Capítulo 10

Capítulo 10 – O que quer comigo?

B

ateram à porta.

                – Pode abrir!

                Um bicho esquisito, que usava uma máscara feia que dói, com características de monstro, abriu a porta, segurando Eleanor.

                - Oh, Momback, obrigada por trazer a princesa! Entre querida! – exclamou Flack com um falso tom de cordialidade na voz.

                O tal Momback empurrou Eleanor para dentro do aposento. Era um quarto limpíssimo e com aspecto claro e vivo. Parecia dele emanar muita luz, o que contrastava com as cores dos móveis da decoração. Havia uma majestosa cama com dossel, branquíssima, porém com lençóis roxos e colcha de cetim preta. A penteadeira sem espelho era preta. Tudo era preto ou roxo, inclusive as roupas de Flack.

                Eleanor usava um vestido rosa claro muito sujo.

                – Oh, minha nossa! Mas como você está imunda El! Posso te chamar de El?

                Eleanor não respondeu.

                – Vamos dar um jeito nisso! – Continuou Flack, em tom entusiasmado. – Varas testemunhas do macabro inconsciente, vista esta bela jovem com um vestido decente! – Flack cantou os versos e apontou o dedo para Eleanor. Dele, uma espécie de raio esverdeado emanou, atingindo a princesa, que estava assustada.

                Logo, a princesa estava limpa e usando um vestido com detalhes roxos também.

                – Perfeito! Agora sim está apresentável. Venha, não se acanhe! Preciso de sua ajuda, alteza.

                Eleanor não se mexeu. Flack bufou.

                – Ah! Princesas, princesas... Sempre tão mimadinhas... “Minha mente está cansada de conduzir esta charrete, serás a partir de agora minhas mãos, minha marionete.” – Flack lançou outro feitiço em Eleanor.

                A princesa simplesmente perdeu o controle do corpo, e começou a andar diretamente à Caroline.

                – Pronto! Agora, está vendo esta roca? – Caroline apontou para uma roca a um canto, perto de uma janela com sacada, que estava fechada. – Encoste o dedo nela!

                A mente de Eleanor disse não, mas seu corpo o fez. Uma gota de sangue escorreu da ponta de seu dedo.

                – Perfeito! Disse Flack. Agora, encoste o dedo naquele espelho ali.

                Na parede oposta à cama, havia um espelho bem grande. El fez o que Flack mandara, novamente sem conseguir conter os movimentos de seu corpo.

                - Muito bem, meu amorzinho! – Ela sorriu maliciosamente. – Agora, sim, poderemos começar...

               



               Eleanor respirou fundo enquanto Flack olhava-a de forma macabra.

               Enfim, tomou coragem.

                – O que quer comigo? – perguntou um pouco chorosa, com muito, muito medo.

                – Com você? – Flack deu um sorriso maligno, e o quarto começou a escurecer. As paredes foram se acinzentando cada vez mais até todas as formas estarem se confundindo com suas próprias sombras. Flack prosseguiu. – Com você, eu não quero nada... Eu quero quem está vindo atrás de você...

                Eleanor estava tão paralisada e absorvida pelo medo, que não via as imagens que começavam a se formar dentro do espelho.