quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

Capítulo 73 – O truque

Capítulo 73 – O truque

A voz de Mulan voltou e o grito dela ressou por toda a floresta.
A chinesa curvou-se sobre o corpo caído de Harry, desesperada, sem ousar toca no pedaço de madeira que ainda pendia em suas costas.
– Harry! – ela berrou. – Não! Não! Seu idiota! VOCÊ NÃO PODE MORRER! AHHHHH! – o grito de dor ecoou pela floresta, fazendo alguns pássaros levantarem voo das árvores ao redor.
               Ela ouviu a risada do estranho duende. De súbito, os olhos dela se inflamaram, repletos de lágrimas, enquanto ela encarava a odiosa criatura.
               – Você! – ela urrou. – Você jogou o tronco nele!
               – Não, minha cara. – disse o duende. – Eu não joguei absolutamente nada nele.
               Mulan estava furiosa. O que aquele assassino estava dizendo?! Ele acabara de matar Harry!
               Exasperada, Mulan se levantou e avançou contra a criatura, que permaneceu no mesmo lugar, um sorriso debochado encurvando-lhe os lábios.
               – Parece que você está de olhos bem abertos agora, não? – ele riu.
               – Seu maldito, o que está diz...? – ela começou, mas foi interrompida por uma voz à sua direita.
               – Mulan!
               Em um primeiro momento, o coração dela se encheu de um calor súbito, ao ouvir a voz vívida e saudável de Harry. Instanstaneamente, e inadvertidamente, ela olhou para a direita.
               Harry acabara de entrar na clareira, parando ao vê-la com a espada e ao duende mais à frente.
               – Mulan! – ele disse novamente. – Você está bem?!
               Os olhos de Mulan se arregalaram enquanto seu rosto se virava para trás, onde... Harry estava caído no chão.
               O duende deu uma gargalhada de deleite que ecoou por toda a extensão da floresta.
               O Harry que estava caído no chão subitamente começou a escurecer. Seus músculos pareceram ficar também duros, pontiagudos e angulosos. Em questão de segundos, a pele perdeu sua cor e maciez, dando lugar à visão de galhos de árvore entrelaçados que, pouco a pouco, foram secando e apodrecendo.
               A gargalhada continuava, enquanto Mulan compreendia o que havia acontecido.
               – Não... – ela sussurrou, a mão deslizando involuntariamente para o punho de sua espada.
               Harry não entendeu absolutamente nada.
               – O que está acontecendo?! – ele indagou, ao que a chinesa, com lágrimas nos olhos, encarou-o e deu um lento passo em sua direção.
               – Harry... – a voz dela tremia, e ela parecia estar fazendo um grande esforço para não andar. – Fuja.
               Ele franziu o cenho.
               – Senhoras e senhores... – falou o duende. – O espetáculo está para começar!
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               – Aqui, aqui, duende... – Niall falou, abaixando-se e fazendo um certo barulho como que chamando a um gato. Em seguida, ele assobiou, estendendo a mão com algumas moedas de ouro, a fim de atrair a criatura.
               – Eu não sou tonto, sabe? – falou, subitamente, o duende, fazendo cara de entediado. – Por que será que todo mundo pensa isso quando me vê?
               – Você fala! – exasperou-se Liam.
               O duende revirou os olhos.
               – Pelas cores do arco-íris... – ele suspirou.
               Niall se aproximou dele.
               – Er... Olá, senhor duende. – ele disse timidamente. – Desculpe-me pela ignorância. Acho que você deixou cair isto pelo caminho. – o ferreiro estendeu as moedas de ouro ao duende.
               – Oh! – agora a expressão do duende era de surpresa. – Eu nem havia percebido. Obrigado, rapaz. – ele sorriu, simpático, pegando o ouro de volta e levantando seu pote a fim de ver a parte de baixo. – Ah, rachou de novo! Eu já disse para o chefe trocar de material, esse é muito frágil.
               – Não é de ouro? – perguntou Niall, estranhando.
               – Tá brincando? – respondeu o duende. – Não se fazem mais potes de ouro há pelo menos três mil anos. Depois da era da manufatura e de um duende chamado Denry Dword, as coisas mudaram. Hoje, pra economizar, é tudo de porcelana com uma pintura dourada por cima.
               Niall riu como uma criança.
               – Como ele é fofinho! – falou para Liam.
               O sorriso do duende se desfez. Por que todos o tratavam quase como um bichinho de estimação fofo? Era maduro, tinha família e filhos, trabalhava para se sustentar. Fofura era a última coisa que ele desejava aparentar.
               Suspirando de novo para evocar paciência, ele olhou para os dois rapazes à sua frente.
               – Bem, pelo protocolo, vocês agora têm direito a que eu realize um desejo de vocês. E aí, o que vai ser? Posso sugerir as opções mais comuns: “riqueza infinita”, “imortalidade”,  ‘trazer alguém dos mortos”, “comer sem engordar”, “ser a Kim Kardashian”, hmmm...
               – Você pode mesmo fazer todas essas coisas?! – perguntou Liam, admirado.
               – Não. – respondeu o duende. – Eu estava apenas brincando. Mas, sério, isso é o que a maioria pede.
               – O que pode fazer por nós, então? – quis saber Niall.
               – Por que não me diz o que você quer, e eu vejo se posso ajudar? – sugeriu a criaturinha.
               Liam e Niall trocaram um olhar e deram de ombros. Por que não?
               Com o pensamento em sintonia, os dois já sabiam o que pedir.
               – Gostaríamos que você curasse os olhos de nosso amigo. Ele acabou de ficar cego após cair num espinheiro. – Liam proferiu.
               O duende balançou a cabeça, os olhos tristes.
               – Eu sinto muito, mas isso está além daquilo que posso oferecer. Não sou Deus, nem Jesus Cristo.
               Os dois amigos subitamente ficaram cabisbaixos. Além de restabelecer a integridade física e possivelmente psicológica de Zayn, o que mais eles poderiam querer? Liam pensou então em algo que talvez pudesse ajudar Louis, Harry e Tay...
               Sim! Era isso! Lembrando-se de sua missão, Liam logo pediu:
               – Senhor duende, precisamos encontrar alguns de nossos amigos, mas nosso meio de transporte foi destruído. – disse, referindo-se ao espelho quebrado ao refletir a magia da bruxa Swift.
               – Hmmmm... – falou o duende. – Isso eu posso fazer. É bem simples, aliás.
– Ótimo! – Liam sorriu, olhando para seu amigo.
– Só tem apenas um problema... – Niall refletiu. – Não sabemos exatamente onde eles estão agora. – ele virou-se para Liam. – O espelho nos mostraria o local, mas sem ele ficamos sem nenhuma referência.
Liam ia responder, mas o duende foi mais rápido.
– Isso não é problema. – pontuou. – Posso levá-los a qualquer lugar, ou a alguém. Basta pensar no ambiente ou na pessoa que deseja encontrar.
– Fantástico! – Niall se alegrou.
– Muito bem, muito bem, então. – continuou o duende. – Se já estiverem preparados, eu preciso fazer um check-up em um lugar bem distante daqui, e já estou começando a me atrasar. Vamos?
Liam e Niall olharam um para o outro.
– Mas... Zayn... – começou Niall.
– Não há tempo. – Liam trouxe-lhe a razão. – Precisamos partir. Louis e os outros talvez estejam precisando de nós.
– Mas...
– Ele não pode nos ajudar agora, Niall. Ele precisa descansar e receber cuidados.
               – Você tem razão... – Niall abaixou o rosto.
               Os dois amigos respiraram pesadamente e se voltaram para o duende, que retribuiu o olhar.
               – Preparados? – ele perguntou, sorrindo.
               Liam e Niall assentiram.
               – Ótimo. – ele falou, mexendo a mão.
               Assim que ele fez o gesto, a névoa espessa e esbranquiçada atrás da criatura se espalhou, envolvendo os pés de Liam e Niall.  O duende que flutuava, planou até o arco-íris atrás de si e começou a seguir a direção do fenômeno. Quando viu que não estava sendo seguido, virou-se para os rapazes.
               – Vocês não vêm? – quis saber.
               Os dois amigos trocaram um olhar incrédulo.
               – Você está nos mandando subir num arco-íris? – Niall não conseguia conceber aquela ideia.
               – E por onde você acha que vocês serão transportados até seus amigos? – o duende arqueou uma sobrancelha.

               Liam estava embasbacado. Ele ficou ainda mais descrente quando pisou na base do arco-íris e começou a subi-lo, como uma ponte de vidro colorido.

Um comentário:

  1. Olar,
    passando para dizer que eu queria que seu blog me mandasse uma notificação cada vez que tem uma postagem, pq eu tenho que ficar vindo aqui e ver e normalmente eu esqueço!
    Adorei o cap, tenho certeza que a Mulan vai dar um jeito de driblar isso e vai acabar não matando o Harry.
    s2

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