quinta-feira, 4 de julho de 2013

Capítulo 15 - Bruxa




Capítulo 15 - Bruxa



Liam subia as escadas para o andar de cima quando ouviu o estrondo de uma porta se fechando.
“Que estranho”, pensou. “Não está ventando hoje”.
Continuou andando para o quarto de Taylor, a fim de lhe levar um cobertor que recolhera do varal.
Ouviu o barulho do trinco se fechando por dentro do quarto quando chegou em frente à porta.
Estaria Taylor se trocando? Resolveu esperar alguns minutos até que ela pudesse se vestir, se é que estava se vestindo.
...
Harry não teve tempo de terminar a frase nem de gritar por socorro. De repente esqueceu-se dos últimos minutos agonizantes que passara no quarto. Ao ver Taylor colada em si, confuso, ele perguntou, apenas:
– O que eu estou fazendo aqui?
Taylor fez cara de ofendida.
– Ora, você veio me ver! – as vozes deles eram sussurros.
– Ahn... E... Bom...
– Ah, você estava dizendo que me achava linda... – Ela passou as mãos pelo abdômen de Harry. Ele estremeceu.
– Eu estava, é? – Harry estava nervoso.
– E você ia me beijar...
– Eu ia, é? – Harry estava achando tudo muito estranho, mas nem teve tempo para pensar em qualquer coisa. Os lábios de Taylor atiçaram-se aos seus.
Era bem provável que Harry realmente estivesse prestes a beijar Taylor, visto seu histórico com as mulheres. Por isso ele nem ligou. Acreditou que era verdade.
Taylor envolveu-o com os braços enquanto o beijava e, do nada, soltou-se dele e o empurrou para sua cama. Harry caiu deitado.
– Ei, calma lá... – Ele disse, rindo para esconder o nervosismo. – Não me lembro de ter tantas intenções assim...
– Você não estava se lembrando de nada Harry. – Taylor agora estava séria.
As mãos delas estavam escondidas atrás das costas.
– Mas acho que não é uma boa ideia, Taylor... Eu vou sair...
– Não, você não vai...
Harry começou a se irritar.
– Olha, você vai me desculpar, mas não sei o que estava fazendo aqui e eu vou embora agora.
Taylor sorriu maldosamente dessa vez, calando Harry. Aquela sensação ruim que ele estava sentindo antes de se esquecer de tudo voltara. Agora ele via a mão direita de Taylor sair de trás das suas costas. Havia uma maçã nela.
– De onde isso veio? – Ele perguntou. Não se lembrava de ter visto nenhuma maçã no quarto, e os braços de Taylor estavam ocupados demais agarrando-o para que ela pudesse estar segurando a fruta.
– Harry, Harry, Harry... – ela riu – Ingênuo Harry… Não importa de onde as coisas vêm… O que importa é para onde elas vão e o efeito que causam em nossas vidas... – A maçã começou a murchar na palma da mão de Taylor, deixando Harry apavorado.
Ela largou a fruta apodrecida e ergueu levemente a sua mão.
– Será que você gosta de garotas com unhas compridas, Harry?
Ele engoliu em seco. Não foi capaz de responder. Não diante daquela visão. A mão de Taylor se transfigurava em uma figura escura, amarronzada, e deformada. Dedos longos surgiam, e deles, unhas afiadas cresciam.
– Você teria sido um bom amante Harry... É uma pena que eu vou acabar com você... – Ela sorriu.
...
Liam continuava esperando quando percebeu que Taylor não estava só no quarto. Ele ouviu ela e Harry conversarem um pouco, depois um silêncio.
– Ih... Esses dois... – bufou.
De repente, surgiu da escada Louis, correndo desesperado até Liam.
– O que foi Louis?!
– Harry está lá dentro? – ele perguntou esbaforido.
– Está, por qu...?!
– Sai da frente! – Louis tentou abrir a porta.
– Está trancada por dentro. – Disse Liam. Ele não entendeu nada quando Louis se jogou contra a porta, na tentativa de derrubá-la.
– O que está fazendo?! – Falou Liam, exasperado. – Quer derrubar minha casa?!
– Não há tempo para explicar! Só me ajude! Harry corre perigo!
Com isso, Liam e Louis se jogaram contra a porta.
...
Taylor levou um susto quando alguém tentou girar a maçaneta com força do lado de fora do quarto.
– Quem está aí?! – disfarçou, com a voz meiga.
– HARRY! – Era a voz de Louis pelo lado de fora. – CUIDADO HARRY! ELA É UMA BRUXA!
Taylor soltou um guincho animal, de raiva. Como haviam descoberto que ela era uma bruxa?! Mas que droga.
Aproveitando o segundo de distração de Taylor, Harry lembrou-se de que, num momento em que Louis lia distraidamente o diário do bisavô de Liam, ele espiara uma das páginas, que falava das características das bruxas e do que podia feri-las. Apanhou uma corrente com um crucifixo que estava usando e apontou para ela, começando a rezar.
– Hahahahaha! – Ela se virou para ele novamente. – Você acha que crucifixos ou água benta dão certo? Isso é mentira. – Ela disse, começando a andar na sua direção.
Ela iria mata-lo. Harry, sem pensar duas vezes, fez o oposto do que muita gente faria. Ao invés de fugir para outro canto do quarto, para ser encurralado, ele saltou em cima de Taylor com o crucifixo que arrancara do pescoço, cravando a ponta da cruz de ferro no ombro da maldita. As batidas na porta continuavam e aumentavam seu estrondo, à medida que Louis e Liam colocavam cada vez mais força para derrubá-la.
Taylor soltou um guincho de dor altíssimo, que enlouqueceria um ser humano, se este ficasse submetido a ouvi-lo por muito tempo.
A bruxa levou a mão normal ao crucifixo e arrancou-o do ombro, emitindo um som de dor ainda mais alto. Harry notou que o contorno da cruz ficou marcado em sua mão, como uma queimadura.
Ela olhou para Harry, e seus olhos estavam vermelhos e flamejantes de ódio. Ela rosnava, e Harry reparou que seus dentes cresciam e ficavam afiados. Ela estava se tornando a imagem do demônio.
Por mais que estivesse ferida, Taylor levantou a mão deformada para tentar acertar Harry. Ele se esgueirou, mas acabou com um arranhão na lateral do corpo.
Nesse momento, a porta cedeu. Louis caiu no chão com a porta e Liam a seu lado. Liam foi o primeiro a se levantar e abriu um frasco com um líquido que tacou em Taylor.
Ela olhou com seus olhos vermelhos para Liam e rosnou. A boca com os dentes afiados apavorou o pobre e simples sitiante. Ele jogara água benta nela, como estava escrito no diário de seu bisavô. Por que não dava certo, então?
Louis levantou e desferiu na bruxa um golpe com a sua espada. Ela rosnou, e o corte que Louis fizera em seu braço direito cicatrizou sozinho diante de seus olhos.
A bruxa arrancou a espada de Louis da mão dele, e literalmente voando até ele e Liam, acabou encostando-os contra a parede do quarto, erguendo-os e segurando seus pescoços cada vez mais apertado. Ela estava sufocando Louis e Liam.
Os pensamentos de Harry, apesar da situação, ferviam enquanto a bruxa agarrava seus companheiros pelo pescoço.
Ela dissera que crucifixos e água benta não funcionavam contra bruxas e, de fato, a água que Liam jogara nela não surtira efeito algum. Mas então... Por que quando Harry cravara o crucifixo em Taylor, ela sentira tanta dor?! E por que ao arrancá-lo de seu ombro, a mão da feiticeira das trevas ficara queimada?
Se não era o crucifixo, só poderia ser o material de que ele era feito! E o seu crucifixo era de...
Ferro!
Harry olhou em volta desesperadamente, à procura de algum objeto que pudesse ser de ferro.
Liam e Louis já começavam a afrouxar suas mãos das mãos da bruxa, sucumbindo ao sufocamento.
Taylor soltou uma risada terrivelmente alta e diabólica.
Os olhos de Harry captaram sobre a cômoda ao lado da cama, uma pequena estatueta de cor verde azulada, que estava enferrujada. Era uma escultura grosseira de Nossa Senhora de Fátima, mas ele a pegou e correu até Taylor.
Ela estava de costas para ele e não percebeu que ele se aproximava. Ao se aproximar de Taylor, Harry pressionou a base da estatueta contra as costas da bruxa. Ela guinchou mais uma vez, e a camisola entre sua pele e o ferro da escultura derreteu.
Ela soltou Liam e Louis, mas seus braços ainda conseguiram empurrar Harry, que caiu no chão aproximadamente a um metro de onde estava a bruxa. A estatueta caiu no chão.
Ela voltou-se para Harry. O ódio era tanto que ela se esqueceu dos outros dois rapazes, que recuperavam o ar.
Ela pulou e caiu sobre Harry, pondo sua mão boa em seu pescoço e erguendo a mão de monstro para cravá-la bem fundo no coração de Harry.
E ela ia fazer aquilo. E seria o fim.
Ela abaixou a mão e sua estava a milímetros do coração do rapaz, quando...
GRUAÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁ!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Esse foi um som mais do que gutural. Saiu de dentro da alma – se é que bruxas têm alma – ou do que quer que pudesse ter dentro do âmago de uma bruxa.
Harry encontrara a seu lado o crucifixo que Taylor retirara de seu ombro e jogara no chão, e enfiou-o bem fundo no abdômen dela.
O grito ecoou pelos ouvidos de todos, deixando-os aturdidos, e o corpo de Taylor se contorceu durante três segundo, até se dissolver em milhares de corvos negros que, também gritando, quebraram os vidros da janela do quarto e saíram por ela.
Nem Harry, nem Liam, nem Louis conseguiram emitir som algum durante os minutos que se seguiram.
Eles haviam acabado de descobrir que não estavam brincando de resgatar a bela dama das garras de um vilão qualquer.
Eles tomaram consciência de com o que estavam lidando desde quando se propuseram a resgatar a princesa.
Eles estavam em uma caçada mortal com... Bruxas.

Um comentário:

  1. Perfeito, eu realmente estou amando a fic, estou ansiosa pelos próximos :)

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