sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Capítulo 74 - Tragédia

Capítulo 74 - Tragédia

A habilidade e agilidade de Mulan eram inquestionáveis. A chinesa deu uma estocada que deixou de acertar Harry por questão de centímetros. O pobre rapaz, atordoado, não apenas estava em desespero devido à luta, como também por seu coração partido. Ele não entendia o que estava acontecendo.
— Mulan!  — Ele se exasperou. —Por favor, pare! — Havia lágrimas nos olhos dele.
Mulan, por sua vez, deu uma nova investida, que passou ainda mais perto de Harry do que a anterior.
Por sorte, ele se esquivara para o lado direito no segundo anterior.
O duende parecia mais deliciado do que nunca, assistindo à batalha que se desenrolava diante de seus olhos. De forma bastante psicopata, ele cantarolava uma divertida canção enquanto os dois pombinhos batalhavam.
— Mulan! Por favor! Você precisa vencer esse encantamento! Eu sei que você é mais forte do que isso! — bradou Harry, abaixando-se enquanto a espada de Mulan ficava cravada em uma árvore.
Os pensamentos de Mulan estavam a mil. Ela não conseguia controlar o corpo, e sua mente parecia também cada vez mais entorpecida.
Um momento depois, ela olhava para um estranho. Um estranho que deveria ser eliminado.
A chinesa retomou o ataque com força redobrada. Dessa vez, Harry pôde ver toda a raiva irracional contida nos olhos escuros dela. Ele soube, então, que seu fim estava próximo.
Mulan era a espadachim mais excepcional com quem Harry já se deparara. Ele, por sua vez, não passava de um mero aspirante a cavaleiro. Como parecia tolice, naquele momento, pensar em guerrear para salvar donzelas e reinos de ameaças maléficas. Uma burrice sem precedentes, em especial para alguém sem talento como ele.
Harry assistiu amargurado a espada de Mulan acertar-lhe o ombro. O impacto foi monstruoso, e a espada dele tombou ao chão, manchada pelo sangue do talho profundo aberto em sua carne.
Ele pulou para trás para fugir de um golpe certeiro que arrancaria seu pescoço, nada mais fazendo do que adiar seu fim por apenas alguns segundos, uma vez que a dor de bambear os pés o fizeram cair.
Ele olhou para o primeiro amor que tivera em toda sua vida e fechou os olhos, aguardando pelo golpe final.
Harry sentiu um frio intenso que imaginou ser a morte o envolvendo. Ele esperou por qualquer coisa que imaginasse ser sua chamada para o mundo dos mortos, como uma dor lancinante, uma luz, sua vida passando diante dos seus olhos ou uma calma desproporcional e inabalável.
Contudo, apenas continuou sentindo a dor no ombro, o medo e desespero em seu âmago, e a tristeza em seu coração.
E um frio de congelar os ossos.
Harry abriu os olhos e os arregalou imediatamente depois. Mulan estava diante dele, a espada erguida no alto, congelada. Na realidade, o gelo descia pela espada d envolvia os braços e pés de Mulan, que se debatia em desespero.
Ele olhou para o alto a tempo de ver uma grande criatura descendo na direção da clareira, carregando em seu lombo Jack Frost, Louis e Taylor. Harry já ouvira Liam tagarelar sobre aquela criatura. Era um hipogrifo, do qual Frost lançara uma magia que congelada Mulan em sua posição atual.
O duende, furioso, inflamou-se de fúria.
— Não! — os olhos dele flamejaram.
Rapidamente, um raio saiu da mão dele, envolvendo a clareira em chamas azuis, antes que o grifo pudesse pousar. A criatura foi obrigada a levantar vôo e se afastar, impedindo a chegada da ajuda de Taylor, Louis e Frost.
Jack tentou lançar alguns feixes de raio gelado, mas o fogo era tão quente que, ao se aproximar, a magia se dissolvia.
O hipogrifo viajou para o alto alguns metros, pousando um pouco além da clareira.
— É muito quente. — declarou Jack ao pousar. — Não vamos conseguir atravessar.
— O que podemos fazer? — indagou Taylor.
— Temos de tentar atraí-lo para fora. O duende. Se conseguirmos distraí-Lo ou machucá-lo, talvez o fogo se apague, e aí poderemos ajudar Harry! — Louis proferiu.
— E como podemos fazer isso? — Taylor não conseguia pensar em nenhuma maneira de fazer aquilo.
— Não há nada que vocês possam fazer quanto ao poder dele. — uma voz desconhecida se elevou por trás de todos.
Louis se virou para encarar um outro duende, bastante diferente daquele que vira na clareira, descendo por um... Arco-íris!
Como se não bastasse aquela surpresa, logo atrás dele vinham Liam e Niall. Eles correram até os amigos assim que pisaram no chão, depois de descer de uma nuvem fofa ao fim das sete cores que compunham o arco.
— Louis! Taylor! — exclamou Niall.
— O que está acontecendo? — Liam perguntou. — Vimos vocês de cima do arco-íris. E Harry e Mulan, por que estão lutando?! E quem é você? — perguntou o fazendeiro, dirigindo-se a Jack Frost.
— Não temos tempo para apresentações! — Louis disparou. — Você! — ele virou-se para o duende que acompanhava Niall e Liam. — Você conhece aquela criatura na clareira?!
— É claro que sim! — o duende confirmou. — Mas não ouso proferir o nome dele! Se ele descobrir que eu sei como ele se chama, estarei morto!
Louis olhou para seus colegas, depois novamente para o duende.
— Você acha que isso o deixaria furioso?! — perguntou o cavaleiro.
— Eu não acho, eu tenho certeza!
Louis estreitou os olhos.
..............................................
O fogo rapidamente começou a derreter o gelo em torno da espada, braços e pés de Mulan. O duende dia deliciado com o fim que se aproximava para Harry.
"Harry Styles", ele se lembrou das palavras da adivinha, antes que ele a matasse pelo ódio a sua previsão, e por ela ter adivinhado seu nome. "Diante desse nome, você irá perecer. Será o seu fim, Rum..."
"pelstiltskin.", uma outra voz pronunciou, muito mais perto de Rumple do que ele gostaria.
O duende virou os olhos, tentando enxergar além do fogo. Era de lá que o som viera. As labaredas, no entanto, estavam altas e densas demais para que ele visse alguma coisa.
Rumple olhou para Harry ferido ao chão, e para o gelo derretendo rapidamente ao redor de Mulan. Certo de que o fogo manteria os dois ali, e de que Harry não tentaria atacar a chinesa, o duende atravessou o fogo a fim de encontrar aquele que pronunciara seu nome.
Harry, ferido, a visão um pouco turva devido à dor do ferimento, reuniu todas as suas forças para se erguer do chão.
Ele olhou ao redor, para o fogo, mas não pretendia fugir.
– Mulan... – ele se aproximou dela, delicadamente envolvendo as bochechas de Mulan com as mãos.
O gelo em torno dos braços dela ainda não derretera completamente. Mulan conseguia se mexer, contudo, embora muito pouco. Ela desviou o olhar de Harry, lutando para abaixar a espada na direção dele, sem sucesso.
– Mulan... – os olhos dele se encharcaram. – Por favor... Você não pode se esquecer de mim. Você não me odeia.
Ela ainda continuava se mexendo, a raiva evidente em seu rosto. Ela fechou os olhos e começou a forçar o corpo com mais intensidade. O gelo derretendo sobre a cabeça dela começou a molhar o rosto de Harry.
– Olhe para mim... – ele pediu delicadamente. Como ela não mudou de expressão, a voz dele saiu desesperada. – Por favor, olhe para mim!
Mulan o encarou, os olhos escuros exalando ódio.
O coração de Harry quase ficou totalmente partido.
– Eu sei que essa não é você. – ele falou, se prolongando. O terreno ficava cada vez mais perigoso à medida que o calor escaldante ia derretendo o gelo. – É um feitiço. E eu posso ser um grande idiota, mas se existe uma certeza que eu tenho nessa vida, é que eu amo você, Mulan, e nada pode mudar isso. E eu sei, sei mesmo, que bem lá no fundo, você... Você também me ama.
A expressão dela pareceu vacilar por alguns poucos milésimos de segundos, tempo curto demais para qualquer pessoa desinteressada reparar em uma hesitação. Harry, no entanto, estava apaixonado.
E aquilo foi o suficiente para ele ter certeza.
Dando um sorriso que mesclava esperança e felicidade, Harry beijou Mulan, no exato instante em que os braços dela conseguiram ter mobilidade novamente.
Uma grande energia, tendo como epicentro o casal, se espalhou pelos lados, apagando o fogo de Rumple e se estendendo quilômetros floresta adentro.
As pernas de Mulan bambearam e ela caiu. Harry, colado junto dela, impediu-a de atingir o chão. Quando eles se encararam, ele mostrou o sorriso mais bonito que Mulan jamais vira.
– Seus olhos... – ele falou. – Eles voltaram. – uma lágrima saiu dos olhos dele. – Você voltou pra mim.
Os olhos de Mulan também se encheram de lágrimas. Harry imaginou que ela fosse pedir desculpas, ou perguntar se ele estava bem, ou mesmo se levantar e retornar para a batalha, o que combinava bastante com a personalidade dela. No entanto, a reação de Mulan pegou-o de surpresa:
– Eu te amo, Harry. – ela disse, evidentemente emocionada.
Os dois se abraçaram, e aquele breve segundo, para os amantes, pareceu durar uma eternidade. Mais uma vez, a maior das magias brancas reinava sobre as trevas.
Uma vez afastados, Mulan olhou calorosamente para Harry por apenas mais outro segundo antes de desviar a atenção.
Ela estava de volta, e não deixaria barato para a criatura que quase a fizera matar seu verdadeiro amor.
As sobrancelhas de Mulan se uniram enquanto ela se levantava, as mãos dadas com Harry. Olhando ao redor, ela identificou, alguns metros à frente, uma espécie de batalha acontecendo: Fogo e gelo se encontravam constantemente, e Louis, Liam, Niall e Taylor corriam para todos os lados, escondendo-se atrás das árvores.
Então os olhos da chinesa identificaram a figura do duende.
E ela caminhou naquela direção.
...................................................................................................................................
Rumple investiu outra vez mais contra os rapazes. Uma bola de fogo cortou o ar na direção de Niall, que apenas não foi acertado devido à velocidade de Jack Frost ao formar uma barreira gelada à frente do ferreiro.
Niall respirou aliviado quando a bola atingiu a parede de gelo e, embora esta tivesse derretido em seguida, ao menos também fizera com que a bola se desintegrasse.
Rumple estava farto de Jack Frost. O astuto guardião movia-se rapidamente, montado em seu grifo. Ele precisava se livrar daquele inconveniente, e depressa.
O maligno duende saltou para os céus. Jack logo foi atrás dele, o grifo voando para além das copas das árvores. Era a chance de detê-lo em um espaço mais aberto.
No alto, contudo, ele não encontrou ninguém. Quando olhou para baixo, Jack enxergou o duende sorrindo para ele. Em seguida, um vulto passou pela lateral de seu rosto, fazendo um corte em sua bochecha esquerda.
Jack se virou a tempo de ver uma série de galhos no formato do corpo de Rumpelstiltskin investirem contra ele mais uma vez. Desprevenido, no entanto, ele não conseguiu desviar totalmente a tempo, de forma que seu grifo foi atingido na asa esquerda e, soltando um guincho de dor, começou a perder altitude.
Jack tentou se soltar do grifo, mas um cipó enrolado em um dos galhos encantados enrolou-se entre ele e o apoio da cela do hipogrifo, de forma que o guardião ficou completamente preso.
Caindo inevitavelmente, Jack construiu um escorregador de gelo para amenizar a descida. Rumple, no entanto, que jogava bolas de fogo em Taylor, Louis e Liam, não perdeu tempo e derreteu o escorregador enquanto Jack e o grifo ainda estavam na metade do trajeto até o chão.
O resultado foi que o grifo caiu sobre Jack, quebrando uma das pernas do guardião e imobilizando-o.
O grito de Frost eoou pelas florestas até as montanhas, onde Elsa enregelou ao escutá-lo. Dentro da fortaleza, o eco também chegou aos ouvidos de Gandalf, que acordou assustado.
               Niall correu até Jack, na tentativa de livrá-lo do peso do grifo desacordado. No meio do caminho, contudo, ele tropeçou, os pés enroscados – não, segurados – por plantas.
Ele olhou na direção de Rumpelstiltskin, que o olhava ferozmente, o sorriso maldoso.
O duende preparou uma bola de fogo e jogou-a no ferreiro.
– NÃO! – gritaram Liam e Louis em uníssono.
Niall tapou os olhos com uma mão, a outra estendendo-se de forma inútil a fim de se proteger do fogo que iminentemente o atingiria.
Ou talvez nem tão iminentemente assim.
Um sopro poderoso de uma força desconhecida varreu a floresta, apagando a bola de fogo lançada por Rumple.
Tomado pela fúria, ele ignorou a origem da força desconhecida e voltou a atacar Niall. No entanto, a breve distração havia sido suficiente para que Louis pudesse chegar até o amigo.
Com um golpe de sua espada, ele desviou a bola para o lado. A lâmina da arma ardeu ao contato do fogo, adquirindo um tom avermelhado.
Rumple rugiu, fuzilando Louis com o olhar. A julgar pela expressão do rapaz, ele devia ser uma espécie de líder. Talvez fosse melhor eliminá-lo primeiro.
Ele jogou mais três bolas de fogo, todas desviadas rapidamente por Louis. Ele era ágil e habilidoso, observou Rumple. Precisaria haver um ataque mais elaborado para pegá-lo desprevenido.
Um barulho à esquerda do duende chamou a atenção da criatura. Ele se virou rapidamente para ver Taylor tentar abordá-lo num golpe surpresa. Com um leve movimento de sua mão, o príncipe foi lançado pelos ares, parando ao bater em uma árvore metros à frente.
À direita de Rumpelstiltskin, Liam jogou pedrinhas na cabeça do duende que, irritado, fez com que uma grande pedra se erguesse e começasse a perseguir o fazendeiro, que saiu correndo, atordoado.
Rumple riu, voltando-se para Louis enquanto este estava tentando cortar os cipós que envolviam os pés de Niall.
– Esse é o melhor que você e sua trupe de idiotas conseguem fazer? – ele gargalhava, a expressão de um louco em deleite. – Idiotas! Eu não sei como vocês descobriram o meu nome, mas eu vou acabar com essa brincadeira toda rapidinho! – ele exclamou, preparando uma bola de fogo maior e mais quente que todas as outras. – Adeus, meu jove...
Rumple não conseguiu terminar a frase. Ele sentiu uma forte dor no peito e, ao olhar para baixo, observou com espanto o pedaço de lâmina que atravessava seu corpo de um lado a outro.
A lâmina foi puxada, provocando uma dor lancinante dez vezes pior do que a anterior.
Rumpelstiltskin levou a mão ao buraco em seu peito, virando-se lentamente para trás, os olhos arregalados.
Primeiro ele viu a espada encharcada com seu próprio sangue. Depois, ele viu sua agressora.
Mulan.
Atrás dela, a aproximadamente dez metros de distância, Harry o observava, a pele vermelha pelo calor a que ficara submetido. Os olhos do rapaz exalavam uma frieza que jamais haviam transmitido anteriormente em toda sua vida.
Rumple, no entanto, não se demorou muito em Harry, fixado seu olhar na chinesa que fora responsável pelo golpe fatal.
– Não... – ele balbuciou, seus joelhos dobrando-se e fazendo com que ele caísse no chão.
Nada estava claro para Rumpelstiltskin. A profecia da vidente não poderia estar se concretizando, poderia? Afinal, não fora Harry que acabara de golpeá-lo.
– Isso foi por Harry. – disse Mulan, a expressão sombria.
Em um movimento rápido, ela cortou a cabeça do maligno duende, a qual rolou para o lado antes de o corpo de Rumple se estatelar no chão.
Ao tentar se esquivar de seu destino, Rumpelstiltskin o escrevera de acordo com a profecia da adivinha.

Trágico.

Um comentário: