Capítulo 15 - Bruxa
Liam subia
as escadas para o andar de cima quando ouviu o estrondo de uma porta se
fechando.
“Que
estranho”, pensou. “Não está ventando hoje”.
Continuou
andando para o quarto de Taylor, a fim de lhe levar um cobertor que recolhera
do varal.
Ouviu o
barulho do trinco se fechando por dentro do quarto quando chegou em frente à
porta.
Estaria
Taylor se trocando? Resolveu esperar alguns minutos até que ela pudesse se
vestir, se é que estava se vestindo.
...
Harry não
teve tempo de terminar a frase nem de gritar por socorro. De repente
esqueceu-se dos últimos minutos agonizantes que passara no quarto. Ao ver Taylor
colada em si, confuso, ele perguntou, apenas:
– O que eu
estou fazendo aqui?
Taylor fez
cara de ofendida.
– Ora, você
veio me ver! – as vozes deles eram sussurros.
– Ahn...
E... Bom...
– Ah, você
estava dizendo que me achava linda... – Ela passou as mãos pelo abdômen de
Harry. Ele estremeceu.
– Eu
estava, é? – Harry estava nervoso.
– E você ia
me beijar...
– Eu ia, é?
– Harry estava achando tudo muito estranho, mas nem teve tempo para pensar em
qualquer coisa. Os lábios de Taylor atiçaram-se aos seus.
Era bem
provável que Harry realmente estivesse prestes a beijar Taylor, visto seu
histórico com as mulheres. Por isso ele nem ligou. Acreditou que era verdade.
Taylor
envolveu-o com os braços enquanto o beijava e, do nada, soltou-se dele e o
empurrou para sua cama. Harry caiu deitado.
– Ei, calma
lá... – Ele disse, rindo para esconder o nervosismo. – Não me lembro de ter
tantas intenções assim...
– Você não
estava se lembrando de nada Harry. – Taylor agora estava séria.
As mãos
delas estavam escondidas atrás das costas.
– Mas acho
que não é uma boa ideia, Taylor... Eu vou sair...
– Não, você
não vai...
Harry
começou a se irritar.
– Olha,
você vai me desculpar, mas não sei o que estava fazendo aqui e eu vou embora
agora.
Taylor
sorriu maldosamente dessa vez, calando Harry. Aquela sensação ruim que ele
estava sentindo antes de se esquecer de tudo voltara. Agora ele via a mão
direita de Taylor sair de trás das suas costas. Havia uma maçã nela.
– De onde
isso veio? – Ele perguntou. Não se lembrava de ter visto nenhuma maçã no
quarto, e os braços de Taylor estavam ocupados demais agarrando-o para que ela
pudesse estar segurando a fruta.
– Harry, Harry, Harry... – ela riu – Ingênuo Harry… Não importa
de onde as coisas vêm… O que importa é para onde elas vão e o efeito que causam
em nossas vidas... – A maçã começou a murchar na palma da mão de Taylor,
deixando Harry apavorado.
Ela largou
a fruta apodrecida e ergueu levemente a sua mão.
– Será que
você gosta de garotas com unhas compridas, Harry?
Ele engoliu
em seco. Não foi capaz de responder. Não diante daquela visão. A mão de Taylor
se transfigurava em uma figura escura, amarronzada, e deformada. Dedos longos
surgiam, e deles, unhas afiadas cresciam.
– Você
teria sido um bom amante Harry... É uma pena que eu vou acabar com você... – Ela sorriu.
...
Liam
continuava esperando quando percebeu que Taylor não estava só no quarto. Ele
ouviu ela e Harry conversarem um pouco, depois um silêncio.
– Ih...
Esses dois... – bufou.
De repente,
surgiu da escada Louis, correndo desesperado até Liam.
– O que foi
Louis?!
– Harry
está lá dentro? – ele perguntou esbaforido.
– Está, por
qu...?!
– Sai da
frente! – Louis tentou abrir a porta.
– Está
trancada por dentro. – Disse Liam. Ele não entendeu nada quando Louis se jogou
contra a porta, na tentativa de derrubá-la.
– O que
está fazendo?! – Falou Liam, exasperado. – Quer derrubar minha casa?!
– Não há
tempo para explicar! Só me ajude! Harry corre perigo!
Com isso,
Liam e Louis se jogaram contra a porta.
...
Taylor
levou um susto quando alguém tentou girar a maçaneta com força do lado de fora
do quarto.
– Quem está
aí?! – disfarçou, com a voz meiga.
– HARRY! – Era
a voz de Louis pelo lado de fora. – CUIDADO HARRY! ELA É UMA BRUXA!
Taylor
soltou um guincho animal, de raiva. Como haviam descoberto que ela era uma
bruxa?! Mas que droga.
Aproveitando
o segundo de distração de Taylor, Harry lembrou-se de que, num momento em que
Louis lia distraidamente o diário do bisavô de Liam, ele espiara uma das
páginas, que falava das características das bruxas e do que podia feri-las. Apanhou
uma corrente com um crucifixo que estava usando e apontou para ela, começando a
rezar.
–
Hahahahaha! – Ela se virou para ele novamente. – Você acha que crucifixos ou
água benta dão certo? Isso é mentira. – Ela disse, começando a andar na sua
direção.
Ela iria mata-lo.
Harry, sem pensar duas vezes, fez o oposto do que muita gente faria. Ao invés
de fugir para outro canto do quarto, para ser encurralado, ele saltou em cima
de Taylor com o crucifixo que arrancara do pescoço, cravando a ponta da cruz de
ferro no ombro da maldita. As batidas na porta continuavam e aumentavam seu
estrondo, à medida que Louis e Liam colocavam cada vez mais força para
derrubá-la.
Taylor
soltou um guincho de dor altíssimo, que enlouqueceria um ser humano, se este ficasse
submetido a ouvi-lo por muito tempo.
A bruxa
levou a mão normal ao crucifixo e arrancou-o do ombro, emitindo um som de dor
ainda mais alto. Harry notou que o contorno da cruz ficou marcado em sua mão,
como uma queimadura.
Ela olhou
para Harry, e seus olhos estavam vermelhos e flamejantes de ódio. Ela rosnava,
e Harry reparou que seus dentes cresciam e ficavam afiados. Ela estava se
tornando a imagem do demônio.
Por mais
que estivesse ferida, Taylor levantou a mão deformada para tentar acertar Harry.
Ele se esgueirou, mas acabou com um arranhão na lateral do corpo.
Nesse
momento, a porta cedeu. Louis caiu no chão com a porta e Liam a seu lado. Liam
foi o primeiro a se levantar e abriu um frasco com um líquido que tacou em
Taylor.
Ela olhou
com seus olhos vermelhos para Liam e rosnou. A boca com os dentes afiados
apavorou o pobre e simples sitiante. Ele jogara água benta nela, como estava
escrito no diário de seu bisavô. Por que não dava certo, então?
Louis
levantou e desferiu na bruxa um golpe com a sua espada. Ela rosnou, e o corte
que Louis fizera em seu braço direito cicatrizou sozinho diante de seus olhos.
A bruxa arrancou
a espada de Louis da mão dele, e literalmente voando até ele e Liam, acabou
encostando-os contra a parede do quarto, erguendo-os e segurando seus pescoços cada
vez mais apertado. Ela estava sufocando Louis e Liam.
Os
pensamentos de Harry, apesar da situação, ferviam enquanto a bruxa agarrava
seus companheiros pelo pescoço.
Ela dissera
que crucifixos e água benta não funcionavam contra bruxas e, de fato, a água
que Liam jogara nela não surtira efeito algum. Mas então... Por que quando
Harry cravara o crucifixo em Taylor, ela sentira tanta dor?! E por que ao
arrancá-lo de seu ombro, a mão da feiticeira das trevas ficara queimada?
Se não era
o crucifixo, só poderia ser o material de que ele era feito! E o seu crucifixo
era de...
Ferro!
Harry olhou
em volta desesperadamente, à procura de algum objeto que pudesse ser de ferro.
Liam e
Louis já começavam a afrouxar suas mãos das mãos da bruxa, sucumbindo ao
sufocamento.
Taylor
soltou uma risada terrivelmente alta e diabólica.
Os olhos de
Harry captaram sobre a cômoda ao lado da cama, uma pequena estatueta de cor
verde azulada, que estava enferrujada. Era uma escultura grosseira de Nossa
Senhora de Fátima, mas ele a pegou e correu até Taylor.
Ela estava
de costas para ele e não percebeu que ele se aproximava. Ao se aproximar de
Taylor, Harry pressionou a base da estatueta contra as costas da bruxa. Ela
guinchou mais uma vez, e a camisola entre sua pele e o ferro da escultura
derreteu.
Ela soltou
Liam e Louis, mas seus braços ainda conseguiram empurrar Harry, que caiu no
chão aproximadamente a um metro de onde estava a bruxa. A estatueta caiu no
chão.
Ela
voltou-se para Harry. O ódio era tanto que ela se esqueceu dos outros dois
rapazes, que recuperavam o ar.
Ela pulou e
caiu sobre Harry, pondo sua mão boa em seu pescoço e erguendo a mão de monstro
para cravá-la bem fundo no coração de Harry.
E ela ia
fazer aquilo. E seria o fim.
Ela abaixou
a mão e sua estava a milímetros do coração do rapaz, quando...
GRUAÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁ!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Esse foi um
som mais do que gutural. Saiu de dentro da alma – se é que bruxas têm alma – ou
do que quer que pudesse ter dentro do âmago de uma bruxa.
Harry
encontrara a seu lado o crucifixo que Taylor retirara de seu ombro e jogara no
chão, e enfiou-o bem fundo no abdômen dela.
O grito
ecoou pelos ouvidos de todos, deixando-os aturdidos, e o corpo de Taylor se
contorceu durante três segundo, até se dissolver em milhares de corvos negros
que, também gritando, quebraram os vidros da janela do quarto e saíram por ela.
Nem Harry,
nem Liam, nem Louis conseguiram emitir som algum durante os minutos que se
seguiram.
Eles haviam
acabado de descobrir que não estavam brincando de resgatar a bela dama das
garras de um vilão qualquer.
Eles
tomaram consciência de com o que estavam lidando desde quando se propuseram a
resgatar a princesa.
Eles
estavam em uma caçada mortal com... Bruxas.
Perfeito, eu realmente estou amando a fic, estou ansiosa pelos próximos :)
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