmes em que a protagonista sempre ganha um beijo do mocinho e levanta a perna atrás? Bom, a minha perna também estava levantada. Eu me senti incrível, e não era só porque estava beijando – pasmem – Harry Styles! Era porque aquilo era muito mais do que um beijo.

Representava toda a luta por que passáramos. Representava nossos sentimentos. Representava o amor que é capaz de mudar um ser humano.

Representava um sonho realizado.

Narrador observador on.

 A melhor coisa que há dentro de nós é o amor. É o sentimento mais puro e bonito que existe, embora poucas pessoas o conheçam plenamente em uma ou todas as suas manifestações. Seja o amor de uma mãe pelo seu filho, de marido e mulher, de namorado e namorada, de Louis e cenouras... O importante é que, se você ama alguém, não tem de deixar de lutar por essa pessoa... Por que, quando se ama, já não são mais duas pessoas com um mesmo sentimento... Elas se unem em uma só, e compartilham de seu amor.

E qualquer pessoa sorriria ao ver aquele casal tão apaixonado se beijando embaixo da chuva.

Por que eles se amavam.

Incondicionalmente.

E isso é tudo o que importa.

    FIM

Será?

Bom, antes que esta história se encerre, acho legal relatar alguns acontecimentos que ficaram em aberto...

Todos os brutamontes que foram resgatados por C pousaram em frente a um presídio, e já estão todos devidamente aconchegados em suas celas.

Robim também foi preso, mas a diplomata, usando de algumas influências políticas, conseguiu diminuir sua pena de oito anos para oito meses, e ele já tem planos de estudar psicologia em uma faculdade.

Eusébio foi encaminhado para um hospício, onde passa o dia gritando com todos e berrando “EU NÃO SOU LOUCO”, só para depois chorar e começar a se lamentar.

“Se não fosse aquela diplomata enxerida!” – É a frase que ele mais diz o dia inteiro. Os psiquiatras acham que ele é o paciente em estado mais preocupante.

O corpo de Brutus não foi encontrado, e supõe-se que tenha sido reduzido a pó durante a explosão.

Napoleão, o gato, foi encontrado boiando num pedaço de metal no mar italiano e, depois de resgatado, se tornou o gato propaganda da marca de ração para gatos italiana “Costa Yummy”, que quer dizer “Delícia da Costa”.

Zayn conseguiu, finalmente, um encontro com a agente “E”, mas foi muito diferente do que ele imaginava, especialmente a parte de ser atacado por bandidos russos. Por sorte, a destemida “E” estava lá para protegê-lo (que ironia).

Liam e Elo estão ficando cada vez mais íntimos, e os garotos acham até que já estão namorando.

Niall continuou sua relação de amor insuperável com suas batatas, e Louis passou as últimas semanas ajudando Kevin, o pombo, a tentar se relacionar com a nova calopsita de Eleanor, Karina.

A diplomata acabou voltando para o Brasil, sim, mas só para avisar que iria se mudar para Londres. O governo brasileiro colocou-a como representante do Brasil no consulado inglês, e agora ela está muito feliz com Harry, sem nada que atrapalhe a relaão dos dois.

Harry está mudado, e todos gostam de seu novo jeito.

A 1D está gravando um novo CD, e Simon declarou que será o Álbum do Século.

Acho que é isso, mas antes de encerrar oficialmente esta história, aí vai um recado:

Não esqueça de quem você é, e siga seus sonhos. Afinal, você nunca sabe se irá ser sequestrada junto com seu ídolo amanhã, não é mesmo? Então, sustente seus argumentos e use os artifícios que tem a seu favor, e nunca desista daquilo que quer, nem daqueles que ama.

A vida é uma estrada tortuosa e cheia de caminhos, mas você pode saber como não errar o certo...

E chegar ao seu destino.