Capítulo 2 – Os Três Príncipes
“S
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equestrada”.
À
simples menção da palavra, uma grande algazarra iniciou-se no salão. O peito de
Louis pareceu retrair-se, e ele respirou com dificuldade. O quê!? A princesa...
Sequestrada?! Não... Não poderia ser!
O
rei Simon, de repente, elevou a voz:
–
SILÊNCIO! – Todos se calaram e ele se virou novamente para o homem ferido a
seus pés. – Diga-me, quem pôde ser capaz de fazer tamanha maldade?!
O
moribundo respirou profundamente antes de continuar:
–
Flack.
Se
anteriormente a algazarra era grande, imagine agora dez vezes pior. Nem o
próprio rei Simon conseguiu acreditar. Ele enrijeceu e seu olhar parecia ter se
congelado.
Diante
de toda aquela confusão, Mark, o pai de Louis, foi até o rei e tentou falar com
o rei. Como ele não respondeu, Mark levantou a voz:
-
SILÊNCIO! – Demorou um pouco, mas as vozes cessaram, por fim. – Meu rei... –
Mark estava agachado ao lado de Simon.
–
Não pode ser... – Balbuciou Simon. – Não pode ser... Você tem certeza disso? –
Falou dirigindo-se ao moribundo.
–
Sim. – O pobre homem respondeu, quase sem forças.
–
Com licença Majestade... – Mark afastou delicadamente o rei, e pegou no colo o
homem ferido, levando-o para a entrada do salão. Simon não se incomodou com o
gesto, mas seu olhar ainda era o de um louco quando ele se sentou no trono. Ele
permaneceu em silêncio, e todos no salão também.
Ninguém
reparava, mas o olhar de Louis era o mesmo que o do rei. Em sua mente, apenas
conseguia pensar nos últimos instantes de Eleanor antes de ser sequestrada...
por Flack.
Caroline
Flack, muito conhecida apenas por “Flack”, era uma bruxa. Uma das piores, se
quer saber. Nascera de uma família muito religiosa e foi para um convento ainda
jovem, onde dizem que aprendera com uma bruxa disfarçada de freira todas as
suas maldades. As pobres irmãs do convento haviam sido suas primeiras vítimas.
Depois delas, muitas outras surgiram.
Flack,
segundo relatos, entrara para um grupo de bruxos durante muito tempo, que
espalhou o terror por toda a Inglaterra há pelo menos um século.
Porém, um dia,
um bravo e nobre príncipe, ainda bem jovem, teve audácia para enfrenta-la,
depois que a bruxa assassinou a esposa dele. E, então, ele a matou, não se sabe
como, exatamente. Algumas versões dizem que ele lhe cortou a cabeça... Outras,
que perfurou seu coração com uma pequena adaga. Enfim, o que importa era que
ele a havia matado e queimado seu corpo, e a Inglaterra nunca mais ouvira falar
naquela bruxa novamente... Até aquele momento...
Como
seria possível Flack ter voltado da morte, um século depois da data de seu
homicídio?! Como teria voltado? E por que teria sequestrado a princesa
Eleanor?! Eram essas as perguntas que circulavam na cabeça de Louis, assim como
na de Simon.
De
repente, no entanto, a atenção de todos, que estava concentrada no rei,
voltou-se para a porta do grande salão, enquanto cornetas ressoavam pelos
cantos.
Um
homem baixo e gordo se adiantou, elevando sua voz esganiçada:
–
Vossa Majestade, senhoras e senhores, apresento a vós, o príncipe Lansa!
Um
rapaz bem jovem, meio magrelo demais e com o nariz empinado se adiantou de
maneira bastante inadequada. Ele estava em cima de um cavalo, e vários homens
entraram em volta dele, acompanhando-o. Ele parou no pé do homem baixo e gordo,
e bateu-lhe na cabeça fortemente.
–
É príncipe Lanza, seu imbecil, idiota e incompetente.
O
pobre homem voltou e fechou a porta, enquanto Príncipe Lanza caminhava em
direção ao Rei.
Chegando
quase ao pé do trono, ele sequer desceu do cavalo, apenas baixando um pouco a
cabeça e curvando minimamente as costas, enquanto se dirigia ao Rei.
–
Vossa Majestade... Eu sou Lanza, príncipe Lanza, mas reis e garotas podem me
chamar apenas de Pe Lanza. Sou o príncipe herdeiro do reino Restart, e estes
três rapazes que se adiantam agora são meus fiéis escudeiros Pedro Lucas
Munhoz, Lucas Kobayashi Souza e Thomas Alexander Machado D'Ávila.
–
Pe Lanza? – foi a primeira vez que o rei falou. Sua expressão passou de vazia
para de curiosidade e talvez um pouco de irritação.
–
Sim, Majestade, a primeira e a última letras de príncipe, mais meu nome, Lanza.
–
Sim, eu compreendo. Mas, o que te traz aqui... Príncipe Lanza?
Pe
Lanza jogou os cabelos, que estavam à altura dos ombros, para trás, e sorriu
sarcasticamente.
–
Ora... Pensei que já tivesse ideia Majestade... Está claro que eu, Lanza, o
Belo, vim aqui hoje para pedir a mão da princesa Eleanor em casamento.
Todo
o salão soltou um sonoro “Oh!”. O coração de Louis se apertou ainda mais. Então
era verdade... Realmente, a notícia de que a princesa Eleanor precisava se
casar havia circulado por outros reinos.
A
expressão de Simon voltou a ficar vazia à menção do nome da princesa. Seu rosto
tornou a apresentar sinais fortes de tristeza e dor.
–
Seria um prazer acatar seu pedido de casamento à princesa, porém acabamos de
descobrir que ela foi... – Simon não conseguiu terminar a frase, pois as
cornetas de anunciação tocaram novamente e o homem baixo e gordo voltou a
aparecer.
–
Vossa Majestade, senhoras e senhores, apresento a vós, o príncipe Taylor Daniel
Lautner!
Desta
vez, outro jovem entrou no grande salão, seguido por também outros vários
homens que, assim como os que acompanhavam Pe Lanza, usavam uniformes que
determinavam seu reino.
O
rapaz era moreno, alto e muito forte, via-se. Era bonito, muito bonito, e as
irmãs de Louis não conseguiam tirar os olhos dele. Quer dizer, ninguém naquele
momento conseguia.
Ele
se ajoelhou e todos atrás dele fizeram o mesmo. Ainda ajoelhado e olhando para
o chão, ele falou:
–
Vossa Majestade... É um prazer!
–
Olhe para mim, rapaz. – Ordenou Simon.
Príncipe
Taylor olhou-o, obedecendo à ordem.
–
Apresente-se devidamente. – Falou o rei.
–
Sou o príncipe Taylor Lautner, herdeiro do reino Twilight, filho da rainha Deborah
Lautner e do rei Daniel Lautner.
–
Muito bem, levante-se, príncipe Lautner, e diga-me quais são as razões que o
trazem aqui.
Príncipe
Taylor se levantou, porém baixou a cabeça novamente, em sinal de respeito ao
rei.
–
Vossa Majestade, venho humildemente diante de ti, para solicitar que juntemos
os laços de nossos reinos através de uma união formal. Estou aqui hoje para pedir-lhe
a mão da princesa Eleanor Calder em casamento.
Mais
um “Oh!” de exclamação do público. Louis não conseguiu evitar, e suas pernas
bambearam por um momento. Mais um pedido? De outro nobre?! Minha nossa, nem que
ele quisesse – e como ele queria – jamais poderia competir com um príncipe,
ainda mais um como... Aquele...
Charlotte
estava abraçada à irmã, chorando lágrimas de uma ilusão amorosa que durara
cinco minutos.
A
expressão de Simon era, mais uma vez, vazia e triste. Ele começou a falar para
o príncipe a mesma coisa que começara a falar a Pe Lanza antes que fosse
interrompido.
–
Não me deixaria mais feliz do que conceder a mão de minha filha a um rapaz tão
nobre como ti, príncipe Lautner... – Disse Simon, olhando malignamente para Pe
Lanza um segundo, antes que seu olhar ficasse triste de novo.
Pe
Lanza pareceu resignado com o olhar, pois empinou ainda mais o nariz e olhou
para o lado, enquanto fechava os olhos. Estava certamente ofendido e emburrado.
–
Mas... – Continuou Simon – Temos diante de nós aqui uma complicação que não
esperávamos, meu jovem. – Fez uma pequena pausa, tomando fôlego antes de
continuar. – O grande problema é que a princesa Eleanor calder foi...
Um
som inesperado mais uma vez irrompeu pelo grande salão. O homem das apresentações
adentrou novamente o recinto e exclamou, bem alto:
–
Vossa Majestade, senhoras e senhores, apresento a vocês, o príncipe Logan Wade
Lerman!
O
salão fez silêncio quando mais um jovem rapaz, também acompanhado por uma pequena
comitiva, entrou no salão. Seus passos eram firmes, nem tão elegantes quanto os
do príncipe Taylor, mas demonstravam uma coragem e determinação que muitos
jamais possuiriam. Ele era mais baixo que os dois outros, era sim, mas seus
olhos azuis chamavam tanto a atenção que ninguém pareceu perceber aquilo. Diferentemente
dos outros dois príncipes, ele usava uma armadura completa, com o capacete
apoiado no braço esquerdo.
Charlotte
suspirou e seu delírio amoroso recomeçou. Agora ela tinha um novo favorito
naquele salão.
O
rapaz chegou aos pés do rei e se ajoelhou cordialmente.
–
Majestade...
–
Quem és tu? – Perguntou Simon.
–
Sou o príncipe Logan Lerman, Neto de Philip Lerman e filho de Lisa Lerman, do
reino de Olimpiana. – Ele se apresentou, ainda ajoelhado e com a cabeça baixa,
como fizera Taylor.
–
OH, minha nossa! Ele é o bastardo! – Exclamou numa voz aguda Pe Lanza.
Um
burburinho começou em todo o salão, e em pouco tempo a confusão era total. O
conglomerado de vozes era ensurdecedor.
O
rosto de Logan corou, e ele, após olhar para os lados por alguns instantes,
tornou a voltar a cabeça para o chão, envergonhado, mas orgulhoso demais para
admitir aquilo. Olhares curiosos pairavam sobre ele, e fofocas bem altas
chegavam aos seus ouvidos, tornando tudo muito pior.
De
repente, a voz de Simon trovejou pelo local:
–
BASTA! – Todos se calaram imediatamente. Simon continuou. – Perdoe a antipatia
de minha corte, jovem príncipe. Você será indenizado por causa desta terrível
demonstração de desrespeito, e esta corte, severamente punida. – Agora quem
antes ria e fofocava engolia em seco. – Mas, diga-me, o que vens fazer em meu
castelo?
–
Majestade, vim aqui hoje para, com todo o respeito, unir nossos reinos através
do matrimônio. Estou aqui para pedir a mão da princesa Eleanor Calder em
casamento.
Mais
um sonoro “Oh!”. Charlotte desmaiou aos pés da mãe, e foi acudida pelas irmãs.
Louis também quase desmaiou. Três?! Três príncipes pedindo a mão da princesa em
casamento? Não podia ser! A situação parecia piorar... A princesa fora
sequestrada, e agora estava sendo disputada por três reinos para casar com seus
futuros herdeiros! Mesmo que ela fosse resgatada, eles jamais ficariam juntos.
Lágrimas finalmente conseguiram escorrer dos olhos de Louis, e ele teve de se
segurar para não vomitar. Sua vontade era jogar-se no fundo de um poço e
morrer.
–
Não, não e não! A princesa vai casar comigo porque eu cheguei aqui primeiro! –
Exclamou, com olhar indignado, Pe Lanza, descendo do cavalo pela primeira vez. –
Vocês dois, príncipes de segunda, não vão tê-la em matrimônio!
–
E quem é você para dizer a nós o que fazer?! – Falou enquanto se erguia Logan.
–
Calado, suas opiniões de nada valem aqui! A princesa jamais mancharia sua
linhagem de nobreza com seu sangue podre, bastardo! – Logan encarou Pe Lanza em
tom de desafio, enquanto este avançava em direção ao mais baixo dos príncipes.
Porém,
Taylor desembainhou a espada e se colocou entre os dois. Quando a lâmina fria e
cortante da espada encostou na garganta de Pe Lanza, o orgulho e a rudeza
desapareceram de seu rosto, sendo substituídos por medo e covardia.
Taylor
olhou para ele com cara de poucos amigos. Os escudeiros de Pe anza
desembainharam as espadas, mas as comitivas dos outros dois príncipes fizeram
os mesmo contra eles. Dados por vencidos, Pe Lu, Koba e Thomas – como eram
chamados pelo príncipe seus companheiros – e o resto da comitiva do reino Restart
guardaram as armas.
Taylor
falou, a voz quase mais cortante que sua espada:
–
Acho que ninguém deve ser julgado pela linhagem que possui. A culpa não é dele
e, ainda assim, é ele quem sofre o preconceito. – Disse referindo-se à Logan.
Pe
Lanza engoliu em seco com muito medo de que o mínimo movimento de sua garganta
pudesse fazer com que ela se cortasse. Por fim, depois de alguns segundos e
olhares de hostilidade, Taylor afastou a espada, e Pe Lanza, depois de tocar a
garganta e “fazer carinho” nela – pois estava muito feliz em tê-la ainda
inteira – Voltou a ter o esnobismo do volta em seu olhar. Ele encarou Lerman,
que lhe respondeu em defesa.
–
Minha mãe me disse que meu pai é o maior dos reis. Aquele que governa mais territórios
do que milhões de nobres poderiam dar conta.
–
Impossível! E, mesmo que possível fosse, por que ela jamais lhe disse quem era
seu pai?!
–
Er... Bem... Eu...
–
Bastardo!
–
CALEM-TE! – Bradou novamente Simon, irritado. Todos os príncipes, assim como o
resto do salão, permaneceram imóveis. – Agradeço ao seu pedido de casamento à minha
sobrinha, príncipe Logan, mas, assim como eu tentava dizer antes aos outros
dois aqui presentes, a princesa Eleanor foi...
As
portas se abriram mais uma vez.
–
MAS SERÁ POSSÍVEL QUE EU JAMAIS VOU CONSEGUIR TERMINAR UMA FRASE? POXA, MAS QUE
QUE É ISSO? – A voz de Simon saiu alta e esganiçada, enquanto ele batia os
baços em volta de si desesperadamente, demonstrando sua impaciência e raiva.
Teria sido um episódio muito cômico, se o assunto não fosse tão sério.
Quando
o rei viu quem entrara, porém, amenizou o tom de voz.
–
Ah, Mark, perdoe-me...
–
Perdoe a mim, Majestade. Não quis interrompê-lo.
A
expressão de Simon foi se suavizando gradualmente até ficar triste e desiludida
mais uma vez.
–
Como eu dizia, a princesa Eleanor Calder... Foi sequestrada.
Desta
vez, a exclamação de surpresa veio dos rostos dos três príncipes.
–
Mas minha nossa! Quando souberam disso?! – Perguntou Logan Lerman.
–
Há apenas alguns minutos.
–
E por quem ela foi sequestrada? – Falou Taylor.
Simon
olhou seriamente para ele antes de responder:
–
Flack.
O
queixo dos príncipes caiu.
–
Flack?! – Falou Pe Lanza. – Mas não pode ser! Flack foi morta há mais de cem
anos.
–
Era isso que todos nós pensávamos também. Mas existe uma testemunha ocular.
Estava ferido, e assombrado. Se sobreviver, a história que ele nos contará será
de extrema importância para resgatarmos a princesa.
–
Vossa Majestade, com todo o respeito... Como, exatamente, está pensando em
resgatar a princesa? – Perguntou Logan.
–
Bom... Eu... Não sei...
–
E quando ela for resgatada, pode dizer a esses dois aí que ela vai se casar comigo? – Apelou Pe Lanza, apontando com
o dedão para Taylor e Logan.
–
De nada você sabe, príncipe de Lã. – Falou Taylor.
–
É PRÍNCIPE LANZA!
–
Tanto faz... – Disse Logan.
–
Calado bastardo! Por que não vai casar com um bode... Ele é da sua laia e não
vai se importar de misturar o sangue com o seu, que já está misturado. EU é que vou casar com a princesa
Eleanor.
–
Essa decisão não cabe a você. – Falou Taylor, indicando Simon, que estava
sentado em seu trono com a cabeça apoiada nas mãos.
–
Não se refira a mim com esse pronome de baixo calão! É milorde príncipe
majestoso Lanza, o Belo, pra você.
–
Oh, desculpe milorde blá blá blá de Lã blá blá...
–
Calado bastardo! Seu sangue ruim!
–
Venha me calar, Lanza, o Magrelo!
–
Ora seu! – Pe Lanza avançou furioso para ele.
–
PAREM! – Desta vez a frase de rei Simon teve ainda mais ênfase, pois ele bateu
seu cetro no chão enquanto a pronunciava, provocando um estampido alto.
Os
príncipes ficaram quietos e paralisados. Simon levantou-se e ficou diante
deles, apenas um pouco acima, pois onde estava era um nível mais alto do que
onde estavam os rapazes e o resto do salão.
–
Eu já sei como resolveremos essa questão... – Falou Simon. – Aquele que
conseguir resgatar a princesa Eleanor Calder das mãos da maligna Caroline
Flack, será o futuro marido de minha sobrinha.
Os
príncipes abriram a boca por um momento, depois ficaram sérios, enquanto
refletiam as palavras do rei.
–
Assim será feito, e apenas assim. Então, quem se aceita o desafio?! – Disse
Simon, sentando-se de volta.
Os
três príncipes não emitiram uma palavra durante o que pareceu uma eternidade.
Tampouco se mexeram. Pe Lanza, por fim, segurou as rédeas do seu cavalo e se
virou para ir embora.
Mas...
–
Eu aceito o desafio, Majestade. – Taylor falou e se ajoelhou diante do trono,
mais uma vez.
Lerman
foi em seguida.
–
Eu também aceito, Majestade. – ajoelhou-se como Lautner.
Pe
Lanza viu a cena em choque e seu olhar se acovardou novamente. Mas, como ele
era agora o centro das atenções, largou temerosamente as rédeas de seu cavalo e
se ajoelhou também, para não ficar mal falado.
–
Eu também aceito o desafio, Majestade. – disse.
–
Então, assim está feito. Disponibilizarei meus melhores cavaleiros para os auxiliarem
durante o resgate.
“E
que comece a caçada!”.
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