Capítulo 64 – Em Swift

Capítulo 64 – Em Swift

Taylor estava escrevendo uma carta para seus oficiais. Ele iria despachá-los. Afinal, tudo estava se tornando cada vez mais perigoso e... O próprio príncipe já não sabia bem quem ele mesmo era.

Louis se aproximou dele enquanto Taylor amarrava a carta nos pés de Kevin. Quando ele terminou, Kevin voou para seu dono.

- E aí, amiguinho? – Louis sorriu, apoiando o pombo em seu braço bom. – Kevin, escute: Quero que você entregue esta carta, mas não quero que retorne até nós.

Kevin piou, muito bravo.

- Ah, não! Sem discussão. Não quero te colocar em perigo.

Kevin fez um piado de lamentação.

- Não me importo. Prometa.

- Piu, piu... – O som foi acompanhado com pura frustração.

- Ótimo. Agora vá. – E o pombo alçou voo para entregar a mensagem.

- Vocês parecem ter uma conexão muito forte... – Taylor disse, rindo um pouco.

- E temos... Kevin é meu melhor amigo...

- Ei! – Harry protestou, mas Louis o ignorou.

- Eu o encontrei quando ele era filhote. A mãe dele o abandonara porque ele tinha nascido com a patinha aberta. Eu consegui fazer com que ela ficasse boa e Kevin nunca mais me largou.

Taylor abriu um sorriso.

- Bom, pessoal... Parece que já arrumamos tudo. Vamos? – Gandalf disse.

- Sim, senhor. Para onde a bússola está apontando? – Mulan quis saber.

- Para oeste. Acho que vamos ter que subir algumas montanhas para encontrar a próxima orcrux. – Respondeu o mago.

- Pensei que estaríamos indo subir os morros irlandeses. – Taylor comentou.

- Meu jovem, vejo que nunca esteve na Irlanda. Para chegar aos morros primeiro temos que atravessar uma cadeia de montanhas. Não demoraremos muito. Talvez um dia ou dois sejam suficientes para escalar e descer uma delas e chegar onde queremos.

- Ah, então tudo bem. – Harry comentou. – Vamos logo.

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- E então, Liam, o que fazemos com ele agora? – Niall retomou a pergunta assim que a orcrux foi destruída.

 - Ah, sim! Soltem-no.

- O quê?! – Zayn estava perplexo. – Você quer soltá-lo?

- Sim. Niall, pegue a faca de caça dele. Vamos leva-la conosco. Zayn, corte a corda ao meu sinal.

Liam pegou o anel e se dirigiu até Sméagol.

- Aqui. Tome. – Ele o entregou à criatura ainda pendurada.

- O quê?! – Foi a vez de Sméagol ficar perplexo. – Está devolvendo pra gente?

- Mas é claro, não sou ladrão. Já terminei meus assuntos com este objeto. Agora o estou retornando a seu dono.

Sméagol pegou o anel que Liam o estendia, mas automaticamente soltou um grito de ódio e o tacou na cara de Liam.

- Não! O precioso não é mais o mesmo! O que vocês fizeram! PRECIOSO! A gente vai matar vocês!

Zayn olhou para Liam.

- Tem certeza de que quer soltá-lo?

- Acho que você tem razão...

                - Então o que fazemos, afinal? – Niall.

                - Ah, quer saber... – Zayn disse, se afastando da corda e pegando a trouxa. – Não importa. Ele é esperto. Vai sair daí mais cedo ou mais tarde. Não temos que ter compaixão dele. Vocês se lembram do que ele fez, não é mesmo?

                - Ele está certo, Liam. Podemos ser piedosos, mas ele não merece. Ele vai nos matar se o soltarmos.

                Liam não sabia o que fazer, exatamente. Então, uma nova ideia lhe ocorreu.

                Assustando Zayn e Niall, ele deu um soco tão forte em Sméagol que este desmaiou.

                - Pronto. Agora podemos soltá-lo. Quando ele acordar, já estaremos bem longe daqui.

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                Três horas se passaram desde que Liam apagara Sméagol. Era por volta do meio-dia e fazia um clima bom. Junto com Niall e Zayn, o fazendeiro tentava se orientar pelo mapa até chegar ao viarejo Swift.

                - Se eu estiver olhando certo... – Disse Liam. – Nós vamos encontrar Swift atrás dessas árvores.

                Niall estava à frente. Quando ele fez a ultrapassagem de algumas árvores, logo exclamou:

                - Acho que você estava certo, Liam. Realmente há algo aqui.

                Zayn e Liam apareceram ao lado do loiro.

                - É aqui? – Zayn fez uma careta.

                A visão era uma que eles jamais poderiam imaginar. O vilarejo ficava dentro de uma enorme clareira da floresta, rodeado de verde. Entretanto, quando Liam pisou além das árvores, ele sentiu a terra rachar sob seus pés.

                - Meu Deus... Isso é...?

                - Areia... – Niall concluiu, pegando um pouco dela do chão.

                O solo era puramente calcário e arenoso. Rachaduras profundas na terra e nenhuma vegetação confirmavam sua péssima qualidade.

                Mas quando Zayn fez a careta, não fora pelo solo. Fora pela aparência das casas.

                Elas formavam duas fileiras paralelas, deixando um corredor no centro. A madeira dos estabelecimentos estava totalmente carcomida, velha e detonada. Conforme o grupo adentrou o corredor de terra, perceberam vidros quebrados, objetos velhos largados nas ruas... E o mais estranho: não se via uma viva alma.

                - Isso é impossível... No meio da Irlanda, um vilarejo com aspecto desértico? – Niall balbuciou.

                - E onde estão as pessoas? – Liam olhava em volta, procurando por alguém.

                - Espere! Olhe! Tem alguém ali! – Zayn apontou para uma casinha velha ao lado de uma taverna também deserta. Ele vira alguém espiando por trás da cortina.

                O Gato de Botas correu para a casa e bateu na porta. Sua batida foi leve, mas parecia que poderia ter partido a madeira no meio.

                - Ei! Tem alguém aí? Está tudo bem! Nós precisamos de informações! Olá?!

                Mas ninguém respondeu.

                - Shiiiiuuu! – Alguém sussurrou para ele. Zayn virou a cabeça e viu um homem baixo e magro na entrada da taverna. – Entrem aqui, e parem de fazer barulho!

                O Gato de Botas lançou um olhar para Liam e Niall, que o seguiram para dentro do estabelecimento.

                Uma vez lá, o homem baixo foi para trás do balcão de bebidas, perguntando:

                - Querem alguma coisa?

                - Er... Não... – Respondeu Niall, olhando em volta, um pouco nervoso.

                - Na verdade... – Liam se posicionou. – Eu gostaria de saber o que aconteceu aqui?

                O homem, que já era de meia-idade, e que tremia muito as mãos, pegou um drinque para si mesmo.

                - O que aconteceu aqui... Foi o nascimento daquela maldita bruxa...

                - Taylor?

                O velho olhou para eles, espantado.

                - Então vocês a conhecem? O que estão fazendo aqui, então?

                - Estamos tentando resgatar duas princesas das garras de Taylor. – Niall.

                O homem deu um grunhido estranho. Parecia uma risada irônica mesclada a uma bufada.

                - Então são três tolos. Vou brindar à morte de vocês.

                Zayn se sentiu ofendido.

                - Por que acha que vamos morrer?

                O velho olhou para ele com desdém e cinismo.

                - Porque ela já matou esse vilarejo sozinha, e nós temos muitos homens aqui.

                - Se nos contar o que aconteceu aqui... – Liam o incentivou.

                O homem bufou.

                - Taylor nasceu aqui, não faz tanto tempo assim. Ela era filha de um amigo meu. Pobrezinho, sempre sofreu com a menina... Se soubesse o que ela acabaria se tornando, não teria tido tanto trabalho com ela...

                “Aquela desgraçada nasceu quase morta. Achamos que não ia vingar, mas os pais eram pessoas tão boas, oraram e se esforçaram tanto, que ela acabou sobrevivendo. Acabou por crescer uma jovem bela, saudável, e cortejada por todos os rapazes do vilarejo. Mas ela era invejosa, pútrida e macabra por dentro.”

                “Havia um rapaz, Julian, que sempre arrasara os corações das damas de Swift. E com a jovem Taylor não era diferente. Ela tinha todos a seus pés, mas desejava Julian mais do que tudo.”

                “Contudo, Julian, apesar de sua beleza, era o rapaz mais doce, gentil e nobre que eu um dia irei conhecer. E como era de sua natureza amar o que era bom, ele só tinha olhos para a moça mais gentil e bondosa do vilarejo, e que tinha sua beleza equiparada à de Taylor, Rapunzel.”

                - Rapunzel... Era minha filha. – A voz do taverneiro falhou um pouco nesse momento.

                “Houve um dia em que Taylor acordou com um grande alvoroço na rua. Julian pedira Rapunzel em casamento, e todos comemoravam o noivado.”

                “Mas ela ficou possessa. O ódio lhe invadiu corpo e alma, e então ela se entregou à bruxaria.”

                “Havia uma mendiga, chamada Suzanna, que estava sempre perambulando por aí. Era uma velhota feia e louca, mas nunca ninguém a tratara mal. Nenhum de nós tinha noção de que ela era uma bruxa procurando por uma aprendiz.”

                “Suzanna encontrou em Taylor a maldade e a determinação perfeitos para o aprendizado, e lhe ensinou arduamente durante meses, sem que nenhum de nós suspeitasse. Até que, no dia do casamento, elas duas apareceram juntas e paralisaram todos os convidados e o noivo.

                “Rapunzel e Julian estavam no altar, e com um movimento da mão de Taylor, Rapunzel foi lançada para a parede da igreja e começou a sufocar. Logo em seguida, ela começou a conjurar um feitiço em latim em cima do pobre rapaz. Quando ela terminou, ele pôde voltar a se mexer, e ela abriu um grande sorriso.”

                “Todos então entendemos. Era um feitiço que faria com que ele se apaixonasse por ela. Rapunzel de repente voltou a respirar. Taylor a soltara para que ela visse seu grande amor nos braços de outra. Mas aconteceu algo que Taylor não imaginava.”

                “Assim que Rapunzel caiu, Julian correu até Rapunzel. Ainda me lembro do olhar espantado de Taylor e de Suzanna.”

                - Mas por que o feitiço não deu certo? – Zayn perguntou.

                - Zayn, é obvio. – Disse Niall. – Você se lembra do papo de que o amor é a maior das magias brancas? O feitiço não funcionou em Julian porque ele amava Rapunzel acima de tudo. O amor quebrou o feitiço antes mesmo que ele pudesse funcionar.

                - Excelente, meu jovem! – Disse o taverneiro, simpatizando um pouco mais com Niall. – Demorei muito tempo para entender isso, tive que pesquisar bastante.

                - Mas o senhor ainda não explicou como o vilarejo ficou desse jeito. – Liam retomou o assunto.

                - Ah, sim... Deixe-me continuar...

                “Quando Taylor percebeu que o feitiço não dera certo, ela virou-se furiosa para Suzanna, e colocou toda a culpa nela. Em seguida, a aluna se voltou contra sua mestra, e a matou como vingança.

                “Então Taylor transformou Julian em pedra e se dirigiu até minha filha, que estava aos prantos de desespero, antes que ela chegasse até Julian.”

                “Por um segundo, pensei que Taylor mataria Rapunzel, e acho que era exatamente o que ela iria fazer. Mas pareceu mudar de ideia logo em seguida. Ela pegou minha filha pelos cabelos e estalou os dedos. Uma vassoura apareceu, ela montou nela com Rapunzel, e voou, quebrando o teto da igreja.”

                “Depois disso, todos voltamos ao normal, e corremos até a casa de Taylor. Mas quando chegamos lá, só encontramos uma cena terrível: os pais de Taylor estavam mortos. Decapitados, mais especificamente. E não havia nem uma única gota de sangue em seus corpos.”

                - Mas o quê?! – Niall arregalou os olhos.

                - Nós não sabemos até hoje porque ela fez isso com os próprios pais. – Disse o senhor.

                - Eu sei. – Liam falou, chamando a atenção de todos para si. – Eu li no livro. – Ele olhou para Niall e Zayn. – É um ritual de sangue. Você deve sacrificar sua família, pois sangue do seu sangue te deixa mais forte. Ela os matou para aumentar seus poderes.

                - Mas que horror! – Exclamou Niall. – Isso é um absurdo.

                O mesmo horror podia ser visto nas expressões de Zayn e do pobre taverneiro.

                Antes que alguém pudesse desviar o assunto mais uma vez, Liam pediu que o homem continuasse.

                “Nós não sabíamos onde Taylor estava. Mas tínhamos um palpite. Era óbvio que ela teria que receber suas lições de bruxaria em algum lugar que não fosse sua casa.”

                “Só havia um único lugar em que ela poderia ter se encontrado com Suzanna para aprender magia negra. E esse lugar era a torre dos antigos fundadores.”

                “Quando nosso vilarejo foi construído, os fundadores ergueram uma torre para vigilância. Mas Swift é tão afastado e tão envolto pela floresta, além de não sermos ricos e tals, que ela foi desativada ao longo dos anos. Taylor só poderia estar lá.”

                “Então corremos até a torre, levando conosco todas as armas de que dispúnhamos. Mas Taylor não estava para brincadeiras. Ela realmente estava lá e, quando nos viu, começou a nos asfixiar com o dedo, um por um, enquanto falhávamos em tentar subir a torre, que ela lacrara com magia, certamente.”

“Tentávamos acertá-la com flechas pela grande janela do alto da torre, mas ela as desviava e as fazia cair sobre inocentes. Nós perdemos. E, com a vitória dela, caiu sobre nós também uma maldição. Swift seria improdutivo como um deserto, sombrio como a escuridão e infeliz como a mulher não correspondida, até que a morte nos varresse para sempre. Nada mais nasce aqui, por isso não temos comida a não ser animais que caçamos na floresta. A água do poço secou e precisamos viajar por dez quilômetros até encontrar algo para beber. Não plantamos e não colhemos, pois o solo secou e se transformou em areia. E todas as nossas mulheres ficaram estéreis. Nem crianças nascem mais aqui.”

- Mas que coisa horrível! – Liam ficou chocado, especialmente com a parte das crianças.

- Por que vocês não fogem? – Niall perguntou.

- Por que ela nos acha. Nos mata. E nos joga na rua para que todos vejamos o que acontece com quem fica no caminho entre ela e sua vingança. Ela passou por aqui não faz muito tempo. Voou para leste. Por isso estamos escondidos. Nunca sabemos o que ela vai fazer. Só sairemos de casa quando ela retornar.

- E Rapunzel?

- Nunca mais a vi. Acho que ela está morta há muito tempo. – Uma lágrima saiu pelos olhos do taverneiro. – Sabe, às vezes eu penso que, se ela estivesse aqui, poderia quebrar o feitiço que envolve Julian, e a maldição de nossa aldeia. Eu tentei ir atrás dela várias vezes quando Taylor saía. Mas ninguém nunca me respondeu.

Liam, que estava segurando o mapa na mão, deixou-o cair de repente.

- E se eu disser... – Ele estava com o olhar de alguém que percebe que deixou passar algo. – Niall, me dê o espelho!

Niall estava com a trouxa e dela tirou o espelho de Gandalf, entregando-o a Liam.

- Mostre Gabriela e Natália. – Ele pediu.

A imagem das princesas se formou na superfície do objeto. Elas estavam ainda pior do que a última vez e comiam pequenos pedaços de pão. Mas Tália, de repente, pegou alguns pedaços, se levantando. O ambiente mostrado pelo espelho ficou maior, e Liam assistiu à princesa andar até um vulto numa parede, cujos pulsos estavam suspensos por pulseiras de ferro.

Ela delicadamente pôs os pedaços de pão na boca de uma mulher visivelmente mais velha que as duas, porém mais magra e mais pálida. Ao lado dos pés da moça havia uma corda... Não... Não era corda... Era cabelo! Liam sabia que não poderia ser uma corda quando reparara naquilo pela primeira vez. Mas ele não prestara tanta atenção àquele detalhe, pois estava mais preocupado era com sua princesa.

- Como foi que eu não a vi... – Ele murmurou.

- Quem? – Zayn.

- Senhor...

                - Joseph.

                - Senhor Joseph... Há quanto tempo isso aconteceu?  Digo, o incidente no casamento e a maldição?

                - Há cerca de dez anos.

                - E quantos anos tinha Rapunzel?

                - 16.

                - Como ela era?

                - Olhos verdes, cabelos castanhos na altura da cintura.

                Liam observou bem a mulher que Tália alimentava. Seus olhos estavam sem nenhum brilho, mas eram grandes e visivelmente verdes. O fazendeiro então fez alguns cálculos mentais. Em dez anos, o cabelo dela, que já era longo, com certeza já teria crescido o suficiente para... bater no chão.

                - Senhor... Acho que deveria ver isso.

                Aquela era, sem dúvida, Rapunzel.

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Oi, gente, tudo bem?

Bom, essa não era a parte emocionante a que eu me referira, mas o cap. estava ficando tão grande que eu tive que dividir, sorry L.

Mesmo assim, espero que tenham gostado J.

Continuo com seis comments.

Bjs