Capítulo 53 – Dois Peixinhos
na Água
Logan se esgueirou pelas sombras do castelo com Ariel, evitando vários
guardas. Eles nadaram bem devagar até descerem um pequeno aglomerado de rochas
que os omitiria.
- A segurança é péssima por aqui, não? – disse o príncipe quando não
podiam mais ser ouvido. Se o sistema de vigilância fosse mais eficaz, eles
teriam sido pegos.
- Esses guardas são pura burocracia. Ninguém entra e ninguém sai de
Atlântida, lembra? Não temos ladrões na cidade, além disso.
- Como vocês sobrevivem aqui?
Quero dizer, se nenhuma criatura inteiramente marinha pode entrar ou sair, como
vocês conseguem alimento?
- Isso foi um problema por anos.
– Disse a princesa. – No começo, havia peixes o suficiente por estas bandas
para que pudéssemos nos alimentar. Mas eles foram ficando escassos, e não havia
mais como caçar. Então, começamos a desenvolver um sistema de plantio em nosso
solo. Tivemos de nos adaptar, e então surgiu a aquicultura em Atlântida. Agora
temos criadouros de peixes, moluscos, plâncton, fitoplâncton e algas, além de
outras plantas.
- Uau! Isso é
incrível! – Logan ficou admirado.
Ariel riu
ironicamente.
- Somos como
os homens da superfície. A diferença é que temos cauda.
Logan
continuou seguindo a sereia. Eles percorreram uma distância bastante longa em
silêncio, as lanternas que haviam trazido consigo iluminando a passagem a sua
fente. Ele começou a ficar preocupado com Ariel.
- Não estamos nos aproximando do
limite até onde você pode ir?
- Estamos.
Ele ficou perplexo com a calma e
indiferença dela.
- E...
- Fique quieto, príncipe! – Disse
a sereia. – Estamos quase chegando.
Ela parou de repente e apagou sua
lanterna. Logan fez o mesmo e olhou em volta. Uns dois metros a sua frente, ele
viu diversos peixinhos petrificados. Ali era o limite até onde Ariel podia ir.
- O que você
quer que eu veja? – Ele sussurrou à sereia, olhando para ela.
- Shhhhhh... –
ela o repreendeu. – Se falarmos, elas não vão brilhar.
Logan ia dizer
mais alguma coisa, quando viu que o rosto de Ariel se iluminou.
À princípio,
ele pensou que fosse o sorriso que se abriu de bochecha a bochecha na bela
jovem, o que a deixou ainda mais bonita. Depois, contudo, ele percebeu que o
brilho vinha de outro lugar.
Logan olhou
para frente novamente. Ali, além dos peixes petrificados, por uma grande
extensão, emanava uma luz vermelha de uma série de plantas que brilhavam. Era a
coisa mais linda que ele já tinha visto, especialmente sob a escuridão do
oceano.
- O que... O
que é isso? – Ele sussurrou ainda mais baixo.
- Na
superfície, chamam isso de Maré Vermelha. Aqui embaixo, chamamos de “O Jardim
de Alexandra”.
- Por que esse
nome?
- Alexandra
era uma sereia muito, muito bonita, e muito, muito bondosa. Ela gostava de
nadar longas distâncias e explorar os mais diversos cantos do mar. Um rei se
apaixonou por essa sereia, eles se casaram e constituíram uma família. Mas o
rei sabia que o espírito de Alexandra era livre demais para pertencer a ele,
por isso deixava que ela circulasse livre pelo reino à sua vontade.
“Um dia, o Rei
deu de presente a ela uma mudinha de alga vermelha, que ela cuidou com muito
carinho durante algumas semanas, até perceber que a planta estava morrendo.”
“Então a
rainha procurou a melhor terra do reino e plantou a alga nela. Depois, buscou o
melhor adubo nos mares chineses e voltou para tentar recuperar a vida de
plantinha e fazê-la germinar. E tanto ela cuidou da alga, que esta se
fortaleceu, germinou e se reproduziu, gerando esse belíssimo jardim.”
“A vida da
rainha continuou normalmente depois disso, embora ela adorasse passar um bom
tempo em seu jardim. Ela conversava com ele, falam. E também dizem que o
coração dela era tão puro que não só ela entendia as plantas, como as plantas a
entendiam também.”
Logan estava
fascinado pela história de Ariel.
- E o que aconteceu com ela? Com Alexandra?
O rosto de
Ariel se contorceu em uma expressão um pouco triste.
Quando
Alexandra estava grávida de sua sétima filha, uma raia escondida entre algumas
pedras no reino se assustou com a presença dela e a atacou, injetando veneno na
rainha com seu ferrão.
Alexandra
tentou nadar de volta ao castelo, mas o veneno se espelhou depressa demais pelo
seu corpo. Ela só conseguiu chegar até seu jardim de algas e, nele, caiu à
beira da morte.
A essa altura,
os vigias do rei já haviam visto a rainha e percebido que ela não estava bem.
Eles avisaram o monarca e este nadou o mais rápido possível até o jardim.
Quando ele
chegou, o corpo de sua esposa jazia sem vida, abraçado a algo muito, muito
pequeno. Chorando de desespero, o rei afastou o braço de sua mulher e encontrou
um bebê.
Aquela era sua
sétima filha. Era exatamente igual à mãe, apesar de ter a cor dos olhos do pai.
A única diferença era que os cabelos da menina eram vermelhos como as próprias
algas em volta dela.”
Logan estava
embasbacado pela história.
- Alexandra
era sua mãe! Você nasceu ali!
Ariel sorriu
tristemente.
- Depois do
meu nascimento, o jardim começou a brilhar todas as noites, como você vê agora.
Dizem que as algas, que foram tão cuidadas por minha mãe, tentaram salvá-la
como ela as salvou; dizem que elas preservaram o espírito de Alexandra em seu
jardim, a única forma que encontraram de fazê-la viver naquele momento. E
também dizem que eu deveria ter nascido morta pelo veneno.
-
Então...
- Então
acreditam que por interseção dessas plantas eu nasci. E que também foram elas
que me deram vida. Por isso dizem que meus cabelos são vermelhos. Vermelhos
como as algas do jardim de minha mãe.
Logan olhou de
Ariel para os jardins, depois para Ariel novamente. Ele não sabia dizer qual
dos dois era mais bonito.
- Você deve se
parecer muito com ela.
- Eu sou a
cara dela.
- Não! – Logan
corrigiu-a. – Não fisicamente. Eu quero dizer o seu jeito, sabe? Querer ficar
livre, ser livre o tempo todo. Fazer o que bem entender sem se preocupar com
mais nada.
Ariel olhou
para Logan um pouco irritada.
- Do jeito que
você fala isso parece uma coisa ruim.
- Eu não disse
que era uma coisa ruim.
- Mas pareceu
que sim. – Ariel estava com a voz irritadíssima.
- Mas você tem
bipolaridade, não tem? – Logan disse quando ela saiu de perto dele, ofendida. –
Eu não disse nada de mais!
- Não, você
não disse. Nem você, nem meu pai, nem meu avô nunca dizem nada... Vocês nunca
me compreenderão.
- Talvez seja
você que não os compreenda.
Ariel, que já
estava um pouco longe, virou-se, a expressão furiosa.
- Não há nada
para compreender neles dois!
- Há mais do
que imagina! Não percebe?
- Não percebo
o quê?!
- A história
que você acabou de me contar! Ela explica tudo por si só!
- Como?!!!
- Já parou
para pensar por que meu irmão não lhe deixa ir longe dos domínios do castelo?
Eu já lhe disse, ele quer o seu bem!
- Você já me
disse que quem ama protege, príncipe, não preciso que me repita!
- Mas não
estou repetindo nada! Quero que você entenda! Pense em seu pai. Ele já perdeu a
sua mãe para o mar. E você é como ela, Tritão sabe que não pode te ter, porque
você não pertence a ninguém! Seu espírito vaga por estes mares mesmo quando seu
corpo está preso a esta terra. E é por isso que Tritão te prende! Já foi
doloroso demais perder a mulher que ele tanto amava, e ele não vai permitir que
o fruto desse amor se perca, dissipado na imensidão do oceano, até ser
esquecido!
Ariel ia
protestar, mas quando Logan terminou de falar, ela calou-se. Sua boca tremeu
várias vezes, procurando uma resposta à altura, mas ela não conseguiu
encontrar.
- Quem ama
protege, Ariel. Qualquer pessoa que lhe abandone à própria sorte não te ama, e
tampouco é merecedora de receber o seu amor.
Os olhos da
sereia se encheram de lágrimas, – e, sim, era possível distinguir as lágrimas
do resto da água que os encobria – pegando Logan totalmente de surpresa.
Ela nadou até
ele e o envolveu com seus braços, soluçando. Logan foi pego desprevenido, mas
retribuiu o abraço.
- Nunca...
ninguém... me disse algo assim. Eu jamais pensei nas coisas desse jeito.
- Nunca é
tarde para aprender, princesa. Nós amadurecemos com os nossos erros. Mas por
que está chorando?
Ariel se
afastou e olhou profundamente nos olhos de Logan. Ele entendeu o que ela estava
sentindo. Ela se lembrara de Erick.
- Ariel...
Lembre-se do que eu acabei de lhe dizer: quem te abandona à própria sorte não
te ama, é verdade. Eu lamento. – A expressão da sereia foi de partir o coração.
- Mas você
nunca se sentiu abandonado? Por jamais conhecer o seu pai?
Logan sabia
muito bem o que era se sentir abandonado. Mas mais do que o rancor em seu
coração, existia a compreensão. Agora ele se sentia livre de um peso que
carregara por muitos anos, e queria que Ariel também se livrasse do que
carregava. Ela era livre por natureza, e parecia naquele instante estar
enjaulada em um cubículo menor que um peixe.
- Às vezes o
abandono é necessário, para que se possa viver de uma maneira melhor. Ou mesmo
quando as condições te impedem de fazer o que deve ser feito. Mas isso é
diferente de abandonar à própria sorte. Eu não me sinto mais abandonado, porque
agora eu sei disso. E você não deve se sentir abandonada. Seu pai e meu pai
morreriam por você. Quanto ao Erick... Bem, eu já lhe disse: ele te deixou
sozinha para que seus interesses fossem realizados, então não merece que você o
ame de volta. Livre-se dele Ariel. Não lhe dê o gosto de pensar nele quando ele
não pensa mais em você. Você só deve dar valor àqueles que... Bem, você sabe...
Aqueles que também te dão valor.
Os olhos de
Ariel brilharam e ela agarrou o pescoço de Logan. Eles ficaram abraçados por um
bom tempo. Logan não sabia ainda, mas ele fora o homem que mudara a vida de
Ariel, apenas com aquelas palavras.
Eles passaram
o resto da noite conversando sobre os mais variados assuntos, sentados em uma
pequena pedra próxima à área do jardim de algas vermelhas. Sorriram, riram e
gargalharam. Logan contou histórias da superfície e Ariel contou histórias do
oceano.
Com toda a
diversão, eles nem mesmo viram o tempo passar. Já era madrugada quando eles
retornaram ao palácio de Atlântida. Lá, reinava o caos.
Guardas
estavam alarmados, nadando com lanternas em volta da cidade inteira.
Eles estavam
atrás de Ariel.
Próximo ao
palácio, observando tudo, estavam Tritão e Poseidon. Quando os dois viram a
princesa se aproximar, Logan percebeu as expressões de alívio em seus rostos. Depois,
a expressão de Tritão transfigurou-se para raiva.
- Ariel,
você...!
- Papai! – Ela
nadou até ele e o abraçou fortemente pelo pescoço. O gesto o pegou
desprevenido, e ele esqueceu-se de que estivera com raiva no segundo anterior.
Ariel
prosseguiu, afastando seu rosto do dele:
- Papai, me
desculpe. Não vou mais fazer isso com você nunca mais.
Tritão estava
tão perplexo que não conseguiu responder com nenhum gesto. Ariel sorriu ao
perceber a surpresa nos olhos dele. Ela sorriu, beijou-o no rosto e disse:
- Obrigada.
Depois, a sereiazinha
nadou até Logan e também o beijou na bochecha. Ele automaticamente ficou
vermelho, e Ariel afastou-se sorrindo e olhando demoradamente para ele, que retribuía
o olhar, olhar esse que não passou despercebido a Poseidon.
Quando Ariel
se afastou, Tritão olhou para Logan e gaguejou:
- Como... Como
você fez isso? O que fez com a cabeça dela? – O semideus estava ainda
boquiaberto.
Logan sorriu
meio abestado e respondeu:
- Não sei. –
E, com isso, saiu batendo suas pernas em direção a seu quarto.
Tritão ia
impedi-lo, mas Poseidon deteu-o:
- Filho, deixe
seu irmão descansar. Ele terá um longo e terrível dia amanhã.
- Mas... Mas
eu preciso saber o que ele fez... Ele estava com ela.
- É bom que
ele durma pensando em Ariel, e não em uma conversa chata com seu irmão mais
velho. Além disso, o que importa é que alguma coisa ele fez a Ariel, e essa
coisa foi boa tanto para ela, quanto para nós.
- Pai, você não
está insinuando que...
- Que...?
- Eles dois...
- Ora, você
não viu os olhares que eles trocavam? Por favor, qualquer esponja do mar teria
percebido aquilo.
- Pai, eles
são parentes! Tio e sobrinha!
Poseidon riu.
- Ah,
Tritão... Tão velho e tão ingênuo. Você já amou antes. Devia saber que esse
sentimento é imprevisível e têm vontade própria. Quando o amor bate à sua
porta, não importa quem está batendo.
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Oiê!!! Desculpa a demora, gente!
FELIZ ANIVERSÁRIO HARRY! Muitos cupcakes – mas não envenenados –
pra vc.
Curtiram? O próximo cap. promete muitas emoções.
Continuo com seis comments... J
Bjs
AAAAAAH QUE PERFEIÇÃO JESUS!
ResponderExcluirCara, eles vão ficar tão fofos juntos <3
To amando e minha mãe, irmã, prima e amigas tbm haha.
To tipo MUITO ansiosa para as emoções do próximo capitulo!
Continuaaaa >.<
kkkkk eu também tô doida pra postar :) .Nossa, sua família inteira tá me lendo!!! kkkkkkkkk. Tô vermelha!
ExcluirPerfeito!!!
ResponderExcluircontinua amoreeeeeeeee
ResponderExcluircontinua amoraaaaa s2
ResponderExcluirVomitando arco iris aqui, anw logan e ariel são super fofos *-*
ResponderExcluirAmando a fanfic, sério, continua logo, assim voc me mata de curiosidade =c
ResponderExcluirXxBeaXx
Uoou , msm q eu esperava isso, ainda foi uma surpresa!!! Que fofoos!!!! *-*
ResponderExcluirContinua!!!