Capítulo 12 – Pela estrada afora...
27 de agosto de 1352
Queimamos três bruxas da seita dos “Comensais da Morte” hoje. Eu e
Calster estudamos durante semanas para descobrir formas de identifica-las, e
finalmente parece que conseguimos estabelecer um padrão. Deixo registrados a
seguir o resultado de nossa árdua pesquisa.
Como identificar uma bruxa:
1.
As bruxas são sempre altas;
2.
Ficam mais agitadas durante a
noite (as trevas lhes fortalecem), podendo apresentar sonolência ou aparentar
muito cansaço durante o dia;
3.
Não se deve ser enganado com a
imagem da bruxa como sendo feia e asquerosa. A maioria elas é muito bonita,
exatamente para que possam fazer travessuras com homens fracos;
4.
As bruxas têm pouco apetite aos
alimentos fundamentais (grãos, verduras etc.). Deliciam-se com carnes sempre
muito cheias de sangue;
5.
São muito hábeis em parecerem
inocentes e frágeis;
6.
Gostam de atacar homens em meio a
jogos de sedução;
7.
São grandes conhecedoras de
plantas e receitas medicinais (ou poções malignas);
8.
Podem morar em qualquer lugar;
9.
São mulheres, na maior parte dos
casos registrados, que aparentam ser muito inteligentes;
10.
O ferro é seu pior inimigo;
11. São impiedosas e têm a alma e o coração mais frios que gelo;
12.Jamais acredite
na palavra de uma bruxa;
13.
Temem cruzes e não conseguem pisar
em solos sagrados;
14.
A água benzida queima sua pele;
Louis releu mais duas vezes a velha e amarelada página do diário do
bisavô de Liam, tentando memoriza-la.
Harry chamou:
– Louis...
– Que é?... – Falou o cavaleiro, impaciente por já imaginar o falatório
e a enchimento de saco que se sucederia.
– O que é isso que você está lendo?
– Nada que importe a você.
– Ai, seu grosso!!! – Falou Harry ofendido.
Louis não respondeu, continuando focado nas palavras anotadas no
diário. Aquelas informações eram as mais valiosas que poderia ter adquirido.
Quanta sorte!
Louis e Harry haviam deixado o sítio de Liam há pelo menos uma hora e
meia, retomando sua jornada, desta vez com um destino mais ou menos certo.
Virou novamente as folhas do velho diário, voltando para uma anotação que
encontrara no início dele, que esboçava uma ideia de onde estaria localizada a
propriedade de Flack.
10 de fevereiro de 1352
Cruzamos o braço de mar que separa as grandiosas
Inglaterra e Irlanda há quinze dias, na esperança de encontrarmos mais
informações sobre bruxas neste novo pedaço de terra que desconhecemos, a
Irlanda.
E, há sete noites, parece que conseguimos encontrar
realmente o que queríamos: Bruxas.
E não bruxas quaisquer. Demos de cara com Flack. Sim,
ela nos atacou. Éramos quarenta, e hoje voltam comigo para o porto apenas doze
de nós, com pesar. O povo local, morador da região portuária, quando ficou sabendo,
nos advertiu: Disse que onde estivéramos, próximos aos Morros Gritantes
Irlandeses, era perto da casa de Caroline, e que ela não tolera intrusos por
aquela região. Ninguém nunca viu sua morada, mas jamais voltou alguém vivo para
testemunhar contra a teoria, a não ser um velho que retornou um dia de uma
viagem, doido da cabeça, enlouquecido. Jura que pisou sobre o próprio chão do
castelo de Flack, segundo contaram-me.
Procurei o velho. Queria saber mais. É uma pena que
esteja debilitado a tal ponto que tenha apenas surtos rápidos e momentâneos de
lucidez. Grita palavras sem nexo, repentinamente, rola pelo chão, berra de
horror por visões que lhe aparecem de repente.
Talvez, dentro
de seus devaneios, a verdade esteja diante dos olhos daqueles que não a querem
enxergar. Se a loucura que ele expressa realmente for a verdade dos fatos, ou
seja, se os demônios e as terríveis coisas que ele enxerga, sofrendo sozinho em
seu subconsciente, forem a manifestação da mais fiel realidade, então, suponho
eu, que ninguém está seguro nas mãos de uma bruxa, e que não há esperança para
nós.
Talvez seja por isso que o chamem louco: para que não
perca ninguém a esperança.
Não me ocorre ideia melhor senão...
–
Louis! – Harry interrompeu a narrativa de Louis.
–
Quieto Harry... – falou, irritado, o cavaleiro.
–
Louis!
–
SHHHHHHH! – Louis estava ficando exaltado.
–
Louis!!!
–
CARAMBA HARRY! SERÁ QUE DÁ PRA PARAR DE INCOMODAR?! VOCÊ NÃO SABE CALAR A BOCA,
NÃO?!
Harry
não se abalou com o comentário de Louis. Muito pelo contrário: Seu rosto, que
expressava surpresa, ansiedade, curiosidade e preocupação, fez um gesto
indicando o caminho da estrada mais a frente.
Louis
seguiu o olhar do companheiro, esquecendo-se de sua raiva.
No
momento em que seus olhos avistaram o ponto que Harry lhe indicara, sua
expressão também foi de extrema surpresa.
Os
dois colocaram Cenoura e Twix para correr em direção à figura.
...
E então gente??
Alguma ideia do que Louis e Harry possam ter visto?
Espero que estejam gostando.
Prometo que postarei a continuação o mais rápido possível.
Bjs
Elissa :)
Amandooo, continua, por favor.
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