Capítulo 59 – Nos Tentáculos do Kraken

Capítulo 59 – Nos Tentáculos do Kraken

                O sol do fim de tarde que iluminava vagamente Logan pareceu ter sido devorado pela criatura. Uma sombra se instalou por um raio de 10 quilômetros. O príncipe virou-se de costas, parando por um segundo.

Kraken era gigantesco. Possuía tentáculos, mas ao mesmo tempo sua forma era a de um peixe. Seus dentes tinham, cada um, pelo menos quatro metros de comprimento. Seus olhos eram como os de uma cobra: fundo amarelo com uma pupila em forma de fenda, de cor escura. Suas barbatanas eram facilmente comparáveis ao tamanho de um navio.

Logan empunhou o tridente e novamente pensou no que queria que acontecesse: matar Kraken. Entretanto, o raio se desviou, como acontecera antes. E pior: chamou a atenção do bicho para onde estava o príncipe.

Kraken abriu a gigantesca boca e de dentro dela saiu o ferrão que Logan identificara anteriormente.

O ruído do ferrão cobrindo a distância entre Kraken e Logan fez o coração do príncipe semideus parar por um momento. Ele se jogou para o lado no último instante. A seu lado, o ferrão se cravou na areia.

Logan já não pensava mais, apenas corria. Kraken recolheu seu ferrão e tentou acertar o príncipe novamente. E de novo, e de novo, e de novo.

Logan se desviava o melhor que podia, mas estava ficando cansado. Ele queria largar o tridente, mas temia que fosse exatamente aquilo que Kraken estava planejando que ele fizesse. Por isso, continuava desviando da ponta fatal que, além de terrivelmente pontiaguda, soltava veneno cada vez que se enfincava em alguma coisa que deveria ser Logan.

Kraken ficou cansado de não conseguir acertar o príncipe e, enquanto recolhia mais uma vez o ferrão, fez um movimento violento com a barbatana.

                O movimento provocou um deslocamento de um volume gigantesco de água, com a força de um tsunami, o que fez com que Logan fosse arremessado quilômetros à frente.

                O príncipe se chocou contra o solo arenoso e foi deslizando por ele até bater com a cabeça contra uma pedra. Ralado pela areia e com a cabeça dolorida pelo choque, Logan ficou atordoado.

                Ele enxergava dobrado e o mundo girava a sua frente. Quando Logan finalmente recobrou os sentidos, sentando-se, começou a sentir uma fortíssima sucção.

                Ele olhou para a frente e viu Kraken, relativamente longe, começar a abrir a boca, sugando água.

                O príncipe automaticamente segurou na pedra em que batera a cabeça. De repente, a sucção era tanta que arrastava tudo que estava no fundo do mar. Uma tempestade de areia sugada batia contra os olhos de Logan, que mal conseguia apoio na pedra, tendo, em uma mão, o tridente e, na outra, o líquido destruidor de orcruxes.

                Não demorou muito para que suas mãos escorregassem da rocha. Logan viu-se sugado ferozmente. O nível de sucção da boca do Kraken equiparava-se à força de um furacão. Sem ter onde se apoiar, Logan entrou em pânico enquanto seguia direto para a bocarra do monstro.

                O príncipe, então, enquanto era arrastado, fincou os dentes do tridente no chão com todas as suas forças. No começo, ele continuou sendo arrastado, mas quanto mais o tridente deslizava pela areia, mais afundava nela, até que finalmente se tornou um apoio firme.

                Kraken, porém, ainda sugava com cada vez mais força, e Logan estava com dificuldades para se segurar no cabo do tridente com apenas uma das mãos. Ele não tinha outra escolha: ou soltava o líquido que destruiria a orcrux, ou soltava sua mão que lhe prendia ao cabo do tridente.

                - Não... – Ele balbuciou. Mas não havia outro jeito. Ele, de repente, sentiu que falhara com Louis. O que faria para destruir a alma de Caroline?

                Logan soltou o frasco e apoiou a outra mão no tridente. A areia o cegava, e a correnteza o sufocava.

                De repente, a sucção parou. Logan, exausto pelo esforço, deixou seu corpo cair no chão. Ele sentia que já não tinha forças para nada.

                O príncipe levantou pesarosamente a cabeça, olhando para frente. Sua visão estava turva, mas ele conseguiu distinguir dois vultos longínquos. Eles tinham caudas, e um deles tinha longos cabelos cor de fogo. Qualquer um seria capaz de reconhecer o último, principalmente Logan: Ariel.

                A visão de Ariel deu a ele um mínimo de forças para tentar se levantar, ainda sem muito sucesso. Parecia que o corpo dele pesava dez toneladas. Ele olhou mais uma vez para Ariel. Ela parecia agitada. Chacoalhava o corpo e as mãos, apontando...

                Logan só entendeu o que Ariel queria dizer quando ouviu o zunido. O zunido do ferrão. Bem próximo.

                Agindo apenas por instinto, Logan, ainda parcialmente deitado, arrancou o tridente da areia , virou-se e o colocou a sua frente, para se proteger, no exato instante em que o ferrão o alcançava.

                O grosso ferrão, que iria direto ao encontro do coração de Logan, acabou por fincar-se no cabo do tridente, que era o objeto mais resistente dos sete mares, e também da terra.

                E aquilo bastou.

                O veneno do Kraken, uma coisa negra e ondulante, dentro do cabo, saiu do ferrão.

                Logan sentiu o tridente arder em suas mãos, como se estivesse pegando fogo. Depois, ele ficou mais frio do que gelo.

                Finalmente, enquanto o ferrão ainda estava preso no cabo, uma sombra escura com a forma exata do tridente saiu deste, bem acima dos olhos de Logan, e se transformou na sombra de uma mulher gritando, para logo depois se dissipar, emitindo um ruído horrível, que se assemelhava a um grito de morte.

                O príncipe entendeu instantaneamente o que acontecera. Liam dissera a ele que apenas coisas muito poderosas poderiam destruir uma orcrux. E o veneno do Kraken era uma delas.

                Sentindo-se renovado, ele puxou o tridente do ferrão, separando-os e, erguendo o tridente, pensou apenas em acertar Kraken com um raio muito doloroso.

                Um raio de luz forte saiu dos dentes do objeto, e Logan sentiu uma vibração elétrica em todo o seu ser.

                O raio percorreu o espaço entre ele e o Kraken, que terminava de recolher seu ferrão, e acertou dentro da boca do mostro.

                Kraken emitiu o guinchado mais horrendo que Logan e todo o oceano já haviam ouvido. Contudo, o monstrengo não se abalou por muito tempo e, antes que Logan pudesse pensar no próximo comando, ele partiu para o ataque.

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- Vovô! O feitiço de Caroline! Foi quebrado!!! Agora Logan poderá matar o Kraken!

- Minha doce Ariel - disse Poseidon, ainda preocupado – Não quero destruir sua esperança, mas se fosse tão fácil assim matar Kraken, você acha que eu já não o teria feito?

- O que quer dizer?

- Quero dizer que, quando Kraken está em sua forma de bruxa, ela pode ser facilmente morta. Mas, quando está em sua forma original, é quase impossível destruí-la.

- O quê?! Por quê?!

- Porque Kraken tem uma proteção. Seu corpo possui uma carapaça feita de um material irmão do que compõe o tridente, que o cobre quase inteiro. A única maneira de machuca-la é por dentro, não por fora.

- Oh, não! Isso quer dizer que...

- Quer dizer que, se ela não abrir a boca de novo, Logan não vai conseguir mata-la. E ela não vai dar o que queremos.

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Logan não se preocupou com a investida do Kraken. Ele acabaria com ela rapidinho. Era só pensar.

E foi isso que ele fez.

Entretanto, o raio de morte que investiu contra Kraken pareceu nem ter feito cócegas nela.

Logan tentou mais uma vez. Não deu certo.

“Filho! É inútil! Fuja!” – Logan ouviu a voz de Poseidon em sua cabeça.

E foi isso que ele fez. Logan virou-se e começou a nadar.

Sua cabeça virava o tempo todo para trás, apenas para descobrir que Kraken estava cada vez mais perto.

O príncipe nadava paralelamente aos vultos de Poseidon e Ariel, ao longe, lançando raios em direção ao animal constantemente.

“Faça com que ela abra a boca”, Poseidon dizia a Logan. Mas o jovem não sabia como conseguir aquilo. Ele atacava-a por todos os lados, e nada surtia efeito.

De repente, os pés de Logan foram pegos pelos tentáculos de Kraken.

O puxão foi tão violento que o tridente escorregou de seus dedos.

Logan foi arremessado para longe do tridente, já pensando que perdera o objeto para Kraken. Mas a bruxa não estava mais nem aí para o tridente. Afinal, não podia nem ao menos tocá-lo. Ela estava cega, desesperada demais para acabar com o príncipe.

Logan observou a nova investida do Kraken.

Sem arma, ele se sentiu inútil e fraco, e a única opção que tinha era nadar. Ele começou a bater as pernas, com uma velocidade incrível. Mas o Kraken também era veloz, apesar de seu tamanho, e em pouco tempo seus tentáculos se esticavam para pegar Logan, prontos para esmaga-lo.

Logan viu de relance Ariel e Poseidon. Lamentou que provavelmente não sobreviveria àquele encontro. E, triste, cansado, e quase desistindo, o príncipe, ao olhar Ariel mais uma vez, teve uma ideia.

Ele começou a nadar na direção dela e de Poseidon, mudando de rumo.

Kraken, obviamente, seguiu-o.

Logan nadou e nadou e nadou. Podia agora ver muito bem seu pai e sua amada. Ele estava muito perto.

Kraken abriu a boca. Agora que Logan não estava mais com o tridente, ele podia usar o ferrão novamente.

E foi isso que ele fez.

Logan deu uma cambalhota quando o ferrão se cravou na areia ao seu lado.

Kraken começou a apelar, movimentando sua arma com muito mais velocidade. O príncipe mal conseguia se desviar.

Mas ele estava quase lá!

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- Mas o que ele está fazendo?! – Disse Poseidon, vendo que Logan se dirigia na direção deles. – Ariel, saia de perto! Vamos!

- Vovô... Eu acho que ele...

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Logan estava a metros de Poseidon e Ariel. Poseidon tentava puxar a neta, que não se mexia do lugar.

O ferrão do Kraken continuava açoitando as águas.

“Vamos... Vamos...”, Logan dizia a si mesmo.

E ele respirou fundo.

“1, 2 e ........”

Kraken, de repente, usou seus tentáculos e novamente pegou o pé de Logan, começando a balança-lo de um lado para o outro.

Então, enrolando-se no tronco do príncipe, apertou-o para esmaga-lo. Logan gritou ao sentir a primeira costela rachar. Kraken ia devagar, para aproveitar ao máximo os últimos e piores momentos de Logan.

“Pai! Me ajude!”, Logan pensou, desejando que seu pai ouvisse.

E a resposta foi quase imediata.

Uma pedra foi lançada de onde estava Poseidon, uma pedra grande e pontiaguda. Ela foi fulminante em direção ao olho do Kraken, a única parte desprotegida pela carapaça.

E esse ato foi tiro e queda.

A dor provocada quando a pedra rasgou a córnea do monstro provocou um ruído horrendo, seguido por uma agitação que fez com que Logan fosse solto.

Uma chuva de outras pedras de repente surpreendeu Poseidon e Ariel. O povo de Atlântida, reunido por Tritão, estava assistindo a tudo, e se juntara para atirar pedras contra o monstro também. Isso provocou a ira de Kraken, que focalizou Logan com o olho bom e, cheio de ódio, grunhiu uma sentença de morte.

A cena seguinte aconteceu em câmera lenta.

Logan nadou cinco metros, se desviou de dois tentáculos e foi de encontro à areia, ralando-se nela pela distância de mais seis metros, não muito longe de Ariel

Machucado, ele virou-se para ver o Kraken vindo em sua direção.

O Kraken abriu a boca.

Soltou o ferrão.

E Logan cobriu o rosto.

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- Não! – Berrou Ariel.

- Não... – Poseidon virou o rosto.

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Mas ninguém esperava pelo que aconteceu.

Logan calculara a medida perfeitamente.

A trinta centímetros de seu peito, o ferrão parara. E enrijecera. Como pedra.

O ferrão do Kraken havia atravessado os limites. Logo, Kraken havia atravessado os limites. Assim, Kraken virou pedra.

O monstro ainda teve tempo de grunhir e se mexer desesperadamente enquanto todo o seu organismo se transformava.

Um minuto depois, uma “estátua” gigante caía no chão, provocando um terrível estrondo.

O Kraken estava morto.

Logan, sangrando e ralado em muitos lugares, se levantou. Atrás dele, a população de Atlântida ia ao delírio. Ovacionavam o príncipe e comemoravam como havia muito tempo Atlântida não fazia.

Mas Logan não estava ouvindo nada.

Sua visão ficou turva e, quando ele se virou, vendo Poseidon correr até ele, com Ariel, os dois radiantes de felicidade, ele caiu.

Em seu pé, um mínimo arranhão do ferrão enegrecia.

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Ok, gente, como prometido, o próximo cap.

Eu sei que tenho escrito muitos caps do Logan, mas é que eu precisava que ele destruísse a orcrux para poder voltar à narrativa para Louis e os outros. Ou seja, o próximo capítulo será com os meninos, ok?

Como ainda não comecei a escrever o próximo, vou pedir oito comentários, ok?

Mas vou escrever mais rápido.

Estão chegando as melhores partes e eu estou muito ansiosa pra continuar.

O que acharam??

Bjs

Elissa