sábado, 1 de fevereiro de 2014

Capítulo 53 - Dois Peixinhos na Água

Capítulo 53 – Dois Peixinhos na Água


Logan se esgueirou pelas sombras do castelo com Ariel, evitando vários guardas. Eles nadaram bem devagar até descerem um pequeno aglomerado de rochas que os omitiria.
- A segurança é péssima por aqui, não? – disse o príncipe quando não podiam mais ser ouvido. Se o sistema de vigilância fosse mais eficaz, eles teriam sido pegos.
- Esses guardas são pura burocracia. Ninguém entra e ninguém sai de Atlântida, lembra? Não temos ladrões na cidade, além disso.
                - Como vocês sobrevivem aqui? Quero dizer, se nenhuma criatura inteiramente marinha pode entrar ou sair, como vocês conseguem alimento?
                - Isso foi um problema por anos. – Disse a princesa. – No começo, havia peixes o suficiente por estas bandas para que pudéssemos nos alimentar. Mas eles foram ficando escassos, e não havia mais como caçar. Então, começamos a desenvolver um sistema de plantio em nosso solo. Tivemos de nos adaptar, e então surgiu a aquicultura em Atlântida. Agora temos criadouros de peixes, moluscos, plâncton, fitoplâncton e algas, além de outras plantas.
- Uau! Isso é incrível! – Logan ficou admirado.
Ariel riu ironicamente.
- Somos como os homens da superfície. A diferença é que temos cauda.
Logan continuou seguindo a sereia. Eles percorreram uma distância bastante longa em silêncio, as lanternas que haviam trazido consigo iluminando a passagem a sua fente. Ele começou a ficar preocupado com Ariel.
- Não estamos nos aproximando do limite até onde você pode ir?
- Estamos.
Ele ficou perplexo com a calma e indiferença dela.
- E...
- Fique quieto, príncipe! – Disse a sereia. – Estamos quase chegando.
Ela parou de repente e apagou sua lanterna. Logan fez o mesmo e olhou em volta. Uns dois metros a sua frente, ele viu diversos peixinhos petrificados. Ali era o limite até onde Ariel podia ir.
- O que você quer que eu veja? – Ele sussurrou à sereia, olhando para ela.
- Shhhhhh... – ela o repreendeu. – Se falarmos, elas não vão brilhar.
Logan ia dizer mais alguma coisa, quando viu que o rosto de Ariel se iluminou.
À princípio, ele pensou que fosse o sorriso que se abriu de bochecha a bochecha na bela jovem, o que a deixou ainda mais bonita. Depois, contudo, ele percebeu que o brilho vinha de outro lugar.
Logan olhou para frente novamente. Ali, além dos peixes petrificados, por uma grande extensão, emanava uma luz vermelha de uma série de plantas que brilhavam. Era a coisa mais linda que ele já tinha visto, especialmente sob a escuridão do oceano.
- O que... O que é isso? – Ele sussurrou ainda mais baixo.
- Na superfície, chamam isso de Maré Vermelha. Aqui embaixo, chamamos de “O Jardim de Alexandra”.
- Por que esse nome?
- Alexandra era uma sereia muito, muito bonita, e muito, muito bondosa. Ela gostava de nadar longas distâncias e explorar os mais diversos cantos do mar. Um rei se apaixonou por essa sereia, eles se casaram e constituíram uma família. Mas o rei sabia que o espírito de Alexandra era livre demais para pertencer a ele, por isso deixava que ela circulasse livre pelo reino à sua vontade.
“Um dia, o Rei deu de presente a ela uma mudinha de alga vermelha, que ela cuidou com muito carinho durante algumas semanas, até perceber que a planta estava morrendo.”
“Então a rainha procurou a melhor terra do reino e plantou a alga nela. Depois, buscou o melhor adubo nos mares chineses e voltou para tentar recuperar a vida de plantinha e fazê-la germinar. E tanto ela cuidou da alga, que esta se fortaleceu, germinou e se reproduziu, gerando esse belíssimo jardim.”
“A vida da rainha continuou normalmente depois disso, embora ela adorasse passar um bom tempo em seu jardim. Ela conversava com ele, falam. E também dizem que o coração dela era tão puro que não só ela entendia as plantas, como as plantas a entendiam também.”
Logan estava fascinado pela história de Ariel.
 - E o que aconteceu com ela? Com Alexandra?
O rosto de Ariel se contorceu em uma expressão um pouco triste.
Quando Alexandra estava grávida de sua sétima filha, uma raia escondida entre algumas pedras no reino se assustou com a presença dela e a atacou, injetando veneno na rainha com seu ferrão.
Alexandra tentou nadar de volta ao castelo, mas o veneno se espelhou depressa demais pelo seu corpo. Ela só conseguiu chegar até seu jardim de algas e, nele, caiu à beira da morte.
A essa altura, os vigias do rei já haviam visto a rainha e percebido que ela não estava bem. Eles avisaram o monarca e este nadou o mais rápido possível até o jardim.
Quando ele chegou, o corpo de sua esposa jazia sem vida, abraçado a algo muito, muito pequeno. Chorando de desespero, o rei afastou o braço de sua mulher e encontrou um bebê.
Aquela era sua sétima filha. Era exatamente igual à mãe, apesar de ter a cor dos olhos do pai. A única diferença era que os cabelos da menina eram vermelhos como as próprias algas em volta dela.”
Logan estava embasbacado pela história.
- Alexandra era sua mãe! Você nasceu ali!
Ariel sorriu tristemente.
- Depois do meu nascimento, o jardim começou a brilhar todas as noites, como você vê agora. Dizem que as algas, que foram tão cuidadas por minha mãe, tentaram salvá-la como ela as salvou; dizem que elas preservaram o espírito de Alexandra em seu jardim, a única forma que encontraram de fazê-la viver naquele momento. E também dizem que eu deveria ter nascido morta pelo veneno.
- Então...                                                                                                      
- Então acreditam que por interseção dessas plantas eu nasci. E que também foram elas que me deram vida. Por isso dizem que meus cabelos são vermelhos. Vermelhos como as algas do jardim de minha mãe.
Logan olhou de Ariel para os jardins, depois para Ariel novamente. Ele não sabia dizer qual dos dois era mais bonito.
- Você deve se parecer muito com ela.
- Eu sou a cara dela.
- Não! – Logan corrigiu-a. – Não fisicamente. Eu quero dizer o seu jeito, sabe? Querer ficar livre, ser livre o tempo todo. Fazer o que bem entender sem se preocupar com mais nada.
Ariel olhou para Logan um pouco irritada.
- Do jeito que você fala isso parece uma coisa ruim.
- Eu não disse que era uma coisa ruim.
- Mas pareceu que sim. – Ariel estava com a voz irritadíssima.
- Mas você tem bipolaridade, não tem? – Logan disse quando ela saiu de perto dele, ofendida. – Eu não disse nada de mais!
- Não, você não disse. Nem você, nem meu pai, nem meu avô nunca dizem nada... Vocês nunca me compreenderão.
- Talvez seja você que não os compreenda.
Ariel, que já estava um pouco longe, virou-se, a expressão furiosa.
- Não há nada para compreender neles dois!
- Há mais do que imagina! Não percebe?
- Não percebo o quê?!
- A história que você acabou de me contar! Ela explica tudo por si só!
- Como?!!!
- Já parou para pensar por que meu irmão não lhe deixa ir longe dos domínios do castelo? Eu já lhe disse, ele quer o seu bem!
- Você já me disse que quem ama protege, príncipe, não preciso que me repita!
- Mas não estou repetindo nada! Quero que você entenda! Pense em seu pai. Ele já perdeu a sua mãe para o mar. E você é como ela, Tritão sabe que não pode te ter, porque você não pertence a ninguém! Seu espírito vaga por estes mares mesmo quando seu corpo está preso a esta terra. E é por isso que Tritão te prende! Já foi doloroso demais perder a mulher que ele tanto amava, e ele não vai permitir que o fruto desse amor se perca, dissipado na imensidão do oceano, até ser esquecido!
Ariel ia protestar, mas quando Logan terminou de falar, ela calou-se. Sua boca tremeu várias vezes, procurando uma resposta à altura, mas ela não conseguiu encontrar.
- Quem ama protege, Ariel. Qualquer pessoa que lhe abandone à própria sorte não te ama, e tampouco é merecedora de receber o seu amor.
Os olhos da sereia se encheram de lágrimas, – e, sim, era possível distinguir as lágrimas do resto da água que os encobria – pegando Logan totalmente de surpresa.
Ela nadou até ele e o envolveu com seus braços, soluçando. Logan foi pego desprevenido, mas retribuiu o abraço.
- Nunca... ninguém... me disse algo assim. Eu jamais pensei nas coisas desse jeito.
- Nunca é tarde para aprender, princesa. Nós amadurecemos com os nossos erros. Mas por que está chorando?
Ariel se afastou e olhou profundamente nos olhos de Logan. Ele entendeu o que ela estava sentindo. Ela se lembrara de Erick.
- Ariel... Lembre-se do que eu acabei de lhe dizer: quem te abandona à própria sorte não te ama, é verdade. Eu lamento. – A expressão da sereia foi de partir o coração.
- Mas você nunca se sentiu abandonado? Por jamais conhecer o seu pai?
Logan sabia muito bem o que era se sentir abandonado. Mas mais do que o rancor em seu coração, existia a compreensão. Agora ele se sentia livre de um peso que carregara por muitos anos, e queria que Ariel também se livrasse do que carregava. Ela era livre por natureza, e parecia naquele instante estar enjaulada em um cubículo menor que um peixe.
- Às vezes o abandono é necessário, para que se possa viver de uma maneira melhor. Ou mesmo quando as condições te impedem de fazer o que deve ser feito. Mas isso é diferente de abandonar à própria sorte. Eu não me sinto mais abandonado, porque agora eu sei disso. E você não deve se sentir abandonada. Seu pai e meu pai morreriam por você. Quanto ao Erick... Bem, eu já lhe disse: ele te deixou sozinha para que seus interesses fossem realizados, então não merece que você o ame de volta. Livre-se dele Ariel. Não lhe dê o gosto de pensar nele quando ele não pensa mais em você. Você só deve dar valor àqueles que... Bem, você sabe... Aqueles que também te dão valor.
Os olhos de Ariel brilharam e ela agarrou o pescoço de Logan. Eles ficaram abraçados por um bom tempo. Logan não sabia ainda, mas ele fora o homem que mudara a vida de Ariel, apenas com aquelas palavras.
Eles passaram o resto da noite conversando sobre os mais variados assuntos, sentados em uma pequena pedra próxima à área do jardim de algas vermelhas. Sorriram, riram e gargalharam. Logan contou histórias da superfície e Ariel contou histórias do oceano.
Com toda a diversão, eles nem mesmo viram o tempo passar. Já era madrugada quando eles retornaram ao palácio de Atlântida. Lá, reinava o caos.
Guardas estavam alarmados, nadando com lanternas em volta da cidade inteira.
Eles estavam atrás de Ariel.
Próximo ao palácio, observando tudo, estavam Tritão e Poseidon. Quando os dois viram a princesa se aproximar, Logan percebeu as expressões de alívio em seus rostos. Depois, a expressão de Tritão transfigurou-se para raiva.
- Ariel, você...!
- Papai! – Ela nadou até ele e o abraçou fortemente pelo pescoço. O gesto o pegou desprevenido, e ele esqueceu-se de que estivera com raiva no segundo anterior.
Ariel prosseguiu, afastando seu rosto do dele:
- Papai, me desculpe. Não vou mais fazer isso com você nunca mais.
Tritão estava tão perplexo que não conseguiu responder com nenhum gesto. Ariel sorriu ao perceber a surpresa nos olhos dele. Ela sorriu, beijou-o no rosto e disse:
- Obrigada.
Depois, a sereiazinha nadou até Logan e também o beijou na bochecha. Ele automaticamente ficou vermelho, e Ariel afastou-se sorrindo e olhando demoradamente para ele, que retribuía o olhar, olhar esse que não passou despercebido a Poseidon.
Quando Ariel se afastou, Tritão olhou para Logan e gaguejou:
- Como... Como você fez isso? O que fez com a cabeça dela? – O semideus estava ainda boquiaberto.
Logan sorriu meio abestado e respondeu:
- Não sei. – E, com isso, saiu batendo suas pernas em direção a seu quarto.
Tritão ia impedi-lo, mas Poseidon deteu-o:
- Filho, deixe seu irmão descansar. Ele terá um longo e terrível dia amanhã.
- Mas... Mas eu preciso saber o que ele fez... Ele estava com ela.
- É bom que ele durma pensando em Ariel, e não em uma conversa chata com seu irmão mais velho. Além disso, o que importa é que alguma coisa ele fez a Ariel, e essa coisa foi boa tanto para ela, quanto para nós.
- Pai, você não está insinuando que...
- Que...?
- Eles dois...
- Ora, você não viu os olhares que eles trocavam? Por favor, qualquer esponja do mar teria percebido aquilo.
- Pai, eles são parentes! Tio e sobrinha!
Poseidon riu.
- Ah, Tritão... Tão velho e tão ingênuo. Você já amou antes. Devia saber que esse sentimento é imprevisível e têm vontade própria. Quando o amor bate à sua porta, não importa quem está batendo.
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Oiê!!! Desculpa a demora, gente!
FELIZ ANIVERSÁRIO HARRY! Muitos cupcakes – mas não envenenados – pra vc.
Curtiram? O próximo cap. promete muitas emoções.
Continuo com seis comments... J

Bjs

8 comentários:

  1. AAAAAAH QUE PERFEIÇÃO JESUS!
    Cara, eles vão ficar tão fofos juntos <3
    To amando e minha mãe, irmã, prima e amigas tbm haha.
    To tipo MUITO ansiosa para as emoções do próximo capitulo!
    Continuaaaa >.<

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    1. kkkkk eu também tô doida pra postar :) .Nossa, sua família inteira tá me lendo!!! kkkkkkkkk. Tô vermelha!

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  2. Vomitando arco iris aqui, anw logan e ariel são super fofos *-*

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  3. Amando a fanfic, sério, continua logo, assim voc me mata de curiosidade =c

    XxBeaXx

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  4. Uoou , msm q eu esperava isso, ainda foi uma surpresa!!! Que fofoos!!!! *-*
    Continua!!!

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