quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Capítulo 45 – Linhagem (Im)pura

Capítulo 45 – Linhagem Impura

- Pai? – Logan estreitou os olhos. –Poseidon... O deus das lendas gregas... Você é meu...  pai?
O belo homem sorriu.
- Ah, filho, você não vê? Tem os meus olhos! E, se não fosse meu filho, como é que estaria vivo aqui em baixo, falando comigo?
                Foi apenas naquele instante que Logan percebeu que podia falar. Então o que aquele homem - que dizia ser Poseidon, e que também dizia ser seu pai - falava fazia sentido. Era uma excelente explicação para as coisas estranhas que Logan podia fazer embaixo d’água, que incluíam desde respirar até se curar!
                - Eu... Eu sou... Filho de Poseidon? – Logan olhou para a cauda de seu... pai.
                - Ah, você prefere pernas, não? Tudo bem. – E então a cauda de Poseidon se transformou em um esbelto par de pernas. O queixo de Logan caiu, fazendo Poseidon rir. - Talvez você prefira conversar sobre a gente em um local mais confortável. Venha comigo.
                E, dizendo isso, Poseidon saiu nadando rumo ao Palácio no centro da cidade.
                - Venha, filho, venha conhecer sua casa!
                Logan, pasmado, não teve outra reação senão seguir Poseidon.
                Eles e dirigiram à grande construção rapidamente. Sempre seguindo o... pai, Logan entrou no palácio. Ele era ainda mais bonito, elegante e rico por dentro do que por fora.
Guardas com caudas cumprimentaram Poseidon e abriram uma gigantesca porta dupla de ouro. Logan entrou no que parecia ser a sala do trono.
Bem em frente à porta estavam três grandes tronos de ouro. O maior deles ficava no centro e estava diretamente alinhado com a porta. Os outros dois eram um pouco menores, mas tão belos quanto o primeiro. Entalhes de pedras preciosas enfeitavam a borda dos encostos de cada um.
Logan ficou pasmado.
- Gostou? – disse Poseidon, acompanhando o olhar do filho. – O do centro é, obviamente, meu. O da direita é de meu primeiro filho, seu meio-irmão. E o da esquerda... – Ele suspirou tristemente. – Eu um dia sustentei a ilusão de que pudesse ser de sua mãe, a única mulher que eu amei de verdade. Mas, uma vez que é impossível que eu a veja novamente, acho que deveria ser seu, Príncipe Logan de Atlântida.
Logan não podia acreditar. Ele era um príncipe na terra, herdeiro do trono de Olimpiana, e um príncipe no mar, aparentemente segundo na sucessão de... Atlântida! Peraí?! ATLÂNTIDA!
- Esta é a cidade perdida de Atlântida?! – O jovem príncipe estava pasmado. – Ela realmente existe?! Não é lenda?
Poseidon riu.
- Mas é claro que não é lenda. Você está vendo com seus próprios olhos. Ela um dia foi a sede de meu reinado na superfície, a cidade mais rica em conhecimento e minerais do planeta terra. Pessoas da terra e pessoas do mar conviviam pacificamente. Mas quando os seres humanos começaram a ficar gananciosos demais e ameaçar a cidade e seus habitantes, eu afundei Atlântida, para protegê-la e com ela todos os seus tesouros inestimáveis, que não poderiam cair em mãos erradas.
- Você afundou Atlântida?!
- Logicamente. Eu era o único que poderia fazer isso.
Logan não tinha mais palavras. Não tinha mais perguntas. Tudo era tão fascinante. Ele não podia acreditar que era filho de um dos deuses da mitologia grega! Jamais imaginara, quando estudando as lendas da Grécia, que elas poderiam ser verdade. Muito menos poderia imaginar que estava ligado a elas. Entretanto, lá estava ele, respirando embaixo de água salgada, nas profundezas, vendo com seus próprios olhos uma cidade submarina e seres meio peixe, meio humanos. E era só olhar para o homem à sua frente. A semelhança não era muita, mas os olhos de ambos... Era impossível de se contestar.
Ao pensar em ligações, Logan de repente tinha uma pergunta. Por trás de seu encantamento, um sentimento de raiva, de tristeza e de humilhação começaram a aflorar, ao se desconectar com o mundo marítimo e retornar os pensamentos à sua vida sobre a terra.
Contudo, quando ele ia descarregar a descarga de sentimentos que repentinamente o invadira, uma porta lateral se abriu, e entrou no ambiente um homem muito parecido com Poseidon. Eram praticamente a cópia um do outro, com a exceção de que o recém-chegado parecia ser um pouco mais jovem e possuía uma cauda, a qual Poseidon abandonara alguns minutos antes.
- Pai, você... – O homem começou a dizer, mas parou ao ver Logan.
- Filho, este é seu irmão mais novo, Logan! – Disse o deus, sorrindo alegremente. – Logan, este é seu irmão mais velho, meu primeiro filho, Tritão.
Tritão sorriu como Poseidon.
- Oh, irmão, seja bem-vindo! Aqui é sua casa! Que bom finalmente conhecê-lo! Mas, se me permite a ousadia, como é que veio parar aqui? Papai, você o chamou para a água?
- Na verdade, essa é uma pergunta que eu realmente gostaria de saber a resposta... – Disse Logan. Eu não sei como vim parar aqui.
- Por que não nos sentamos na sala de leitura? Há bons assentos lá que nos deixarão à vontade para esclarecer algumas questões. – Disse Poseidon. – Tritão, junte-se a nós!
- Obrigado, papai. – Disse Tritão. – Mas eu estou procurando Atina, Aquata e Ariel. Você as viu?
- Na verdade, eu vi Atina e Aquata pela manhã. Estavam indo ao alfaiate. Mas Ariel eu não vejo desde ontem.
- Ah, essa menina só me dá trabalho! – Reclamou Tritão. – Meu irmão, um conselho: pense muito bem antes de ter sete filhas.
- Sete filhas?! – Repetiu Logan.
- Sim, suas sobrinhas! Moças encantadoras, minhas netas, devo dizer: Atina, Arista, Aquata, Andrina, Adela e Alana são as seis primeiras e donas de uma educação esplendorosa. – Começou Poseidon - Mas Ariel, a mais nova... É só ver a cara de seu irmão pra descobrir o quanto essa menina é endiabrada.
- E desastrada. – Completou Tritão. – Fico preocupado, pois ela tem uma certa tendência a causar problemas, e vive sumindo. Deve estar perto da superfície de novo, procurando por navios para observar. Já disse a ela para não fazer isso. – Tritão bufou. – Se me derem licença, vou atrás dela, e assim que encontra-la me juntarei a vocês. Prazer em conhece-lo, irmão! – Tritão voltou a sorrir. – Estou ansioso para conversarmos mais tarde. – E, com isso, o homem retirou-se pela porta dupla de ouro.
- Ah, Ariel... – Lamentou Poseidon. – Garota imprudente. Não sabemos mais o que fazer com essa menina. Se ao menos ela fosse como as irmãs. Veja só que, uns cem anos atrás, ela quase matou o pai dela, literalmente. Apaixonou-se por um príncipe da superfície que salvou de um naufrágio. Então, às escondidas, depois que seu pai a proibiu de vê-lo, ela fez um pacto com Úrsula, uma bruxa horrenda, que a enganou. Tivemos de entrar em um combate, sabe? As consequências foram severas para todos, mas derrotamos Úrsula, que se recolheu para muito longe daqui. E Ariel, coitada, no final acabou tendo um breve romance com o príncipe na superfície, que a trocou por uma princesa rica depois de três meses. Então ela voltou ao mar, de onde nunca deveria ter saído. Pobre Tritão, envelheceu uns quarenta durante esse período...
Logan franziu o cenho. Não conseguia imaginar seu meio-irmão ter envelhecido quarenta anos com aquela aparência. Mas, se sua sobrinha mais nova tinha mais de cem anos e parecia comportar-se como uma adolescente, ele não conseguia imaginar a idade de Tritão e, ainda mais, de Poseidon, que era um deus.
- Eu sei o que está pensando. Parecemos muito jovens, não é mesmo? De fato, apenas criaturas mágicas mulheres nascem com dom da juventude. Mas eu sou um deus, como Tritão é um semi-deus, e você também, e minhas netas. Temos todos um dom maior que o da juventude: o dom da imortalidade. Por isso, envelhecemos, sim, embora muito devagar. E, ao atingirmos certa idade, nós paramos de envelhecer. Ah, mas isso, claro, se estivermos dentro d’água, o meu reino natural e, consequentemente, seu reino natural. Se subirmos à superfície por muito tempo, os anos passam para nós como passam para um ser humano comum. Você é um exemplo disso. Se tivesse sido criado dentro do mar desde que nasceu, você ainda estaria na condição de um bebê.
Logan tentou absorver toda aquela informação. Ele, um semi-deus? IMORTAL? Enquanto falava, seu pai o conduziu até a sala de leitura. Era pequena e aconchegante em largura, mas gigantesca em altura. As paredes eram todas recheadas de livros.
- Como isso sobrevive embaixo da água? – Perguntou o príncipe apontando para os volumes.
- Ah, não são livros como os que você tem na terra. As páginas são feitas de corais prensados, e a tinta vem de polvos.
Logan balançou a cabeça. Muito simples...
Ele sentou-se em uma poltrona, de frente a Poseidon. Ele não ousou perguntar do que era feita a poltrona. Era o assento mais macio em que ele já se acomodara.
- Então, meu filho. É hora de colocarmos nossa conversa em dia. O que você gostaria de saber primeiro?
Aquele turbilhão de sentimentos ruins invadiu Logan novamente. Ele perguntou, com a voz fria.
- Por que eu nunca soube de sua existência?
- Mas você sempre soube que tinha um pai.
- E por que eu nunca soube que meu pai era um DEUS QUE VIVIA NO FUNDO DO MAR?! – Logan começou a frase calmamente, para depois perder o controle e gritar. Sua expressão era de puro ódio.
- Eu já esperava por isso... – Disse Poseidon. – Veja bem, filho, não foi por minha culpa que nós nunca nos vimos. Na verdade, existem dois fatores que ocasionaram o nosso desencontro o vida inteira.
- E quais seriam? – perguntou o jovem príncipe, ríspido.
- O primeiro. – Começou Poseidon. – É seu avô.
- O que meu avô tem a ver com isso?
- Seu avô proibiu sua mãe de lhe contar o que havia acontecido. Acho que a proibiu de contar a qualquer um o que ocorrera.
- Proibiu minha mãe de contar o quê?
Poseidon suspirou.
- Eu vou contar a você tudo o que aconteceu com todos os detalhes de que disponho. É até um pouco estranho, lembra muito a história de minha neta, Ariel, só que ao contrário. Vinte e um anos atrás, sua mãe, Lisa, atravessava este mesmo braço de mar, de volta à Inglaterra, quando foi atacada por piratas.
“Philip, seu avô, não estava no navio. Ele havia ficado doente e enviara a única filha à Irlanda em uma missão diplomática de extrema importância. Pelo que eu sei, Olimpiana estava prestes a entrar em guerra com um reino irlandês. Sua mãe conseguiu assegurar a paz entre os dois reinos. Ela sempre foi uma mulher incrível. De fibra e inteligente, mas suave e calma como apenas ela consegue ser.
Naquela noite, o navio dela foi atacado, e naufragou. Nós, seres do mar, temos um acordo de nunca interferir nos assuntos que acontecem na superfície. Mas, quando eu vi Lisa caindo, desmaiada, eu não consegui evitar. Ela era a mulher mais bonita que eu já tinha visto. Eu vou dizer que deuses se apaixonam facilmente, e eu já me apaixonei muitas vezes. Mas com a sua mãe foi diferente. Foi especial. Por isso aquele trono no lado esquerdo não é ocupado por ninguém. Era para ela, mas primeiro, Lisa jamais poderia viver comigo aqui embaixo. Depois, seu avô nunca a deixou viajar novamente.
Mas... Continuando... Eu salvei Lisa aquela noite. A um quilômetro daqui, aproximadamente, há uma ilha na qual eu a deixei. Ela estava machucada, e eu cuidei dela. Depois que ela acordou, contou-me tudo, assim como eu expliquei que a tinha salvo. A princípio, fingi ser um oficial que estava no próprio navio, um membro da guarda de Olimpiana. Mas, com o tempo, não estava mais apenas apaixonado, eu estava amando. E ela também correspondia. Então eu contei a ela toda a verdade. Sobre quem eu era e o que havia acontecido de verdade.
No começo ela não acreditou, mas depois eu mostrei a ela como podia ter cauda, respirar e falar embaixo d’água. Ela se convenceu, pasmada, fascinada.
Algumas noites depois, um navio de resgate procurando sobreviventes apareceu. Eu tinha de me esconder. Não podia ir com ela. Os dias seguintes foram uma tortura. Eu desejava tanto que ela estivesse comigo. Procurei diversas magias que pudessem transformar um humano comum em um ser das águas, sem sucesso. Apenas magia negra pode fazer isso, mas toda magia negra tem um preço alto a ser pago, e eu jamais colocaria sua mãe em risco. Isso sem contar que ela nunca viveria tanto tempo quanto eu. Ela morreria, e eu não saberia continuar minha vida sem Lisa. Tinha de tentar me desvincular. E foi o que tentei fazer. Mas dez meses depois, um navio cruzou estas mesmas águas, e meus soldados me trouxeram uma garrafa fechada que continha uma mensagem.
A mensagem falava sobre você, Logan. Era de Lisa. Ela havia subornado um oficial de seu reino pra deixar a mensagem quando passassem por este local. Seu pai a proibira de sair novamente. A carta também dizia que Philip ameaçara-a de morte se ela contasse sobre mim a você. Ela disse a verdade ao pai, mas ele certamente não acreditou. Até hoje, ele deve pensar que você é filho de um ninguém. Mas não o é. E agora você sabe. Você tem sangue mais nobre que qualquer outro príncipe que exista na terra. Porque você é filho de Lisa Lerman, princesa legítima de Olimpiana, e de Poseidon, o rei legítimo de todos os mares.”
Logan se lembrou das palavras da mãe, cada vez que ouvia que era bastardo.
“Meu filho, não dê ouvidos a essas pessoas. Elas não sabem de nada. Você é filho do maior dos reis deste mundo. Ele é o Rei dos Reis.”
Agora ele entendia porque sua mãe nunca lhe dissera mais nada. Se ela contasse a verdade a Logan, correria o risco de morrer. E, ainda assim, se ela lhe tivesse contado antes, será que ele acreditaria? Pobre Lisa! Julgada para sempre por dar à luz o filho do rei dos mares. Ela não manchara a linhagem. Ela enriquecera-a.
E que terrível seu avô! Por trás da “lenda” do bom pai que perdoara a filha e acolhera o filho bastardo dela, estava uma ameaça de morte.
Ela estava certa. O Rei mais poderoso, com mais “terras” do que qualquer outro. Todos os oceanos eram domínio de Poseidon.
                Ele estava quase perdoando o pai quando outra pergunta lhe veio à cabeça, sua raiva retornando com ela:
                - E por que, posso perguntar, você nunca foi me visitar às escondidas? Ou por que não assumiu o que era a meu avô? Por que não embarcou no resgate junto com a minha mãe?
                Poseidon suspirou.
                - Eu tentei me comunicar com você como pude. Toda vez que você estava na água, no banho, por exemplo, eu falava em sua cabeça. Como o fiz hoje, guiando-o até aqui.  – Logan lembrou-se. Sabia que já ouvira aquela voz antes. – Mas eu deixei de ir com sua mãe, não porque eu quisesse, mas porque fui impedido.
                - Impedido? Impedido pelo quê?
                Mais um suspiro.
                - Filho, essa é uma outra história, muito longa e cheia de detalhes, aliás. Talvez seja difícil para você imaginar, mas eu não ter assumido a sua paternidade por vinte e um anos tem a ver com uma bruxa. Uma bruxa da superfície, com a qual você não deve estar familiarizado com o nome. Flack. Caroline Flack.
                Logan, apesar do choque, não pôde evitar uma risada irônica.
                - Acho que o senhor não me conhece assim tão bem para fazer tal afirmação. – Disse o Príncipe.
                - Como assim, filho?
                - É porque é exatamente por causa dessa bruxa que eu estou aqui agora... pai. – Logan sentiu-se meio desconfortável ao chamar o deus dos mares assim, mas a sua raiva já estava passando. Pelo que percebia, uma única pessoa, ou melhor dizendo, criatura, merecia ser culpada pela sua vida de humilhação. Flack.
                - Você está aqui por causa de Caroline? Eu não entendo...
                - Pai... Conte-me a sua história, que eu te contarei a minha. – Falou, a voz cheia de determinação.
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Ok. Resolvi dividir um pouco esse cap. Está meio grande. Eu sei que estão faltando algumas explicações. Vou postá-las no próximo capítulo, ok?
Continuo com cinco comments J
P.S.: Hoje minha irmã, Elo, que muitas de vocês leem, está se formando no Ensino Fundamental II.
Desejem parabéns pra ela ;)

Bjs

8 comentários:

  1. Parabens pra Elo haha
    Mas enfim, continua!!!

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  2. Você é irmã da Elo, aquela que ama minhocas e que é dona desse blog:
    http://imagineonedirections.blogspot.com.br/
    Sério mesmo? Eu amo a fic dela também <3
    Então quer dizer que escrever bem é de família né? kkkkkk
    Mesmo que não for essa, deve ser diva porque é SUA irmã kkkkkkkkkkkkk
    Parabéns pra ela e diz que eu sei como é boa a sensação de estar formada. A minha formatura foi semana passada. >.<
    Enfim, adorei o capitulo (como sempre) CONTINUAAAAAAAAAAAA <3

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    1. Sim, essa Elo mesmo kkkkkk :) Ela é minha irmã. Aliás, só ela pra gostar de minhocas mesmo.
      Eu desejei seus parabéns a ela. E parabéns a você tb, pela sua formatura

      Bjs

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    2. Haha vlw >.< Eu amo as fic's da minhoca mãe. <3

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  3. Parabéns Elo! Continua Elissa!

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  4. Perfetoooooooooooooooooooooooooooooooooo
    Continuaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa <3

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  5. Cuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuntiinuaaaaaaaaaaaa

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