Capítulo 34 - Rastreadora

Capítulo 34 - Rastreadora

Mulan correu para o bosque. Três vassouras serpenteavam atrás dela, arremessando bolas de fogo em meio às árvores.

A chinesa sentiu uma golfada de ar quente passar ao lado de seu pescoço antes do tronco de uma árvore crepitar ao seu lado.

As árvores davam a ela uma chance maior de fuga. Contudo, as bruxas, sentadas em vassouras, estavam cada vez mais perto. A chinesa tentara arremessar uma das flechas com o arco de Zayn, sem sucesso. Aquela não era sua arma ideal.

Mulan continuou se embrenhando no bosque. Seus pés começavam a vacilar sobre o chão irregular e repleto de matéria orgânica em decomposição. Em certo momento, ela tropeçou e caiu de queixo na terra. A aljava e o arco de Zayn rolaram para longe.

Trincando o maxilar com a queda, ela conteve um grito de dor. Quase no mesmo instante, uma vassoura passou por cima da chinesa em alta velocidade. A bruxa não esperava a queda e acabou se atrapalhando toda ao tentar “manobrar” a vassoura para o lado oposto. Ela bateu em um tronco, a vassoura quebrando-se ao meio, o corpo sendo lançado violentamente no chão.

A cabeça da bruxa foi de encontro ao toco de um tronco de árvore, pontiagudo como uma estaca. Sua cabeça foi perfurada.

Mulan estava ainda estatelada no chão quando ouviu algo cair ao seu lado. Ela abriu os olhos pesarosamente, devido à dor. Contudo, o que viu lhe fez ter um choque de adrenalina tão grande que ela se ergueu como se estivesse perfeitamente bem.

O olho da bruxa recém-morta pairava no chão de folhas em decomposição. Mulan procurou sua dona e então viu o trágico acidente. Ela era uma mulher forte, mas aquilo a deixou enjoada. Era uma visão pavorosa.

A chinesa não se sentiu contente com a perda de uma agressora. Tampouco teve algum tempo para avaliar se o sentimento estava mais para o desgosto ou para o alívio. Lá vinha outra vassoura, cortando o vento a menos de dez metros. A bruxa vinha de encontro a ela.

Mulan sentiu a pressão da ponta do cabo da vassoura em sua barriga quando elas se encontraram. A bruxa comandou o voo para cima, e começou a ganhar altitude. Agarrando-se ao cabo, Mulan ficou pendurada enquanto ambas se erguiam acima das copas das árvores do bosque.

A bruxa soltou uma risada fina e prazerosa. Começou a balançar a vassoura propositalmente, a fim de derrubar a chinesa.

Uma das mãos de Mulan se soltou. Agora era apenas questão de tempo para que ela caísse. Com a mão livre, Mulan alcançou a bainha de sua espada. Ignorando a dor, ela ergueu a arma e golpeou o ar à sua esquerda, na direção da bruxa.

A bruxa, de feições horrendas – aquelas com verruga no nariz – gritou de dor quando a espada atingiu seu braço que se apoiava na vassoura, comandando-a. O membro foi decepado. A bruxa grunhiu e perdeu o equilíbrio da vassoura, que balançou furiosamente até derrubar tanto a velha horrorosa quanto Mulan. As duas caíram de volta no bosque.

Uma grande árvore de repente surgiu sobre elas. Mulan foi caindo de encontro a vários galhos e cipós, esbarrando e se enrolando em vários deles até atingir o chão de folhas mortas.

Ela caiu de costas e a dor que sentiu foi lancinante. A chinesa perdeu o ar por um momento, incapaz de se mexer.

Com os olhos arregalados pela dor, ela olhou para cima. Os galhos e os cipós haviam “amortecido” sua queda. Contudo, o que fora a salvação para Mulan fora a condenação da bruxa que caíra com ela. O pescoço da maldita havia se enrolado de tal forma nos cipós, que ela acabou jazendo enforcada de um dos galhos mais grossos, as pernas sem vida sofrendo a ação da gravidade a cerca de doze metros de Mulan.

Quando Mulan recuperou o fôlego, sentiu a pontada de dor no lado esquerdo de seu corpo.  Um pouco acima da região do quadril, um galho rasgara a sua pele até mais ou menos a metade da barriga, fazendo uma linha de sangue diagonal. Em sua mão direita, um filete de tronco transpassara totalmente a carne da palma.

Mulan estava com a visão turva. Tudo girava. A dor queimava, latejava, e sangrava, ela toda estatelada no chão. Fez menção de se mexer. Contudo, com o primeiro movimento que fez, perdeu o ar novamente. Aparentemente o estrago tinha sido ainda maior. Mulan não se surpreenderia se tivesse quebrado uma das costelas ou afetado letalmente uma das vértebras.

A dor foi ficando mais forte. O pescoço da chinesa tombou para o lado direito. Seus olhos cheios de lágrimas se abriram vagarosamente.

Então ela enxergou: o frasco que aquele duende esquisito lhe dera, contendo o líquido destruidor de orcruxes, estava caído a uns trinta centímetros de sua mão direita.

Ignorando o fato de sua mão estar atravessada por um galho, ela tentou estica-la para agarrar o objeto. A dor ameaçava apaga-la a qualquer momento e, se não o fizesse, outra coisa que se aproximava o faria.

Mulan ouviu os passos e virou o pescoço para ver quem se aproximava. Logo se arrependeu do movimento, mas a visão não deixou espaço para que ela se concentrasse na dor. O medo reapareceu em seus olhos.

A última bruxa que sobrara aproximava-se dela. A maligna, porém, era diferente das outras. Era bonita, olhos azuis, cabelos loiros... Mulan não a conhecia, mas a reconheceu pelo olhar de deboche que fazia. Pela descrição, deveria ser a bruxa que atacara Liam, Harry e Louis no sítio de Liam. Taylor.

A loira riu ao se aproximar. Trazia em sua mão a aljava e o arco de Zayn, que jogou no chão ao lado da pobre chinesa.

- Ora, ora, ora... Parece que a bota que encontrei no castelo da Cinderela não me trouxe exatamente a quem eu queria... – Taylor cheirou o ar. Ela usara a bota que Zayn perdera na fuga de Cynder para seguir o rastro do cheiro de seu dono. Como Zayn já não mais usava a outra bota, Taylor conseguira farejar até sua arma: o arco e a aljava com flechas.

Mulan sentiu um arrepio correr por sua espinha quando Taylor se aproximou de seu rosto, agachando-se sobre seu corpo.

A bruxa correu os olhos pela chinesa até chegar em sua mão direita. Sorrindo, e sem notar o frasco das orcruxes, ela agarrou a mão e puxou com tudo o galho que a transpassara.

O grito de Mulan foi estridente e ecoou agonizante por toda a extensão do bosque. Ela chorava, a respiração entrecortada.

Taylor sorriu com prazer pela situação dela.

- Pelo jeito não me trouxe nem a um rapaz... Mas o que uma mulher estava fazendo com as armas de meu procurado? – Taylor cheirou Mulan, depois farejou o ar, parando por um segundo. Ela fechou os olhos em deleite e sorriu. Rastreara novamente o cheiro de Zayn, e conseguiu um resquício de um odor conhecido, um pouco envolto por álcool: Harry. – Ah, já os encontrei... Você está caçando com eles, meu bem? – Taylor olhou fundo nos olhos de Mulan. – Bom, acho que o termo certo a usar é “estava”...

Com isso, Taylor ergueu sua mão, unhas afiadas crescendo dela enquanto esta se tornava maior e mais enrugada, com uma coloração amarronzada.

- Adeus, queridinha...

Taylor abaixou a mão, e Mulan fechou os olhos.



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Ae Gente!!! Finalmente férias!!!

Voltei pra ficar!!!

Continuo com sete comentários!

Bjs