Capítulo 73 – O truque
A voz de Mulan voltou e o grito dela ressou por toda a
floresta.
A chinesa curvou-se sobre o corpo caído de Harry,
desesperada, sem ousar toca no pedaço de madeira que ainda pendia em suas
costas.
– Harry! – ela berrou. – Não! Não! Seu idiota! VOCÊ NÃO
PODE MORRER! AHHHHH! – o grito de dor ecoou pela floresta, fazendo alguns
pássaros levantarem voo das árvores ao redor.
Ela
ouviu a risada do estranho duende. De súbito, os olhos dela se inflamaram,
repletos de lágrimas, enquanto ela encarava a odiosa criatura.
–
Você! – ela urrou. – Você jogou o tronco nele!
–
Não, minha cara. – disse o duende. – Eu não joguei absolutamente nada nele.
Mulan
estava furiosa. O que aquele assassino estava dizendo?! Ele acabara de matar
Harry!
Exasperada,
Mulan se levantou e avançou contra a criatura, que permaneceu no mesmo lugar,
um sorriso debochado encurvando-lhe os lábios.
–
Parece que você está de olhos bem abertos agora, não? – ele riu.
–
Seu maldito, o que está diz...? – ela começou, mas foi interrompida por uma voz
à sua direita.
–
Mulan!
Em
um primeiro momento, o coração dela se encheu de um calor súbito, ao ouvir a
voz vívida e saudável de Harry. Instanstaneamente, e inadvertidamente, ela
olhou para a direita.
Harry
acabara de entrar na clareira, parando ao vê-la com a espada e ao duende mais à
frente.
–
Mulan! – ele disse novamente. – Você está bem?!
Os
olhos de Mulan se arregalaram enquanto seu rosto se virava para trás, onde...
Harry estava caído no chão.
O
duende deu uma gargalhada de deleite que ecoou por toda a extensão da floresta.
O
Harry que estava caído no chão subitamente começou a escurecer. Seus músculos
pareceram ficar também duros, pontiagudos e angulosos. Em questão de segundos,
a pele perdeu sua cor e maciez, dando lugar à visão de galhos de árvore
entrelaçados que, pouco a pouco, foram secando e apodrecendo.
A
gargalhada continuava, enquanto Mulan compreendia o que havia acontecido.
–
Não... – ela sussurrou, a mão deslizando involuntariamente para o punho de sua
espada.
Harry
não entendeu absolutamente nada.
–
O que está acontecendo?! – ele indagou, ao que a chinesa, com lágrimas nos
olhos, encarou-o e deu um lento passo em sua direção.
–
Harry... – a voz dela tremia, e ela parecia estar fazendo um grande esforço
para não andar. – Fuja.
Ele
franziu o cenho.
–
Senhoras e senhores... – falou o duende. – O espetáculo está para começar!
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–
Aqui, aqui, duende... – Niall falou, abaixando-se e fazendo um certo barulho
como que chamando a um gato. Em seguida, ele assobiou, estendendo a mão com
algumas moedas de ouro, a fim de atrair a criatura.
–
Eu não sou tonto, sabe? – falou, subitamente, o duende, fazendo cara de
entediado. – Por que será que todo mundo pensa isso quando me vê?
–
Você fala! – exasperou-se Liam.
O
duende revirou os olhos.
–
Pelas cores do arco-íris... – ele suspirou.
Niall
se aproximou dele.
–
Er... Olá, senhor duende. – ele disse timidamente. – Desculpe-me pela
ignorância. Acho que você deixou cair isto pelo caminho. – o ferreiro estendeu
as moedas de ouro ao duende.
–
Oh! – agora a expressão do duende era de surpresa. – Eu nem havia percebido.
Obrigado, rapaz. – ele sorriu, simpático, pegando o ouro de volta e levantando
seu pote a fim de ver a parte de baixo. – Ah, rachou de novo! Eu já disse para
o chefe trocar de material, esse é muito frágil.
–
Não é de ouro? – perguntou Niall, estranhando.
–
Tá brincando? – respondeu o duende. – Não se fazem mais potes de ouro há pelo
menos três mil anos. Depois da era da manufatura e de um duende chamado Denry Dword,
as coisas mudaram. Hoje, pra economizar, é tudo de porcelana com uma pintura
dourada por cima.
Niall
riu como uma criança.
–
Como ele é fofinho! – falou para Liam.
O
sorriso do duende se desfez. Por que todos o tratavam quase como um bichinho de
estimação fofo? Era maduro, tinha família e filhos, trabalhava para se
sustentar. Fofura era a última coisa que ele desejava aparentar.
Suspirando
de novo para evocar paciência, ele olhou para os dois rapazes à sua frente.
–
Bem, pelo protocolo, vocês agora têm direito a que eu realize um desejo de
vocês. E aí, o que vai ser? Posso sugerir as opções mais comuns: “riqueza
infinita”, “imortalidade”, ‘trazer
alguém dos mortos”, “comer sem engordar”, “ser a Kim Kardashian”, hmmm...
–
Você pode mesmo fazer todas essas coisas?! – perguntou Liam, admirado.
–
Não. – respondeu o duende. – Eu estava apenas brincando. Mas, sério, isso é o
que a maioria pede.
–
O que pode fazer por nós, então? – quis saber Niall.
–
Por que não me diz o que você quer, e eu vejo se posso ajudar? – sugeriu a
criaturinha.
Liam
e Niall trocaram um olhar e deram de ombros. Por que não?
Com
o pensamento em sintonia, os dois já sabiam o que pedir.
–
Gostaríamos que você curasse os olhos de nosso amigo. Ele acabou de ficar cego
após cair num espinheiro. – Liam proferiu.
O
duende balançou a cabeça, os olhos tristes.
–
Eu sinto muito, mas isso está além daquilo que posso oferecer. Não sou Deus,
nem Jesus Cristo.
Os
dois amigos subitamente ficaram cabisbaixos. Além de restabelecer a integridade
física e possivelmente psicológica de Zayn, o que mais eles poderiam querer?
Liam pensou então em algo que talvez pudesse ajudar Louis, Harry e Tay...
Sim!
Era isso! Lembrando-se de sua missão, Liam logo pediu:
–
Senhor duende, precisamos encontrar alguns de nossos amigos, mas nosso meio de
transporte foi destruído. – disse, referindo-se ao espelho quebrado ao refletir
a magia da bruxa Swift.
–
Hmmmm... – falou o duende. – Isso eu posso fazer. É bem simples, aliás.
– Ótimo! –
Liam sorriu, olhando para seu amigo.
– Só tem
apenas um problema... – Niall refletiu. – Não sabemos exatamente onde eles
estão agora. – ele virou-se para Liam. – O espelho nos mostraria o local, mas
sem ele ficamos sem nenhuma referência.
Liam ia
responder, mas o duende foi mais rápido.
– Isso não é
problema. – pontuou. – Posso levá-los a qualquer lugar, ou a alguém. Basta
pensar no ambiente ou na pessoa que deseja encontrar.
– Fantástico!
– Niall se alegrou.
– Muito bem,
muito bem, então. – continuou o duende. – Se já estiverem preparados, eu
preciso fazer um check-up em um lugar
bem distante daqui, e já estou começando a me atrasar. Vamos?
Liam e Niall
olharam um para o outro.
– Mas...
Zayn... – começou Niall.
– Não há
tempo. – Liam trouxe-lhe a razão. – Precisamos partir. Louis e os outros talvez
estejam precisando de nós.
– Mas...
– Ele não pode
nos ajudar agora, Niall. Ele precisa descansar e receber cuidados.
–
Você tem razão... – Niall abaixou o rosto.
Os
dois amigos respiraram pesadamente e se voltaram para o duende, que retribuiu o
olhar.
–
Preparados? – ele perguntou, sorrindo.
Liam
e Niall assentiram.
–
Ótimo. – ele falou, mexendo a mão.
Assim
que ele fez o gesto, a névoa espessa e esbranquiçada atrás da criatura se
espalhou, envolvendo os pés de Liam e Niall.
O duende que flutuava, planou até o arco-íris atrás de si e começou a
seguir a direção do fenômeno. Quando viu que não estava sendo seguido, virou-se
para os rapazes.
–
Vocês não vêm? – quis saber.
Os
dois amigos trocaram um olhar incrédulo.
–
Você está nos mandando subir num arco-íris? – Niall não conseguia conceber
aquela ideia.
–
E por onde você acha que vocês serão transportados até seus amigos? – o duende
arqueou uma sobrancelha.
Liam
estava embasbacado. Ele ficou ainda mais descrente quando pisou na base do arco-íris
e começou a subi-lo, como uma ponte de vidro colorido.
Olar,
ResponderExcluirpassando para dizer que eu queria que seu blog me mandasse uma notificação cada vez que tem uma postagem, pq eu tenho que ficar vindo aqui e ver e normalmente eu esqueço!
Adorei o cap, tenho certeza que a Mulan vai dar um jeito de driblar isso e vai acabar não matando o Harry.
s2