Capítulo 44 - Papai

Capítulo 44 – Papai

- O que aconteceu? – Perguntou Harry, massageando a cabeça, que estava dolorida. – Por que eu estou com gosto de peixe na boca?

- Já passamos da Fenda? – Perguntou Jack. – Eu não me lembro de...

- Espere, onde está Príncipe Logan? – Perguntou um dos homens da comitiva do príncipe.

Mulan abriu a boca para responder, mas Zayn disse primeiro:

- Pin! Ele conduziu o navio. Vocês estavam todos amarrados, meio desmaiados, meio bobos!

Todos olharam para Pin.

- O que aconteceu Pin? – Perguntou Niall. – Por que estávamos amarrados?

- E por que não nos lembramos de nada? – Quis saber Louis.

- E por que você estava conduzindo o navio? – Jack indagou, franzindo as sobrancelhas e com cara de poucos amigos.

Mulan bufou e começou a explicar:

- Vocês foram enfeitiçados.

- Enfeitiçados? Por quem?

- Pelas sereias!

À menção da palavra, eles pareceram lembrar-se de algo.

- Aquela música... – Disse Liam. – Eu me lembro de ter ouvido uma melodia maravilhosa... E depois vi mulheres muito bonitas na água! E... Não me lembro de mais nada depois disso.

Todos os homens concordaram.

- Todos os homens foram enfeitiçados pela música. Vocês ficaram meio bobos, como se estivessem profundamente apaixonados, e a maioria de vocês chegaram a ficar bem agarrados com as sereias, que não eram bem mulheres bonitas, na essência...

Mulan, com a voz meio engrossada, explicou o que mais acontecera. Os presentes ficaram absurdados com a história que “Pin” contou. Mas Zayn confirmou uma parte. Ele havia acordado e visto Pin tirá-los da Fenda.

- Pin, você nos salvou! – Exclamou Liam.

- Obrigado Pin! – Niall abraçou o amigo.

- Os chineses são de ferro! – Louis sorriu. – Não sei o que seria de nós sem você, Pin.

Mulan sorriu. Até Jack agora a agradecia. Taylor a cumprimentou humildemente, agradecendo-a.

- Temos todos uma dívida com você. – Disse o Príncipe.

- Ei, mas peraí! – Começou alguém, contestando a história. Logicamente, era Harry. – Se as sereias enfeitiçaram todos os homens, por que você não foi enfeitiçado também, Pin?

Mulan empalideceu. Os rapazes perceberam o que Harry queria dizer e se viraram para “Pin”, esperando uma resposta. Ali estava uma brecha em sua história. Realmente, se todos os homens haviam sido enfeitiçados, Pin também deveria ter sido. Mas Pin não era bem um homem...

- Ah... Eu... Er... Eu... Bem... – Ela não sabia o que responder.

- Alga no ouvido! Você bem que me avisou que elas eram boas pra dormir com muito barulho em volta! – Liam disse, tentando ajudar.

- Alga no ouvido? – Niall.

- Alga no ouvido? – Zayn.

- Alga no ouvido? – Louis.

- Alga no ouvido? – Harry.

- Er... Sim, Liam, você está certo! Logo que ouvi o começo do canto das sereias, eu coloquei algas no meu ouvido. – Respondeu a chinesa, agradecendo (ou não) à desculpa de Liam.

- E onde você conseguiu algas?

- Onde... Er... Na bolsa mágica, é claro! Ela não nos dá qualquer alimento que quisermos? Alga também é comida. E, devo dizer, tampa a passagem do som que é uma beleza. Não dá pra ouvir nada. – Ela sorriu, desajeitada.

Ninguém ficou muito convencido da veracidade da “alga”, mas também ninguém ligou para a resposta. Seja lá o que tivesse acontecido, Pin era homem, e de alguma forma não havia sido afetado. O único que ficou encucado com aquilo foi, obviamente, Harry. Ele ia perguntar onde é que estava a bolsa mágica e como Pin pegara as algas tão rápido, antes de ser enfeitiçado, e por que o chinês não avisara os outros, quando o mesmo homem da comitiva de Logan que perguntara onde estava o príncipe refez a pergunta, um pouco nervoso dessa vez:

- Tá, tá, mas dá pra me responder onde está Vossa Alteza, o Príncipe Logan?!!!

Nesse instante, todos viram o rosto de Pin baixar-se. Seus olhos perderam o brilho e assumiram uma expressão de tristeza e culpa.

- Eu... Não consegui salvar todos, exatamente...

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                Quando Logan caiu na água, ele recobrou a consciência. Algo o puxou muito para baixo. O que estava acontecendo? Como ele fora parar ali?

                O que quer que o tivesse pego, largou-o. Logan virou-se. À sua frente estava uma criatura horrenda, meio mulher, meio peixe, que escancarava os dentes e rosnava.

                Entretanto, ela nada lhe fez. Apenas rosnou por alguns instantes e logo foi embora. Outras criaturas como aquela o cercaram, mas, da mesma forma, nada fizeram, rodeando-o para logo depois irem embora.

                Ele havia sido arrastado muito para o fundo, e começou a nadar de volta à superfície, desesperadamente. O ar se esvaía de seus pulmões rapidamente.

                Ainda faltavam cerca de seis metros para que o príncipe emergisse quando ele perdeu totalmente o oxigênio. Não havia mais ar para ele expirar.

                Cansado, com frio, os membros não oxigenados doloridos, ele resolveu entregar-se a morte.

                Soltou a respiração, pronto para receber água nas narinas e morrer afogado.

                Mas não foi isso que aconteceu.

                Logan se entregou à morte, e de fato água encharcou suas narinas. Mas aquilo pareceu renová-lo! Subitamente, ele não sentiu mais frio, e seus membros ficaram fortes e enrijecidos como ficavam em terra firme. Aliás, era como se ele estivesse em terra.

                Ele não entendeu nada. Não fazia sentido. Ele estava respirando perfeitamente, mas estava embaixo d’água! O quê?

                Outras duas coisas simplesmente não batiam com a realidade: como ele conseguia estar com os olhos abertos em água salgada e por que não havia sido atacado por aquelas estranhas criaturas?

Logan resolveu subir à superfície. Quando seu rosto encontrou o ar novamente, ele nem parecia ter feito a transição da água para o céu aberto. Ele procurou pelo Pérola, mas este já havia desaparecido por alguma curva da Fenda.

Ainda intrigado, ele mergulhou. Conseguia enxergar tudo com tanta clareza! Parecia enxergar até melhor ali, debaixo d’água! Via os detalhes minúsculos e intrincados dos navios naufragados, as saliências mais sutis das rochas, até mesmo conseguia distinguir os grãos de areia a uns vinte e cinco metros abaixo.

                De repente, em sua cabeça, ele ouviu uma voz. Uma voz que já ouvira antes algumas vezes. Era grave e firme, mas suave ao mesmo tempo, e ecoava por sua mente.

                “Filho... Siga a corrente. Venha para cá.”

                Seguir a corrente? Logan se deu conta da correnteza. Era forte e arrastaria um ser humano normal. Mas, pelo jeito, ele não era tão normal como pensava.

                O instinto natural de uma pessoa não faria com que ela seguisse a orientação de uma voz misteriosa, mas Logan, fascinado, o fez.

                Ele seguiu a correnteza, surpreendendo-se com a facilidade e velocidade com que nadava.

Em certo ponto, espremeu-se por duas carcaças de embarcações submersas e arranhou a lateral do braço. Levou a mão ao arranhado e observou-o para ver se havia sido muito profundo. Foi então que assistiu à coisa mais surpreendente de toda a sua vida: o machucado cicatrizou em questão de segundos, diante de seus olhos!

Ainda em choque, ele seguiu caminho. Quando saiu da Fenda, o mundo embaixo d’água iluminou-se com a luz do Sol acima.

A alguns metros de distância, o príncipe avistou o casco do Pérola Negra. Seu primeiro impulso foi nadar até ele, reunir-se de volta com todos. Mas a voz retumbou na cabeça de Logan outra vez:

“Desça, Logan. Desça, e você verá a luz.”

Descer? Ver a luz?

Logan ponderou. Sua curiosidade matava-o por dentro. Era aquela voz sua consciência, sua imaginação, ou algo mais? Deveria seguir algo tão misterioso?

O príncipe pensou que, se fosse para ele estar morto, ele já deveria estar. Por isso, decidiu obedecer a voz. Afinal, ela o havia guiado para fora da fenda.

A uma velocidade surpreendente, ele desceu até as profundezas, em uma linha diagonal. A pressão não o afetava e, quanto mais longe do Sol e mais escuro o ambiente seria para uma pessoa normal, mais claro para Logan ficava.

                “Isso é impossível!”, pensou o príncipe, mas se arrependeu de ter pensado aquilo. Porque aquilo que repentinamente se revelou atrás de uma enorme rocha, aquilo sim, era impossível.

                Os olhos de Logan brilharam com a luz amarela que inundou o ambiente em volta. À sua frente, ele viu construções! E construções que pareciam ser feitas de... Corais?! Ele se aproximou, fascinado.

                Seus olhos aguçados captaram movimento. Mulheres belíssimas metade peixe, metade-humano nadavam balançando suas caudas, conversavam, riam...

                Ele observou atentamente as construções. Era uma cidade. Uma cidade dentro da água, disposta de forma circular. Casas se amontoavam, muito próximas. Eram lindas. Mais de perto, podia-se ver que, além do amarelo, a cor principal, também existiam construções de várias outras cores, como azul, rosa, verde...

                Logan deteve-se na construção principal: ficava no centro da circunferência e era a coisa mais magnífica que ele já tinha visto em toda a sua vida: era como um castelo, só que mais estreito e mais alto, com várias aberturas, rampas que serviam como escadarias, torres estonteantes! E, por mais que fosse possível perceber que as bases do castelo eram feitas de corais, ele era revestido de ouro em muitos locais. Era principalmente de lá que vinha o brilho amarelo. Ele parecia ter um brilho próprio, realçado pelo ouro. Era esplêndido!

                Logan procurou uma palavra para resumi-lo melhor: não era um castelo. Era um palácio! Um palácio no fundo do mar!

                A atenção de Logan era tanta que ele só percebeu a presença a seu lado quando ela falou:

                - É lindo, não é?

                - Sim, é a coisa mais maravilhosa que eu já... – Logan se deu conta de que alguém falava com ele. Era alguém com a mesma voz que ecoara pela sua mente alguns minutos atrás.

                Ele virou-se e encarou um homem nem jovem, nem velho, mas maduro, e belíssimo. Os cabelos eram castanho-escuros e os olhos eram de um azul límpido como o céu, exatamente da cor dos de Logan. Tinha músculos muito bem definidos e, como os outros seres que Logan havia visto na cidade, do quadril para baixo não existiam pernas e, sim, uma cauda. O jovem príncipe escancarou a boca.

                - Bem-vindo ao lar. – Disse o homem.

                - Q-quem é você? – Foi o que conseguiu pronunciar Logan.

                - Eu? – O homem deu uma risada. – Eu tenho muitos nomes... Netuno... Poseidon... Mas, por você, devo ser chamado exclusivamente de “papai”.

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Oi, gente?

Surpresas?

Muitas revelações no próximo cap.

Continuo, como sempre, com cinco comments J

Bjs

Elissa